Fechamento 12:01 – 04/10/01
4 de outubro de 2001
Frigorífico gaúcho está prestes a exportar carne bovina para a Bélgica
8 de outubro de 2001

Exportadores de carne estão pagando taxa de guerra

Grandes companhias de transporte marítimo de cargas começaram nesta semana a cobrar dos exportadores brasileiros taxas adicionais de risco de guerra – “war risk surcharge” – sobre o produto destinado a países do norte africano, ao Oriente Médio e à Ásia Central.

O acréscimo no frete varia de US$ 100 a US$ 500 por contêiner, dependendo do tamanho e do destino da carga. De janeiro a julho deste ano, o Oriente Médio foi o principal destino dos embarques de frango do Brasil, respondendo por 38% das 687 mil toneladas exportadas. Já na carne bovina, Egito e Oriente Médio adquirem hoje quase um terço das exportações, que deverão somar mais de US$ 900 milhões este ano.

A taxa mais elevada representa pouco mais de 8% dos cerca de US$ 6.000 por contêiner cobrados no frete de cargas frigorificadas, como carnes frescas de boi e frango embarcadas para Egito e Oriente Médio. Os gastos com o adicional poderão custar até US$ 600 mil/mês aos frigoríficos exportadores de carne bovina, ou perto de 1% do preço médio de US$ 1.500/tonelada do produto vendido ao Oriente Médio.

Entre as empresas que começaram a cobrar a taxa de guerra desde a última segunda-feira, estão a suíça MSC, terceira no ranking mundial de transporte marítimo por contêineres, com frota de 144 navios, e o Evergreen Group, de Taiwan, quarta do setor, com 133 embarcações. A dinamarquesa Maersk Sealand, número 1 do ranking e frota de 304 navios, ainda não decidiu a cobrança de adicionais de guerra no custo do frete marítimo, segundo informam fontes do mercado.

Devido ao medo de uma eclosão de uma guerra na Ásia Central, como resposta dos EUA aos ataques terroristas de 11 de setembro passado, as seguradoras querem evitar rombos em seu caixa com a perda de embarcações, como ocorreu durante a Guerra do Golfo, no início de 1991.

Porém, as maiores taxas de guerra do Evergreen Group foram impostas sobre navios que se dirigem ao Egito, distante da zona potencial de conflitos entre os Estados Unidos e o Afeganistão. A carga remetida aos portos egípcios de Alexandria e Damietta é taxada em US$ 500, enquanto que as remetidas ao Paquistão e ao Golfo Pérsico esta taxa é de US$ 300, no contêiner de 40 pés, onde cabem 25 toneladas de carnes – bovina ou de frango. A Grieg informa que desconhece os motivos do valor mais elevado cobrados no destino do Egito, alegando que a diferenciação se deve a decisões das seguradoras dos navios.

Segundo fonte de um frigorífico exportador, o Brasil exporta mensalmente 1.000 a 1.250 contêineres de carne bovina ao Egito e ao Oriente Médio (num total de até 31 mil toneladas/mês). O mercado egípcio recebe perto de 80% desse volume. Com a crise da ‘vaca louca’ na Europa, a região passou a trocar fornecedores europeus por brasileiros no comércio de carne bovina.

No caso da MSC, as mais altas taxas de risco de guerra estão sendo cobradas sobre cargas dirigidas aos portos do Iraque e da costa leste da África (Sudão e Eritréia, banhados pelo mar Vermelho). O menor adicional foi imposto nas cargas remetidas à Índia, diz uma fonte da MSC, que não detalha os valores da taxa de guerra da companhia marítima.

Fonte: Gazeta Mercantil (por José Alberto Gonçalves),adaptado por Equipe BeefPoint

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