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FAO: análises e previsões do mercado mundial de carnes

Apesar dos recentes surtos de gripe do frango que se estenderam em grande parte do território da Ásia e da Rússia terem gerado preocupações referentes a um potencial prejuízo na indústria mundial de carnes, os mercados internacionais nos últimos meses se caracterizaram por uma forte recuperação depois das alterações causadas por problemas animais em 2004.

Um aumento na demanda por carnes, uma vez que o consumo retornou quase aos níveis normais, e a reabertura de muitos mercados anteriormente fechados, levaram a uma forte pressão para cima nos preços internacionais na primeira metade de 2005.

O índice de preços de carnes da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization – FAO) – calculado usando preços internacionais indicativos – chegou a um pico de 109 pontos durante o período, ultrapassando o índice mais alto anterior da base de dados da FAO de 108, registrado em fevereiro de 1991.

Índice mensal de preços de carnes (1990-92=100)1

1O índice é derivado da média de peso comercializado de uma seleção de produtos de carne internacionalmente comercializados representativos.

Os aumentos nos preços da carne bovina e da carne de aves são os principais contribuintes desse aumento no valor do índice.

Os preços internacionais da carne bovina continuam fortes devido à menor oferta exportável na ausência do produto norte americano nos principais mercados por causa das preocupações referentes à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como doença da ‘vaca louca’.

O forte crescimento nos preços da carne suína registrado em 2004 desacelerou, à medida que os consumidores voltaram a consumir carne bovina e de aves, apesar dos altos preços.

Enquanto os mercados globais de carnes se recuperam gradualmente das preocupações com doenças animais e com a segurança alimentar, que afetaram os mercados em 2004, durante os próximos meses os preços serão influenciados por vários outros fatores.

Esses incluem os recentes danos do furacão Katrina aos portos e estabelecimentos refrigerados de armazenamento no Golfo do México, o que deverá prejudicar os envios de carnes de aves dos Estados Unidos em curto prazo, pressionando dessa forma os preços globais das carnes de aves para cima.

Também existem incertezas relacionadas aos recentes movimentos da gripe do frango na Europa e suas potenciais conseqüências. Entretanto, na ausência de qualquer epidemia de doença animal, as previsões dos preços das carnes em 2006 são de declínio.

Um dos principais fatores que poderá resultar em uma redução nos preços das carnes será a rápida retomada do comércio de carne bovina dos EUA com a Ásia, após o Japão voltar a aceitar o produto norte americano.

Produção de carnes se recupera enquanto os preços permanecem fortes

A produção global de carnes deverá crescer 2,5% em 2005 para 267 milhões de toneladas, apoiada pelos retornos favoráveis da indústria de carnes. Após dois anos sem crescimento, a produção de carnes nos países desenvolvidos deverá crescer levemente.

Os ganhos esperados na produção na América do Norte (em resposta à demanda doméstica) e na Austrália serão mais do que compensados pela menor produção na União Européia (UE) onde os desenvolvimentos políticos têm limitado qualquer crescimento significante nos últimos cinco anos.

Em contraste, o forte crescimento nos países exportadores na América do Sul e a recuperação da produção de carnes na Ásia implicam que quase 80% do aumento de sete milhões de toneladas na produção de carnes deverão ocorrer nos países em desenvolvimento.

À medida que os países em desenvolvimento expandiram seu consumo de derivados de carnes, representando agora 58% do total global, mais do que os 43% do começo da década de 90, seu consumo de carnes deverá atingir 31 quilos per capita, mais de um quilo per capita a mais do que no ano passado e quase o dobro do nível de 1990. Isso pode ser comparado ao consumo estimado de 84 quilos per capita pelos consumidores dos países desenvolvidos e ao consumo médio global de 42 quilos per capita.

Estatísticas mundiais de carnes

Fonte: FAO
Nota: Total computado a partir de dados não arredondados.
1Inclui carnes (frescas, resfriadas, congeladas, preparadas enlatadas) em peso carcaça equivalente; exclui animais vivos, miúdos e o comércio interno na UE. Até 2003, a UE incluía apenas 15 membros. A partir de 2004, a UE inclui 25 membros.

Direcionada pelo forte crescimento dos países em desenvolvimento, a produção de carne bovina deverá aumentar 2,4% em 2005 para 64, 2 milhões de toneladas. Apesar do menor estoque de bovinos registrado na base de dados da FAO, a produção de carne bovina nos países desenvolvidos deverá aumentar marginalmente, à medida que os altos preços dos bovinos e a menor oferta de forragem estimularão os níveis de abates nos EUA e na Austrália.

No Canadá, uma reestruturação da indústria realizada devido à crise da EEB, está melhorando a capacidade de abate e estimulando a maior produção de carne bovina. Isso contrasta com as reformas políticas na UE, que estão levando ao declínio dos estoques e abates europeus e contribuindo para uma redução gradual na participação dos países desenvolvidos na produção global de carne bovina.

