As exportações de carne bovina devem apresentar queda em maio frente a igual mês de 2002, devido ao recuo do dólar para um patamar próximo dos R$ 3, prevêem exportadores. No primeiro trimestre, os embarques brasileiros de carne superaram em mais de 60% os registrados em igual período de 2002.
“As exportações de carne bovina devem cair em maio, refletindo principalmente a desvalorização do dólar, que tirou a competitividade do nosso produto”, afirmou o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Edivar Vilela de Queiroz.
O dólar, porém, não seria o único culpado por uma possível queda. Os pecuaristas, mesmo no período de pico de safra, estão relutando em vender o boi gordo aos preços pedidos pelos frigoríficos, segundo a indústria. “A combinação entre preço alto da arroba e dólar desvalorizado acabou tirando a competitividade da carne brasileira”, ressaltou Queiroz.
O setor vislumbra que seria necessária uma queda superior a 10% nas cotações, para 50 reais a arroba, e ainda um aumento de 5% nos preços recebidos pela carne exportada para viabilizar um crescimento das exportações.
De acordo com a Scot Consultoria, o preço da arroba do boi em São Paulo se mantém entre R$ 57 e R$ 56 há mais de 30 dias. Segundo o analista Fabiano Tito Rosa, alguns dos grandes frigoríficos brasileiros abriram a quinta-feira (24) com ordens de compra de R$ 55 a arroba, porém sem sucesso.
“Com o dólar em baixa, aumentou muito a pressão da indústria para enfraquecer o preço da arroba, mas o pecuarista continua mantendo o boi no pasto e, conseqüentemente, a cotação estabilizada”, afirmou Rosa.
Para o analista da FNP Consultoria, Vicente Ferraz, os exportadores brasileiros também devem estar preocupados com a ascensão de países concorrentes do Mercosul, sobretudo a Argentina, que ressurge como grande exportadora de carne após ficar praticamente fora do mercado mundial em função dos registros de focos da doença de febre aftosa em seu rebanho. “Os exportadores argentinos começam a recuperar o mercado perdido”, disse Ferraz. “Com a baixa do dólar, o Brasil passou a ter a arroba mais cara do Mercosul”, completou.
Fonte: Diário de Cuiabá/MT, adaptado por Equipe BeefPoint