Os preços internacionais de carne devem continuar subindo em 2004, de acordo com documento divulgado pela FAO, órgão responsável pela alimentação e agricultura da Organização das Nações Unidas (ONU). Em 2003, o Indicador de preço da carne da FAO subiu 16%. Este resultado foi provocado por uma alta de 42% no preço da carne de aves, 19% na carne bovina e 8% na carne suína.
Segundo o documento, a alta nos preços da carne é devida à redução dos estoques de carne exportáveis disponíveis no mundo. Grandes países exportadores de carne estão registrando focos de doenças animais, o que tem provocado embargo nas importações.
O relatório diz que o Brasil é um dos países que mais devem se favorecer diante deste cenário. Segundo a FAO, o Brasil deve exportar, em 2004, mais de 3,8 milhões de toneladas de carne, 21% do comércio global.
Também serão favorecidos outros países da América do Sul e da Oceania, como Austrália e Nova Zelândia, que são livres de doenças animais. O relatório também informa que “doenças animais, aumento no preço de ração e incerteza sobre a demanda do consumidor final para carne e derivados está tornando o crescimento da produção mais lento em 2004” e, desta forma, contribuindo para uma elevação das cotações.
A expectativa é a de que produção global de carne cresça apenas 1% em 2004, atingindo 253,6 milhões de toneladas. O registro da doença da “vaca louca” na América do Norte e da influenza aviária na Ásia criou obstáculos para os embarques globais de carne. Na Ásia, o crescimento da produção deve ser de menos de 2%, metade da média dos cinco últimos anos. Nos países desenvolvidos, a FAO acredita que a produção deva permanecer estável, com um pequeno aumento na América do Norte sendo equilibrado por uma redução na Europa.
Consumo
A FAO estima que o consumo mundial de carne deve permanecer em 39,9 quilos per capita em 2004, limitado pelo preço mais elevado do produto e por preocupações, por parte do consumidor, relativas à segurança em relação ao alimento.
Embargos à importação de carnes em países com casos de doenças, apenas no início de 2004, provocaram uma redução de cerca de um terço das exportações globais de carne ou perto de seis milhões de toneladas. Isso deve fazer com que o comércio internacional de carnes termine 2004 em queda, ao contrário do esperado inicialmente. A expectativa agora é de que o comércio caia 4%, para 18,4 milhões de toneladas. Se confirmada, será a primeira queda desde meados dos anos 80, diz a FAO.
Fonte: O Estado de S.Paulo/Suplemento Agrícola (por Eduardo Magossi), adaptado por Equipe BeefPoint