A queda dos preços das commodities agrícolas e a crise econômica, que tendem a diminuir os investimentos dos agricultores e a área agrícola, podem derrubar a produção mundial de alimentos no próximo ano-safra, segundo análise da FAO, o braço Organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.
A queda dos preços das commodities agrícolas e a crise econômica, que tendem a diminuir os investimentos dos agricultores e a área agrícola, podem derrubar a produção mundial de alimentos no próximo ano-safra, segundo análise da FAO, o braço Organização das Nações Unidas (ONU) para agricultura e alimentação.
“O plantio no próximo ano-safra pode ser reduzido, com uma queda expressiva em 2009/10 e uma disparada dos preços que pode ser maior que a de 2007/08”, disse Jacques Diouf, dirigente da FAO, em evento sobre segurança alimentar realizado em Madri. Segundo ele, as quedas recentes dos preços das commodities agrícolas não devem ser interpretadas como o fim da crise do setor. “A queda das cotações e as incertezas com a economia podem desencorajar muitos agricultores a investir na produção”, afirmou.
De acordo com estimativa da FAO, a produção mundial de cereais atingiu em 2008 o recorde de 2,245 bilhões de toneladas, volume superior à demanda prevista para a temporada 2008/09, de 2,198 bilhões de toneladas. A entidade estima em 963 milhões, em uma população total de 6,5 bilhões, o número de pessoas que sofreram com desnutrição em 2008.
O crescimento da produção mundial de cereais no ano passado pode ser creditado principalmente aos países desenvolvidos, que a aumentaram em 11% em decorrência da disparada das cotações, segundo Diouf. Entre os países em desenvolvimento, o aumento foi de 1,1%, mas, se China, Índia e Brasil forem excluídos da conta, a queda foi de 0,8%.
As perspectivas para os preços, por sua vez, são de novas altas, de acordo com projeção apresentada pelo instituto de pesquisas Chatham House, de Londres. A tendência de alta justifica-se pelas mudanças climáticas, a queda nos investimentos para a produção de petróleo (base para a produção de fertilizantes) e a escassez de água, segundo o instituto.
A disputa por terras e o crescimento da demanda por alimentos, causada pelo aumento da população e também da renda das famílias, apresentam-se como os principais desafios para a segurança alimentar global, segundo texto assinado no relatório por Alex Evans, ligado ao Center on International Cooperation, da Universidade de Nova York. “Há um risco real de ´aperto alimentar´ em algum ponto do futuro”, disse Evans.
As informações são do jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe AgriPoint.