No momento os frigoríficos preferem não exportar aos EUA diante dos altos custos com o cumprimento do padrão americano de resíduos de medicamentos. Apesar de a suspensão das exportações de carne bovina processada aos Estados Unidos ter acabado em dezembro, os grandes grupos frigoríficos brasileiros estão atuando de forma tímida nesse mercado.
Grandes frigoríficos, como JBS, Marfrig e Minerva, preferem não exportar aos EUA diante dos altos custos com o cumprimento do padrão americano de resíduos de medicamentos. Apesar de a suspensão das exportações de carne bovina processada aos Estados Unidos ter acabado em dezembro, os grandes grupos frigoríficos brasileiros estão atuando de forma tímida nesse mercado.
O câmbio desfavorável, a demanda interna aquecida e os custos e riscos relacionados ao controle de medicamentos nos produtos estão impedindo que as empresas retomem o mercado que detinham.
O excesso do vermífugo ivermectina em carnes enlatadas do grupo JBS foi a causa da suspensão das exportações, em maio do ano passado. Exatamente um ano depois, e quatro meses após a liberação das exportações, pouquíssima carne brasileira está entrando no mercado americano. No primeiro trimestre foram 976 toneladas de carne industrializada, ante 8,97 mil toneladas embarcadas no mesmo período do ano passado, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Das 25 fábricas ou abatedouros brasileiros que estavam habilitados a produzir carne para os Estados Unidos antes do bloqueio, 19 já foram liberados.
“A reabertura do mercado americano é positiva, porque é importante ter um pé lá, mas não tanto por questões financeiras”, avalia o gerente de relações com investidores do Minerva, Eduardo Takeiti. O negócio de carne enlatada que o grupo exporta aos Estados Unidos representa menos de 3% do faturamento, enquanto o mercado brasileiro bateu no primeiro trimestre o recorde de participação nas vendas do Minerva: 45%.
Apesar da demanda mundial por carnes compensar em parte a perda do mercado americano, há prejuízo para as empresas brasileiras. O JBS teve que reduzir as atividades em uma fábrica própria de latas, em Lins (SP), e destinar mais produtos enlatados para o mercado interno. Além disso, o mercado americano é considerado estratégico, por ser o maior consumidor de carne do mundo. “Não se trata de um mercado descartável”, afirma o diretor de relações com investidores do JBS, Jeremiah O’Callaghan.
Para ele, a retomada dos embarques para os EUA será gradual e em um novo patamar de preços. O JBS é o maior exportador brasileiro de carne para os Estados Unidos e também o maior produtor de carne bovina daquele país. Ainda que de forma tímida, tanto o Minerva quanto o JBS já retomaram as exportações para os Estados Unidos.
Para vender naquele mercado, as empresas adotaram novas estruturas de controle e análises dos animais abatidos e dos produtos finais, de forma a garantir o cumprimento dos níveis máximos de resíduos de medicamentos.
“Além do câmbio desfavorável, o custo dos controles também pesa”, diz Takeiti, do Minerva. Na realidade, as exportações brasileiras de carne bovina estão caindo de forma geral, e não apenas para os americanos. “As exportações estão ficando mais seletivas”, diz O’Callaghan, do JBS. Dados divulgados pelo MDIC apontaram uma queda no volume de carne bovina exportada em abril, ante o mesmo mês do ano passado. A notícia foi mal recebida pelos investidores, mas o executivo do JBS minimiza seus impactos. “Queda nas exportações não quer dizer margens menores quando o poder aquisitivo do consumidor brasileiro está crescendo.”
As informações são do jornal Brasil Econômico, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.