O Uruguai possui um rebanho bovino de aproximadamente 11,12 milhões de cabeças e abate anualmente mais de 1,7 milhões. O consumo médio gira em torno de 60 Kg de carne bovina por habitante ano, em uma população de aproximadamente 3,5 milhões de pessoas. Sua pauta exportadora possui um leque de mais de 60 nações.
O primeiro foco de febre aftosa registrado no Uruguai foi em 1973. Em junho de 1990 mais um foco foi registrado. Após um intenso trabalho de vigilância sanitária, o Uruguai foi declarado livre de aftosa sem vacinação pela OIE (Organização Internacional de Epizootias), em 10 de maio de 1996.
Em outubro de 2000, mais um foco ocorreu na cidade de Artigas, mas o País agiu rapidamente para contornar a situação e manter o status de livre de aftosa sem vacinação. Com a confirmação de outro foco na região de Soriano, em abril de 2001, o mercado externo se fechou quase que totalmente e o Uruguai amargou cerca de 730 milhões de dólares em prejuízos, perdendo seu status de livre sem vacinação, outorgado pela OIE.
Ao contrário de seus concorrentes do Mercosul (Brasil e Argentina), o Uruguai é visto pela OIE, como um todo, diferente dos outros dois, que são divididos em zonas de risco, devido a extensão continental do Brasil e Argentina.
A União Européia reconhece esta classificação por zona, o que permite ao Brasil e Argentina exportarem carne in natura, de regiões consideradas livre de aftosa com vacinação. Os Países pertencentes ao NAFTA (North American Free Trade Agreement – Estados Unidos, Canadá e México), não aceitam a divisão por zonas, importando destes países apenas carne industrializada.
Mercados exigentes e que pagam mais pela tonelada da carne embarcada, como o Japão, não aceitam carne in natura de países livre de aftosa com vacinação. A Austrália, que briga com o Brasil pela liderança na exportação de carne in natura, é considerada livre de aftosa sem vacinação pela OIE, e fatura alto com as exportações ao Japão e outros Países que seguem a mesma política.
Ao longo dos anos as exportações uruguaias sempre seguiram uma linha ascendente, mas a febre aftosa sempre foi o maior obstáculo para a continuidade deste avanço. No gráfico abaixo, são nítidos os efeitos da doença sobre o mercado. Em 1990 as exportações recuaram em função da doença em um momento em que o Uruguai atingia ápice no mercado externo. Em compensação, com o status conquistado de livre de aftosa sem vacinação em 1996, as vendas externas decolaram. Entre 2000 e 2001, especulações e a constatação da aftosa em Soriano em 2001, derrubaram novamente o mercado.
Resta agora saber se a defesa sanitária continuará firme, e o País irá conseguir o status de livre de aftosa sem vacinação. O que permitirá alcançar os mercados como Japão e Coréia, que pagam ainda melhor.
Fonte: Equipe BeefPoint