O comportamento do dólar, que até pouco tempo era motivo de comemoração para os exportadores, já começa a preocupar. A desvalorização da moeda americana – de novembro até agora a queda acumulada é de 11,82% – reduz a competitividade dos produtos brasileiros, segundo os exportadores de carne bovina, de frango e de suínos.
Para compensar essa perda de competitividade no mercado externo, os exportadores tentarão elevar seus preços em dólar nos negócios para embarque no primeiro trimestre de 2002.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina (Abiec), Edvar Queiroz, avalia que seria necessário um aumento de 10% nos preços de exportação da carne para compensar a desvalorização do dólar, a qual diminui a receita das indústrias em reais.
Além da menor receita apurada, Queiroz argumenta ainda que a cotação do boi gordo – matéria-prima dos frigoríficos – subiu no mercado interno. “O ideal seria um dólar entre R$ 2,45 e R$ 2,50”, afirma.
O analista José Vicente Ferraz, da FNP Consultoria, lembra que quando o dólar estava cotado a R$ 2,72, o frigorífico pagava R$ 45,00 pela arroba do boi. Assim, o preço em dólar da arroba era equivalente a US$ 16,50. Com o dólar a R$ 2,37, por exemplo, e a arroba nos atuais R$ 47,00, o frigorífico está pagando US$ 19,80 pelo boi. Na Argentina e no Uruguai, a arroba equivale a US$ 18,00 e US$ 14,40, respectivamente, segundo Ferraz.
No entanto, as chances de os frigoríficos conseguirem elevar as cotações da carne no mercado externo não são grandes, admite o gerente de exportação do frigorífico Bertin, Marco Bicchieri.
O principal motivo é que os importadores, especialmente da Europa, estão aguardando o retorno da Argentina ao mercado no começo de 2002, o que significa maior oferta de carne. O País deixou de exportar em maio após o surgimento de focos de aftosa em seu rebanho.
Segundo Bicchieri, outra estratégia para tentar elevar os preços deve ser a restrição das ofertas, principalmente na Europa. No continente, para onde vão 53% das exportações brasileiras, os preços de cortes nobres vêm recuando. O contrafilé, que chegou a US$ 3.400 por tonelada em setembro, está em US$ 2.800. “O mercado não é comprador”, reconhece Bicchieri.
Fonte: Valor Online (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint