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Falta de estratégia na exportação de carnes atrapalha o Brasil

No ano passado o Brasil elevou as exportações de carnes em quase US$ 1 bilhão. Com isso, as vendas externas alcançaram US$ 2,87 bilhões. O ganho expressivo, contudo, resultou muito mais de uma conjuntura do mercado, problemas sanitários nos concorrentes e clientes e desvalorização do real, do que de uma estratégia de venda do setor.

Agora, com o demanda internacional mais modesta que em 2001, a ausência de estratégia mostra seus efeitos: o mercado de carnes está sobreofertado e os preços, em queda.

Os próprios exportadores admitem a deficiência. “A estratégia de venda é a lei da oferta e procura”, reconhece o presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Edivar Vilela.

Seguindo esse preceito, no ano passado, os exportadores de carne bovina tiraram vantagem da saída de Argentina e Uruguai do mercado europeu. As vendas brasileiras também foram beneficiadas pela crise de sanidade na Europa, que reduziu as exportações de carne bovina de países europeus.

Mas este ano, com a volta do Uruguai e Argentina à Europa e de países europeus a antigos clientes, as exportações brasileiras perderam o viço e os preços médios recuaram 7,17% no primeiro trimestre, se comparados a igual período do ano passado, de acordo com a Secex.

A queda nas cotações pode ser explicada pelas ofertas da Argentina, que ganhou competitividade com a desvalorização cambial e voltou com preços mais baixos, afirma Vilela.

No caso das carnes de frango e suína, grande parte da pressão resulta da maior oferta das próprias empresas brasileiras no mercado externo. Até o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, levantou a questão em recente encontro com exportadores do setor em São Paulo. Ele defendeu “políticas de melhoria de preços no exterior” e exortou as indústrias a evitar “práticas predatórias”. Entenda-se: enxurrada de ofertas no mercado externo. Segundo Pratini, “políticas predatórias” geram menos receita e deixam o País sujeito a ações antidumping.

Enquanto o sonhado acesso a novos mercados, que depende de acordos sanitários, não se concretiza, os exportadores de carnes decidiram discutir um reordenamento da oferta no mercado externo para evitar mais queda de preços.

Fonte: Valor On Line (por Alda do Amaral Rocha), adaptado por Equipe BeefPoint

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