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Exportar é o que importa

Temos assistido ultimamente a uma guerra insana de diversas tecnologias, cada qual com seus méritos, na busca pela preferência dos produtores rurais, visando o ganho de produtividades e aumento da produção.

Tenho batido duramente, aqui e por onde ando, que devemos buscar a produtividade responsável, aquela que minimiza custos e aumenta LUCROS.

Esta é a única maneira de fixar o homem no campo, evitando o êxodo rural, trazendo conforto para sua família e satisfação pessoal.

O 5o Curso Boviplan de Intensificação da Pecuária de Corte no Brasil, realizado em São Jose do Rio Preto – SP, entre os dias 19 e 21 de setembro, reunindo 210 participantes, produtores rurais em sua maioria, trouxe a tona questionamentos muito importantes.

Ricardo Burgi, sócio da Boviplan, questionou em sua palestra o slogan: EXPORTAR É O QUE IMPORTA.

Para Burgi, destinar fatias superiores aos atuais 10% da produção nacional para exportação significa desestruturar o mercado consumidor interno, que vem se consolidando nos últimos anos, e que só não é maior pela baixa renda da população. O consumo per capita de carne bovina decresceu dos 36 kg/ano para 35,2 kg/ano, com a queda do salário mínimo do patamar de equivalência de 100 dólares para 70 dólares.

A liquidez da bovinocultura é grande justamente por estar lastreada no mercado interno, lembra Burgi e pergunta: será que vale a pena esta mudança? Será que não vamos ficar na mão dos frigoríficos exportadores, que são poucos, e perder esta liquidez?

Para ressaltar seu raciocínio, Burgi citou o exemplo da avicultura, cuja integração deu força demasiada à indústria, sacrificando a margem de lucro dos produtores.

Estas constatações demonstradas no 5o Curso Boviplan de Intensificação da Pecuária de Corte no Brasil, reforçam meus argumentos expostos aqui em meus artigos.

A elevação da produtividade de forma irresponsável, sem uma análise de mercado capaz de medir o consumo, eleva a oferta rapidamente, acarretando uma queda abrupta nos preços ao produtor, elo mais fraco da cadeia produtiva.

Em sua palestra, Ricardo Burgi ressaltou que intensificar não significa necessariamente grandes investimentos.

Ele cita algumas medidas de intensificação que podem ser adotadas pelos produtores, através exclusivamente de procedimentos como:

– Adotar o pastejo rotacionado gerando sobra de capim.
– Descarte de vacas improdutivas reduzindo custo de produção.

A grande luta do pecuarista no Brasil deve ser pelo aumento da renda da população, medida capaz de aumentar o consumo de carne e, consequentemente, a renda do produtor.

A partir daí, podemos pensar em aumento de produção de carne, sempre de acordo com a demanda, evitando assim o excesso de oferta e queda de preços, que levam a perda de renda.

O aumento de produção deve estar atrelado ao aumento de escala, onde todos os fatores de produção devem ser elevados proporcionalmente, pois o produtor rural tem no seu negócio o sistema produtivo e o sistema imobiliário.

Quando se mantém fixo o sistema imobiliário, sem aumento de terra, e os demais fatores de produção são aumentados, o produtor perde a chance de altos ganhos no sistema imobiliário, que, em muitos casos, suplantam todos os ganhos obtidos no sistema produtivo.

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