As proteínas alternativas oferecem a oportunidade de mitigar mudanças climáticas, e inovações em seus processo produtivos estão levando a reduções de custos e tornando os produtos mais acessíveis aos consumidores. Esse é o resumo de um relatório divulgado há pouco pela FAIRR Iniciative, que reúne investidores globais com US$ 68 trilhões em ativos.
A iniciativa acompanhou 23 das principais fabricantes de produtos plant-based e varejistas de alimentos do mundo por seis anos, e concluiu que a produção e a comercialização dessas alternativas a proteínas animais agora são um componente-chave das estratégias das empresas. Em 2022, 35% das companhias acompanhadas, entre as quais Nestlé, Walmart e Mondelez, se comprometeram a aumentar o volume ou as vendas de opções vegetais à carne e/ou aos laticínios. No ano passado, eram 28%, e em 2019, zero.
Crescimento constante
No documento, intitulado “Engajamento da Proteína Sustentável”, a FAIRR mostra que o mercado plant-based como um todo tem apresentado crescimento constante nos últimos anos. Em 2021, as vendas globais de carne à base de vegetais ultrapassaram US$ 5 bilhões, e as vendas de leites feitos com vegetais beiraram US$ 18 bilhões pela primeira vez. Em 2021, os investimentos privados no segmento de proteínas alternativas continuaram a crescer, com quase US$ 5 bilhões e aumento de 58% ante 2020.
O relatório também prevê que os produtos à base de plantas podem alcançar paridade em sabor, textura e custo com as proteínas animais entre 2023 e 2031, e que o mercado de alternativas a carnes representará entre 10% e 45% do total até 2035, e de 25% e 20% até 2050.
O aumento da inflação em todo o mundo está colaborando para aproximar os preços dos produtos plant-based e dos valores cobrados pelas proteínas animais. No Reino Unido, por exemplo, a FAIRR constatou que o custo do leite de aveia Oatly caiu quase 2,5 vezes mais que o do leite em 2019, e que a diferença entre ambos recuou para 12%. O preço médio das carnes vegetais subiu 3% em um ano, em comparação com a elevação de 6% das carnes convencionais.
“Da fermentação de precisão às almôndegas à base de plantas, a inovação em alternativas à carne é disruptiva. Combinada com a inflação que está elevando o preço da carne e dos laticínios tradicionais em um ritmo mais rápido do que o das alternativas, estamos começando a ver um mundo onde a carne e os laticínios à base de plantas começam a ser tão acessíveis quanto os convencionais”, diz Jeremy Coller, presidente e fundador da FAIRR, no relatório.
Fermentação
O estudo também mostra que as empresas envolvidas sugerem que a proteína habilitada por fermentação pode se tornar a próxima tecnologia alimentar alternativa preferida, com empresas alocando quantias significativas em pesquisas.
O que falta para o sucesso dos produtos plant-based, aponta o relatório, é um maior engajamento do consumidor. “No entanto, visto a menor diferença de preços, as empresas estão agora fazendo cada vez mais esforços para aumentar seu portfólio de proteínas alternativas”, diz o texto. A Mondelez, por exemplo, lançou queijos Filadélfia à base de plantas com o mesmo preço das versões derivadas de leite.
O texto realça o comprometimento das companhias de plant-based com práticas mais sustentáveis e lembra que as mudanças climáticas terão impacto cada vez maior na segurança alimentar. E mostra que o número de empresas com metas de crescimento continua a aumentar. Em 2022, 35% delas se comprometeram a elevar o volume ou as vendas de alternativas às proteínas vegetais.
Fonte: Valor Econômico.