Boi gordo: demanda interna aquece e indica leve recuperação dos preços
7 de outubro de 2025

Exportações de carne bovina da Austrália a caminho de recorde anual, com embarques de setembro superando 139 mil toneladas

As exportações de carne bovina australiana estão agora bem próximas de atingir volumes recordes para o ano civil de 2025, impulsionadas por uma forte demanda dos Estados Unidos, onde a produção doméstica caiu drasticamente, já que o rebanho norte-americano atingiu o menor nível em 70 anos devido à seca.

O impacto também é sentido em outros países onde os EUA e a Austrália tradicionalmente competem pela fatia do mercado importador de carne bovina, incluindo China, Japão e Coreia do Sul.

De acordo com dados mensais divulgados pelo Departamento de Agricultura, Pesca e Florestas (DAFF), o total de exportações de carne bovina e vitela da Austrália em setembro alcançou 139.012 toneladas.

O volume foi 3.400 t (2,5%) maior que o de agosto, embora ainda abaixo do recorde anterior registrado em julho, quando as exportações ultrapassaram 150 mil toneladas.

No relatório semestral de projeções da indústria de gado, o Meat & Livestock Australia (MLA) previu que as exportações de carne bovina em 2025 alcancem 1,5 milhão de toneladas, já que a Austrália continua se beneficiando de restrições globais de oferta, causadas pela queda na produção e pelos impactos tarifários em mercados concorrentes, como Estados Unidos e Brasil.

Com isso, o abate de bovinos deve crescer 8,6% neste ano, totalizando 9,02 milhões de cabeças, impulsionado por uma oferta robusta e capacidade de processamento ampliada.

Com o rebanho totalmente recomposto após quatro safras boas a excelentes em muitas regiões, Queensland tornou-se o grande centro de abastecimento dos frigoríficos no leste e sul da Austrália nos últimos seis meses.

Com os EUA entrando em fase de reconstrução do rebanho e o Brasil enfrentando retração após forte abate e seca, além de tarifas proibitivas sobre suas exportações para os EUA, a Austrália se encontra em posição privilegiada para atender à crescente demanda internacional nos próximos um ou dois anos.

Para contextualizar o desempenho dos últimos meses: nunca antes de outubro do ano passado as exportações australianas haviam ultrapassado 130 mil toneladas, mas isso ocorreu nos últimos cinco meses consecutivos.

Os embarques de setembro foram 25 mil toneladas (22%) superiores aos de setembro de 2024.

Boom nas exportações de carne de confinamento

As exportações de carne bovina de gado confinado (grainfed) seguiram a mesma tendência, totalizando 39.888 toneladas em setembro — 29% do total exportado, um aumento de 2,5% em relação a agosto e 29% a mais que no mesmo mês do ano anterior.

No acumulado do ano até 30 de setembro, as exportações de carne bovina australiana para todos os mercados chegaram a 1,127 milhão de toneladas, um aumento expressivo de 160 mil toneladas (16,5%) em relação aos mesmos nove meses de 2024 — número ainda mais notável considerando os atrasos na produção e na logística provocados por enchentes e ciclones no início do ano.

O recorde anual anterior, de 1,34 milhão de toneladas (2024), será inevitavelmente superado em 2025, a menos que ocorra uma grande catástrofe, como ciclones ou surtos de doenças. Mantendo o ritmo atual de produção, é altamente provável que 2025 estabeleça um novo recorde, ultrapassando 1,5 milhão de toneladas.

Os fatores por trás do boom

O recente salto nas exportações é resultado de uma combinação de fatores favoráveis:

  • Menor rebanho em 70 anos nos EUA, impulsionando a demanda por carne australiana tanto no próprio mercado americano quanto em outros países onde os dois competem.
  • Tarifas adicionais impostas por Trump a exportadores como o Brasil, tornando a carne brasileira praticamente inviável no mercado americano, com um acréscimo tarifário de 50% sobre a taxa existente de 24,6%.
  • Restrições de acesso à China para alguns exportadores, especialmente dos EUA, onde mais de 400 frigoríficos americanos seguem sem licença de exportação após longos atrasos.
  • Demanda global resiliente por carne bovina: mesmo com o aumento dos preços no atacado e varejo, o consumo nos EUA e na Austrália subiu levemente em relação ao ano passado.

Um ponto notável é que o ritmo recorde atual está sendo atingido com um número bem menor de animais abatidos do que na última vez em que os recordes foram quebrados (2014–2015), durante a liquidação de rebanhos pela seca. Maior peso de carcaça e mais confinamento estão compensando a diferença.

Todos os principais mercados em alta

O atual recorde de exportações não depende de um único cliente, mas de crescimento consistente nos quatro maiores compradores — EUA, Japão, Coreia do Sul e China —, além de avanços em mercados menores, como Indonésia e Canadá.

  • Estados Unidos: continuam liderando as compras, com 42.918 toneladas em setembro, alta de 5,3% sobre agosto e 15% (5.700 t) acima de setembro de 2024.
    • No acumulado do ano, as exportações somam 328.793 toneladas, 21% a mais que no mesmo período de 2024, refletindo a baixa produção interna dos EUA.
  • Japão: retomou a segunda posição, com 22.759 toneladas, um aumento de 17% em relação a agosto e 33% acima do mesmo mês de 2024. No ano, o total exportado é de 182.986 toneladas, ainda 14 mil t abaixo do ano passado.
  • Coreia do Sul: ficou em terceiro lugar, com 21.247 toneladas, ligeiramente abaixo do mês anterior, mas 34% (5.400 t) acima de setembro de 2024. No acumulado, 165.138 toneladas, alta de 15%.
  • China: também mostrou forte crescimento, com 20.741 toneladas em setembro, 7% abaixo de agosto, mas 28% (4.580 t) acima de setembro de 2024. No acumulado do ano, 203.248 toneladas, 48% a mais que no mesmo período anterior.
  • Hong Kong, que antes era um ponto de entrada importante para o sul da China, perdeu relevância — apenas 579 t em setembro e 24.800 t no ano.
  • Indonésia: importou 6.728 toneladas, alta de 13% sobre agosto, mas ainda 1.780 t abaixo de setembro de 2024, quando o comércio estava excepcionalmente aquecido. No acumulado: 48.536 t, contra 57.468 t no ano anterior.
  • Canadá: manteve forte ritmo de crescimento, com 5.745 toneladas em setembro, comparado a 3.186 t no mesmo mês de 2024. No acumulado, 36.131 t, um aumento de 75% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Fonte: Beef Central, traduzida e adaptada pela Equipe BeefPoint.

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