A exportação de carne in natura predominantemente é realizada via marítima e representa 99,2% no volume total das exportações, já a via rodoviária e aérea representam, 0,7% e 0,1% respectivamente. Por isso as exportações marítimas merecem tanto destaque. O porto de Santos que é principal porto brasileiro foi o responsável por 80% da exportações (709.762 toneladas) de carne in natura em 2009.
A exportação de carne bovina in natura predominantemente é realizada via marítima e representa 99,2% no volume total das exportações, já a via rodoviária e aérea representam, 0,7% e 0,1% respectivamente. Por isso as exportações marítimas merecem tanto destaque. O porto de Santos que é principal porto brasileiro foi o responsável por 80% da exportações (709.762 toneladas) de carne in natura em 2009.
Gráfico 1. Exportação de carne bovina in natura, em toneladas, nos principais portos brasileiros (2009)
José Roberto Correia Serra, presidente-diretor da CODESP (Companhia Docas do Estado de São Paulo Santos) afirma que 2009 foi “um ano extremamente produtivo” para o Porto de Santos. O porto tem como característica grande diversidade nos produtos exportados, isso garantiu que o porto não tivesse um desempenho tão crítico, mesmo em um ano de crise global como foi 2009, pois alguns setores como a exportação de commodities agrícolas tiveram um bom desempenho e compensaram as quedas mais acentuadas como o de produtos industrializados. A carne bovina in natura, em Santos teve queda de 13% nas exportações em volume, de 2008 para 2009 e a carne industrializada queda de 15%, conforme dados do MDIC.
Mesmo com a queda das exportações brasileiras em 2009, devido a crise econômica global, vale destacar o desempenho dos portos do Paraná que tiveram em 2009 exportação superior em relação ao ano anterior. Segundo a SECEX (Secretaria de Comércio Exterior), do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, os Portos de Paranaguá e Antonina aumentaram em 97% suas atividades, o que representou um incremento nas exportações de carne bovina in natura em US$ 132 milhões e de US$ 14 milhões, respectivamente.
O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira Souza afirmou que os portos paranaenses superaram outros portos com posição privilegiada e hoje Paranaguá e Antonina são os primeiros no ranking brasileiro das operações de carnes congeladas. Um fator que alavancou esse crescimento foi a melhora da infra-estrutura marítima. “Isso possibilitou os navios saírem com carga plena, reduzindo o frete e tornando a operação Paranaguá, novamente a mais competitiva do Brasil em termos de custo operacional”, afirmou o superintendente.
Gráfico 2. Exportação de carne bovina in natura nos portos do Paraná
Já os três principais portos de Santa Catarina não conseguiram manter os níveis de exportação de 2008, e em 2009 apresentaram queda no volume e na receita de exportação de carne. Um projeto operacional para aumento da profundidade do complexo portuário, com o intuito de aumentar a carga dos navios está previso para o porto de São Francisco do Sul e a seguir para os de Itajaí e Imbituba. Com essas obras pretende-se melhorar e aumentar as exportações catarinenses.
Tabela 1. Exportação de carne bovinain natura em portos de Santa Catarina
Falando sobre a infra-estrutura dos portos brasileiros Luiz Antonio Fayet, consultor técnico da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), demonstra forte preocupação com essa situação. “Essa é uma questão que não se resolve em 24h. Nem se coloca em operação, paulatinamente, como é o caso da rodovia que, a cada metro que eu construo, eu posso transitar. O porto é diferente. Estamos vivendo um ´apagão portuário´ para produtos do agronegócio”. Fayet observa que se os portos de São Luiz (MA) e Porto Velho (RO) estivessem em condições de operação, os portos de Santos (SP), maior exportador brasileiro de carne, e Paranaguá (PR), não estariam com intenso fluxo de exportação, e o resultado das exportações seria melhor, nem encareceria o custo logístico do agronegócio.
De acordo com um estudo do Ipea de outubro do ano passado, 11 dos maiores portos do país precisam de dragagem, obras para aprofundamento de canais, entre eles, Santos, Paranaguá, Itajaí, Rio Grande e Rio de Janeiro, que correspondem juntos a um fluxo de exportação de mais de U$160 bilhões, quase toda exportação portuária brasileira.
Comparando o levantamento realizado pelo Ipea com as obras do PAC/Portos (Programa de Aceleração do Crescimento, do Governo Federal para os Portos Brasileiros), o Ipea mostra que os investimentos do programa atendem a apenas 19,2% das 265 obras avaliadas como necessárias para resolver os quatro gargalos e demandas do setor: construção, ampliação e recuperação de portos; acessos terrestres; e dragagem. De acordo com a avaliação do técnico em planejamento e pesquisa do Ipea, Bolívar Pêgo, “não se pode tirar o mérito do PAC, mas precisa haver mais recursos, com horizonte de 10 a 15 anos de investimentos.
Exportação de gado em pé
A exportação de bovinos vivos, mesmo que ainda inexpressiva frente a exportação de carne bovina, vem ganhando força nos últimos anos. Consultando as estatísticas do MDIC é possível observar que a exportação de animais vivos se intensificou em 2005, onde novos portos aparecem na estatística exportando esse tipo de mercadoria, como por exemplo, o Porto de Belém (PA) e o Porto do Rio Grande (RS).
Os portos do Pará que possuem uma localização estratégica, próxima a Venezuela, que é a maior compradora de bois em pé, estão se beneficiando pelo aumento da demanda desses animais e se tornaram os principais portos nos país a na exportação de bovinos em pé.
Gráfico 3. Exportação de Bovinos Vivos (US$)
A exportação desses animais no Porto de Belém causou problemas na Estação das Docas em Belém, que é um dos principais pontos turísticos da cidade, o mau cheiro da urina e das fezes dos bovinos embarcados ali estavam influenciando o fluxo turístico às Docas. Em Dezembro de 2006 o promotor de justiça de Defesa do Meio Ambiente e Patrimônio Cultural de Belém, Benedito Wilson de Sá, apresentou um pedido de interrupção das atividades de exportação no porto à Companhia das Docas do Pará – empresa responsável pelos acordos comerciais – e à prefeitura do município.
No acordo, eles ficariam encarregados de encontrar outro local mais apropriado para o embarque dos animais vivos, como o porto de Vila do Conde no município de Bacarena, a 40 quilômetros de Belém. Atualmente está proibido o embarque de bovinos vivos em Belém por questões ambientais e sanitárias.
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Excelente o artigo da Maria Carolina que trata dos principais gargalos do agronegócio brasileiro. Ele faz uma excelente abordagem sobre as questões estruturais, mas tb sugiro para um próximo artigo abordar sobre as questões burocráticas que atingem os protos brasileiros. Aqui na Bahia perdemos competitividade com outros portos por causa desta variável. Parabéns Maria Carolina.