Sem sinais, ao menos por ora, de que os EUA colocarão mais produtos brasileiros na lista de isentos da tarifa de 50%, exportadores de carne bovina insistem numa “saída negocial” com Washington e mantêm articulação com importadores para tentar acessar a Casa Branca e o Congresso do país e demonstrar os benefícios da produto brasileiro à economia americana.
Já o segmento de suco de laranja, que ficou fora do tarifaço, estima possíveis perdas nas vendas aos EUA de seus subprodutos, que não foram poupados da taxa.
Em uma sessão na Assembleia Legislativa de São Paulo, na segunda-feira (11), o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, criticou a atuação do governo nas tratativas com os americanos. Segundo ele, o Executivo não terá êxito se insistir em negociações “em bloco” para tentar reverter as tarifas e será preciso tratar cada setor afetado de forma individualizada nas conversas.
Ele afirmou que articula com os importadores americanos e com empresas brasileiras com operações nos EUA, como JBS e Marfrig, para tentar acessar a Casa Branca e o Congresso. “O preço da carne nos EUA não para de subir. Já está gerando certo caos e pressão das empresas americanas sobre o governo americano, as redes de fast food têm falado com [o presidente Donald] Trump sobre a situação”, disse. “A carne faz parte do blend, faz parte do controle inflacionário, garante o acesso da classe média baixa à carne bovina”, afirmou.
Ele observou que o Brasil vende para quase 160 destinos, mas não tem capacidade de realocar toda carne exportada para os EUA. Os produtos enviados aos americanos, recortes magros do dianteiro, não são tão consumidos pelos brasileiros, e a internalização desses itens pode diminuir preços nas gôndolas e afetar a cotação da arroba do boi aos pecuaristas.
“A nossa pecuária é altamente capilarizada e não conseguimos achar outros destinos como EUA eram, nosso segundo maior mercado, com essa concentração de demanda e com essa rentabilidade na questão do preço pelo momento que eles vivenciam pela falta de carne”, disse.
Além disso, o volume que o mercado americano demanda “não se acha em qualquer esquina”, acrescentou. Os EUA representam 12% das exportações de carne bovina brasileira. Em julho, o Brasil bateu recorde de exportação para um mês, com mais de 313 mil toneladas de carne bovina embarcadas. Parte disso se deveu ao movimento de antecipação às tarifas.
Fonte: Globo Rural.