A Austrália poderá expandir suas exportações de carne bovina para o Norte da Ásia e para os Estados Unidos, apesar dos envios do produto pelo país já estarem próximos de níveis historicamente altos, de acordo com o presidente de comercialização do Meat and Livestock Australia (MLA), David Crombie. Entretanto, o impacto da descoberta do segundo caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), ou doença da ‘vaca louca’, nos EUA gera algumas dúvidas sobre a demanda por carne bovina em mercados chave, disse ele.
“O segundo caso confirmado (de EEB) nos EUA não significa boas notícias para o comércio mundial de carnes”, disse Crombie. “Nós esperamos somente que isso não prejudique o comércio global de carne bovina”.
A Austrália produz cerca de 2 milhões de toneladas de carne bovina por ano (equivalente carcaça). Dois terços desta produção são exportados, gerando A$ 4,6 bilhões (US$ 3,50 bilhões) em 2004, principalmente ao Japão, EUA e Coréia do Sul, tornando a Austrália o segundo maior exportador mundial de carne bovina, atrás apenas do Brasil.
Quando questionado se as exportações australianas poderiam aumentar como resultado do segundo caso de EEB nos EUA, Crombie disse que sempre existe espaço para a expansão das exportações. “É tudo em função do preço. Se o mercado japonês se fortalecer ou se o mercado norte-americano se fortalecer também, aí a carne bovina entrará”.
Depois que o primeiro caso de EEB foi registrado nos EUA em dezembro de 2003, muitas nações proibiram as importações de carne bovina dos EUA. Algumas delas, principalmente Japão e Coréia do Sul, se voltaram ao produto australiano para preencher a lacuna deixada pelo produto norte-americano.
As exportações em maio levaram as exportações totais nos primeiros cinco meses de 2005 para 374.108 toneladas de carne bovina, 10% a mais do que no mesmo período do ano anterior.
Dúvidas sobre a capacidade de expandir as exportações
Os comentários de Crombie vieram em meio a dúvidas sobre se a Austrália tem a capacidade de aumentar suas exportações ainda mais.
De acordo com o diretor da Australian Lot Feeders Association, Malcolm Foster, a Austrália não ganhará em curto prazo com a descoberta do segundo caso de EEB nos EUA porque não pode fornecer mais carne bovina.
Uma questão importante é a reação dos consumidores de carne bovina norte-americanos, disse ele na terça-feira. “Se houver qualquer desaceleração na demanda nos EUA, nós sentiremos isso quase imediatamente”.
Crombie disse que uma boa notícia derivada desta nova descoberta de EEB nos EUA é que sistemas e verificações estão em prática, garantindo que o produto não entre na cadeia de alimentos humanos. Isso deverá re-assegurar aos consumidores dos EUA que o fornecimento de alimentos seguros não foi comprometido de qualquer forma, disse ele.
Quando questionado sobre esses sistemas na Austrália, Crombie disse que o país não tem EEB e tem sido reconhecido internacionalmente como nação de menor risco possível para a doença. A Austrália impôs barreiras à alimentação de ruminantes há muito tempo, proíbe importações de animais vivos da Europa e continuamente conduz altos níveis de vigilância e de testes, disse ele.
“Sendo assim, existem barreiras e existe proteção” para garantir que a Austrália não tenha a doença, e se existe uma preocupação, a indústria pode identificar rapidamente o problema e consertá-lo, disse Crombie.
MLA espera forte competição dos EUA
Crombie disse que os três principais mercados de exportação estão fortes no momento, assim como o mercado doméstico e estão comprando maiores volume a preços mais altos. No entanto, o MLA continua buscando um posicionamento do produto australiano para quando a carne bovina dos EUA voltar ao Norte da Ásia, disse ele. “Nós queremos nos certificar de que estaremos altamente competitivos quando isso acontecer”.
O Japão e a Coréia do Sul ainda estão negociando um prazo para a retomada das importações de carne bovina dos EUA, enquanto Taiwan – que tinha retirado a barreira há alguns meses – voltou a impor restrições no sábado, após o segundo caso da doença nos EUA ter sido confirmado.
Crombie disse que os exportadores dos EUA são muito competitivos e podem fornecer grandes volumes de cortes particulares que têm preferência, como cortes de costela, enquanto a Austrália exporta um grupo determinado de cortes, que inclui doze diferentes tipos de corte de carne bovina.
Entretanto, a Austrália está lutando através das atividades de marketing e promoção do MLA para continuar com a participação no mercado. Atualmente a Austrália representa mais de 90% da carne bovina importada pelo Japão, cerca do dobro de sua participação em 2003.
“Nós estamos objetivando educar o setor de varejo e o setor de foodservice sobre diferentes cortes e diferentes métodos de cozinhar”.
Enquanto fornece ao mercado japonês os produtos demandados por este mercado, o MLA também quer estimular os consumidores do Japão a buscar por novos produtos, com maior valor agregado, que estão encontrando “pronta aceitação” no Norte da Ásia, disse ele.
Fonte: Dow Jones Newswires (por Ray Brindal), adaptado por Equipe BeefPoint