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Exportações de carne bovina devem crescer 20% em 2004

As exportações de carne bovina brasileira renderam ao Brasil US$ 142 milhões em janeiro deste ano, um crescimento de 42,6% na comparação com os US$ 99,6 milhões obtidos pelo setor em igual mês do ano passado. A ampliação do faturamento é reflexo da recuperação dos preços internacionais e também do aumento do volume exportado.

Em janeiro deste ano, o valor médio pago pela carne bovina in natura brasileira foi de US$ 2.015 por tonelada em equivalente-carcaça, frente US$ 1.548, em janeiro de 2003, uma recuperação de 30%.

A carne industrializada foi negociada pelo valor médio de US$ 2.128 por tonelada no mês passado, frente US$ 1.890 em janeiro de 2003, elevação de 12,6%. O volume de exportação de carne industrializada cresceu 20%, atingindo 15 mil toneladas, e o de carne in natura 11%, somando 54,7 mil toneladas.

O presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, considera que as exportações brasileiras de carne bovina podem crescer 20% em 2004 em relação ao ano passado, quando o País foi o principal exportador mundial, com vendas de 1,3 milhão de toneladas de carne bovina, o que gerou faturamento de US$ 1,5 bilhão.

A tendência de aumento das exportações considera a combinação de fatores que incluem a recuperação dos preços internacionais, a ampliação de vendas para tradicionais compradores de carne do Brasil e a conquista de novos mercados.

No cenário interno, há tendência de aumento de consumo de carne bovina, como reflexo do crescimento da economia projetado pelo Governo Federal. No cenário internacional, verifica-se uma recuperação do consumo de carne bovina em mercados estratégicos como Japão e Europa, o que deve alavancar as vendas brasileiras, uma vez que tradicionais exportadores enfrentam problemas para atender a demanda.

A Austrália, lembra Nogueira, reduziu a oferta depois de ter enfrentado forte seca. Ao mesmo tempo, crises como as da doença da “vaca louca” nos Estados Unidos e da gripe aviária na Ásia e nos Estados Unidos deverão provocar mudanças nos hábitos alimentares, provocando maior procura por outros tipos de proteína animal.

Além disso, o Brasil é tido como o principal produtor mundial de carne bovina, não só pela sua estrutura de produção e industrialização, mas também pela sua competitividade. “Há espaço para o Brasil crescer ainda mais no mercado internacional de carne bovina”, afirmou Nogueira, lembrando que apesar da recuperação dos preços de exportação, ainda não estão sendo praticados os valores médios históricos pela carne in natura, entre US$ 2,6 mil e US$ 2,7 mil por tonelada.

Último ano

Nos últimos 12 meses, ou seja, entre fevereiro de 2003 e janeiro de 2004, o Brasil exportou 1,315 milhão de toneladas de carne bovina em equivalente-carcaça, com faturamento de US$ 1,552 milhão. Entre fevereiro de 2002 e janeiro de 2003, as exportações do setor somaram US$ 1,105 milhão, com remessas de 1,013 milhão de toneladas, em equivalente-carcaça.

Os Indicadores Pecuários, da CNA e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), indicam que o pecuarista ainda não recebeu os benefícios do bom desempenho das exportações.

Entre março e dezembro de 2003, os custos operacionais efetivos da atividade pecuária subiram 4,7%, enquanto que os preços pagos pela arroba do boi aumentaram apenas 1,8%. Esta perda se torna mais preocupante quando se analisa a parte de cria do setor pecuário. O criador, devido aos baixos preços pagos pelos animais, aumentou a taxa de abate de fêmeas em 48%. Tradicionalmente, as fêmeas representam entre 20% e 25% do abaste, taxa que hoje atinge 35%. Isso significa que 2,1 milhões de bezerros machos vão deixar de entrar no ciclo de engorda, levando à diminuição do crescimento do rebanho e, conseqüentemente, à desaceleração dos abates a partir de 2005.

Fonte: Departamento de Comunicação da CNA, adaptado por Equipe BeefPoint

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