Os fortes preços da carne bovina estão apoiando ganhos na produção em muitos países asiáticos, incluindo China, Indonésia, Filipinas e Vietnã enquanto a maior utilização de búfalos machos está estimulando a produção em outros locais, como Índia e Egito.

Ao mesmo tempo, a grande demanda de exportação está estimulando o abate e a produção na América do Sul, aumentando a participação dos países em desenvolvimento no total global para 54% em 2005. A participação dos países em desenvolvimento excedeu pela primeira vez a dos países desenvolvidos em 2002.

Comércio

A recuperação na confiança em carnes combinada com a abertura anual dos mercados está levando a um grande aumento no comércio global de carnes, deverá aumentar em 2005 a uma taxa sem precedentes de 10% para um recorde de 20,8 milhões de toneladas.

Isso segue o primeiro declínio anual em 25 anos, quando registros de EEB no começo de 2004 e as fatalidades humanas relacionadas à gripe do frango na Ásia levaram a aumentos nas preocupações relacionadas à segurança alimentar e saúde animal e conseqüentes restrições comerciais.

As mudanças nas participações de mercado que caracterizam os mercados afetados pelas doenças continuam se acelerando em 2005, com os produtos sul americanos, que estão competitivamente posicionados, devendo capturar 33% dos mercados globais de exportação, mais do que os 10% de uma década atrás.

Os fortes preços internacionais da carne bovina, à medida que a oferta exportável norte americana permanece em baixa, estão sendo apoiados em 2005 pelo forte crescimento do comércio de carne bovina, estimado em aumentar 11% para 6,7 milhões de toneladas. Esse aumento segue uma queda de 1% no comércio em 2004, quando os importadores lutaram para substituir os produtos da América do Norte que historicamente representaram 25% das exportações globais.

Os déficits de oferta e os movimentos de preço em 2005 continuam sendo exacerbados pelos altos preços domésticos preços da carne bovina na UE, que combinados com o aumento no valor do Euro e com a primeira queda nas restituições às exportações em quatro anos, estão mantendo – pelo terceiro ano – a posição da Europa como um crescente importador líquido de carne bovina. De fato, em 2044/05 quase 131 mil toneladas de carne bovina foram importadas com tarifas, grande parte delas oriundas da América do Sul.

A demanda global de carne bovina, estimulada pelas maiores importações do México, Japão, Coréia e Rússia (que, depois dos EUA, é a maior importadora de carne bovina do mundo) está estimulando o forte crescimento das exportações da Austrália, apesar dos baixos estoques de bovinos.

Na América do Sul, o crescimento anual nas exportações ficou em média entre 20 e 40% desde 2003 com a região expandindo sua participação nas exportações nos mercados globais de carne bovina de 17% em 2000 para uma participação estimada em 43% em 2005.

O Brasil, que se tornou o maior exportador de carne bovina em 2004, deverá aumentar suas exportações em 2005, apesar dos movimentos desfavoráveis na taxa de câmbio, levando sua participação nas exportações globais para mais de um quarto.

Os altos preços e os acordos comerciais bilaterais também têm estimulado o aumento das exportações da Índia e de alguns exportadores não tradicionais como o Chile. Os fortes ganhos comerciais dos países em desenvolvimento estão levando sua participação no comércio global para um valor estimado de 53% em 2005, similar à sua participação na produção global de carne bovina.

Preços internacionais selecionados de carnes

Fonte: FAO

Produção mundial de carne (total)1 (milhões de toneladas)

Fonte: FAO
1Incluindo outras carnes
2Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros.
3A partir de 2004 incluída na UE-25.

Importação mundial de carne – Carne Bovina (1000 toneladas)

Fonte: FAO
1Excluindo comércio interno na UE
2Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
3A partir de 2004 incluída na UE-25.

Exportação mundial de carne – Carne Bovina (1000 toneladas)

Fonte: FAO
1Excluindo comércio interno na UE
2Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
3A partir de 2004 incluída na UE-25.

Consumo mundial de carne (total) 1 (Milhões de toneladas)

Fonte: FAO
1Incluindo outras carnes
2Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
3A partir de 2004 incluída na UE-25

Consumo mundial de carne – Carne Bovina (Milhões de toneladas)

Fonte: FAO
1Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
2A partir de 2004 incluída na UE-25

Consumo mundial per capita de carne (total) 1 (Quilos por ano)

Fonte: FAO
1Incluindo outras carnes
2Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
3A partir de 2004 incluída na UE-25.

Consumo mundial per capita de carnes – Carne Bovina (Quilos por ano)

Fonte: FAO
1Até 2003, 15 países membros; a partir de 2004, 25 países membros
2A partir de 2004 incluída na UE-25

Fonte: Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization – FAO), adaptado por Equipe BeefPoint

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