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Exportadores esperam recuperação para o 2º semestre

Duas pesquisas revelam uma mudança de humor entre as indústrias exportadoras. Depois de enfrentarem uma forte queda nas vendas no primeiro semestre, as empresas estão mais otimistas em relação aos próximos meses.

Duas pesquisas revelam uma mudança de humor entre as indústrias exportadoras. Depois de enfrentarem uma forte queda nas vendas no primeiro semestre, as empresas estão mais otimistas em relação aos próximos meses. Estudo da Fiesp, feito com 78 indústrias do Estado, mostra que os executivos esperam crescimento de 7,6% na receita de exportação sobre o primeiro semestre.

Estudo da Fiesp, feito com 78 indústrias do Estado, mostra que os executivos esperam crescimento de 7,6% na receita de exportação sobre o primeiro semestre. Os dados estão no “Indicador Fiesp de Perspectivas de Exportação de Produtos Industrializados” de agosto. Em julho, os empresários previam queda de 1,1% na receita.

Essa reversão nas projeções de exportação é confirmada pela Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação da FGV. No mês passado, 17% das 1.115 indústrias consultadas contavam com crescimento da demanda externa entre julho e setembro deste ano e apenas 9% delas projetavam queda para o período. Em junho, o porcentual de indústrias que apostavam no crescimento era de 13%, enquanto 15% delas previam queda. É a primeira vez desde setembro de 2008, que o número de empresas que preveem aumento nas exportações supera o número de indústrias que projetam retração.

Se as estimativas dos industriais paulistas se confirmarem, as exportações no segundo semestre deste ano vão chegar a US$ 42,119 bilhões. Apesar de 7,6% maiores do que no primeiro semestre de 2009, será uma queda de 33% na comparação com o resultado do segundo semestre de 2008, de US$ 63,553 bilhões. Em 2008, as vendas externas cresceram 13% no segundo semestre ante o primeiro.

“As exportações estão sendo retomadas lentamente e, por isso, melhoraram as expectativas para o segundo semestre”, afirma o gerente do Departamento de Economia da Fiesp, André Rebelo. Ele destaca que esse resultado é generalizado entre os setores industriais e não pode ser atribuído a um ou outro gênero que esteja se recuperando mais rapidamente do que outros.

“Houve uma mudança no humor, apesar do câmbio”, afirma Alfredo Goeye, presidente da Sertrading, a segunda maior trading do País. Ele destaca a reação nas exportações de commodities metálicas e nos produtos siderúrgicos. Para ele, haverá recuperação nas exportações em razão do fim de período de ajuste de estoques em outros países. Ou seja, a economia mundial começa a se recuperar.

Na indústria de alimentos, a reação recente nos preços do suco de laranja e das carnes são os primeiros sinais que a demanda internacional voltou a crescer, observa Amilcar de Almeida,economista da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA). “Isso deve afetar positivamente os contratos de exportação nos próximos três meses.”

No caso da carne bovina, o preço do produto em dólar aumentou 12,5% no mercado externo nos últimos dois meses, observa o economista da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), Amilcar Lacerda de Almeida.

O Bertin S/A, por exemplo, um dos maiores exportadores de carnes industrializadas, encerrou o primeiro semestre deste ano com crescimento de 3% a 4% nos volumes exportados e um acréscimo de 12% a 15% nas receitas na comparação com o mesmo período de 2008.

“Para nós houve uma melhora porque conquistamos mercados de concorrentes que deixaram de operar”, explica o diretor de exportação da divisão de carnes, Evandro Miessi. Cauteloso, para o segundo semestre deste ano, ele acredita que a sua empresa deverá manter os volumes e as receitas de exportação em relação ao primeiro semestre.

Segundo o executivo, o impacto do câmbio, que hoje não é favorável às exportações, está forte no setor. A arroba do boi é cotada em dólar e encarece o custo da matéria-prima básica, tirando a competitividade das exportações. “A arroba do boi brasileiro está hoje mais cara do que a do australiano.”

Apesar do câmbio desfavorável, Miessi aponta dois fatores que poderão impulsionar as exportações de carne neste semestre. O primeiro é o aumento no número de fazendas brasileiras autorizadas a exportar boi para a Europa, por causa de restrições sanitárias. O outro fator é a abertura do mercado chileno que, até quatro meses atrás, não comprava carne brasileira.

A matéria é de Anne Warth e Márcia De Chiara, publicada no Estado de S. Paulo, resumida e adaptada pela Equipe AgriPoint.

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