Enquanto especialistas e indústrias esperam que a demanda por carne bovina continue crescendo no mundo, a Agência para Alimentos e Agricultura da Organização das Nações Unidas (FAO) estima que o produto vai desaparecer "como produto de massa" no futuro. As avaliações, contraditórias, foram expostas durante o Congresso Mundial da Carne, em Buenos Aires, cujo tema foi "Carne para um mundo sustentável".
Enquanto especialistas e indústrias esperam que a demanda por carne bovina continue crescendo no mundo, a Agência para Alimentos e Agricultura da Organização das Nações Unidas (FAO) estima que o produto vai desaparecer “como produto de massa” no futuro. As avaliações, contraditórias, foram expostas durante o Congresso Mundial da Carne, em Buenos Aires, cujo tema foi “Carne para um mundo sustentável”.
Para Henning Steinfeld, chefe do setor de análise e políticas para produção animal e divisão de saúde do Departamento de Agricultura da FAO, diante das exigências cada vez maiores para produção de carne de uma forma sustentável, o produto deixará de ser uma commodity num mundo com a população em crescimento. “Com uma população de 9,1 bilhões em 2050, as pessoas terão de comer mais tilápia, mais carne suína”, disse.
Segundo a FAO, o consumo de carnes em geral deve dobrar em 2050, mas o avanço da carne bovina será pequeno. Steinfeld acredita que as restrições sobre países que produzem gado de forma extensiva, como Argentina e Brasil, vão crescer pela necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa. “Países com grande população de ruminantes, têm mais emissões. Entre eles estão Brasil e Argentina, mas pode ser também Índia, Etiópia. A diferença é que esses últimos são menos produtivos”. Para reduzir o impacto ambiental da pecuária bovina, os países produtores terão de investir em ganho de eficiência e em melhorias genéticas, defendeu o representante da FAO.
Já Fernando Sampaio, coordenador de sustentabilidade da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) apresentou de forma didática a história da pecuária no Brasil e seus avanços recentes. Disse, por exemplo, que o Brasil pode dobrar a produção de gado com a mesma área de pastagem – 158 milhões de hectares. Para isso, algumas das medidas necessárias são investir na reforma das pastagens e no ganho de eficiência da atividade com o aumento de animais por hectare. A respeito das afirmações de que a pecuária provoca a devastação das florestas, Sampaio disse que a área de mata no Brasil é expressiva em comparação a outros países. Na Europa, por exemplo, a devastação ocorreu no passado. O executivo também não poupou o Painel do Clima da ONU, que calculou as emissões do Brasil usando um modelo da Europa, onde a alimentação dos animais é diferente da fornecida aos bovinos produzidos em território brasileiro.
A reportagem é do jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.
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A carne bovina sempre foi um alimento nobre e relativamente caro, nunca um produto de massa. Mas a elevação de renda que esta ocorrendo na Ásia esta criando novos consumidores com condições e desejo de pagar pelo produto em ritmo maior que da expansão da produção. Esta é uma das razões da elevação recente dos preços.
Mas se houver rentabilidade a produção pode sim ser expandida paulatinamente, mesmo com as restrições ambientais levantadas. Apenas a resposta da produção é mais lenta por causa do ciclo de produção mais lento. Qual será o novo patamar de produção / consumo & preços só o tempo vai esclarecer.
Bastante interessante.
No meu entendimento,acho também que o consumo,deverá se manter em crescimento moderado,mais cairá o consumo per capta.
A agregação de valores,seja no boi (físico),seja nas carnes,por necessidade das indústrias de aumentarem suas agregações de valores,pela constituição de marcas,que certamente se constituirão.Seja pelo valor da terra,que subiu consideravelmente,seja porque a concorrência pela terra disponível para outras variadas formas de rentabilizá-las,na produção.
Na contra mão da valorização das carnes,não somente as bovinas,vem à distribuição de renda desigual,que neste momento não se mostra com tendência de reversão deste quadro,o modelo capitalista adotado,é perverso e canibalista.Infelizmente,não vejo condições,a curto ou médio prazo (dentro de 10 ou 30 anos) de aparecer uma nova proposta com modelo mais justo,modelo que priorize com mais justiça a relação capital x trabalho.
Alimentos,como um todo,encontram tendência de forte valorização nos próximos anos.
No atual crescimento mundial,as referencias de valores,sejam monetários,sejam das relações humanas,sejam das relações com o planeta,seja da relação consigo mesmo,estão muito (para não falar absolutamente) deturpadas,muitas coisas que deveriam ter valor e não tem mais,a valorização de tudo que é palpável,porém efêmero,ganham saltos lunares.
As relações humanas só fazem piorar a cada dia,o individualismo cria pseudos deuses,pessoas ensimesmadas,que não respeitam mais nada e nem a ninguém,como se somente ele(a) fosse importante no mundo,no universo,no cosmo infinito…
Enquanto o ser humano estiver sofrendo desta doença,não haverá equilíbrio para absolutamente nada.
Vamos aonde vamos para…
Saudações,
EVÁNDRO D. SÀMTOS.
A valorização do produto é uma consequencia inevitável do crescimento do numero de pessoas em condições de comprá-lo.
Cabe aos pecuaristas brasileiros o cuidado para que as questões ambientais não sejam usadas como argumento para discriminação de mercados em países europeus, ou sanções diversas.
Os conhecidos abusos em algumas regiões do país devem ser coibidos para que o bom nome da carne brasileira não seja prejudicado.