Análise Semanal – 14/01/04
14 de janeiro de 2004
Identificação de famílias para permanência no rebanho, na raça Nelore
16 de janeiro de 2004

FAO diz que controles de EEB em muitos países ainda não são suficientes

A descoberta do primeiro caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) ou doença da “vaca louca” nos Estados Unidos em dezembro de 2003 destaca a necessidade dos países fortalecerem suas medidas de controle da EEB, disse a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (Food and Agriculture Organization – FAO) na segunda-feira (12).

“Quando se fala de prevenção, a situação ainda está confusa”. Para retornar à segurança, os consumidores irão requerer mais do que ações mínimas tomadas pelos países. Eles solicitarão melhores controles e mais vigilância e testes.

Em muitos países, os controles da EEB ainda são insuficientes e muitos países não têm aplicado as medidas recomendadas corretamente. Também há um risco considerável de uma futura introdução de materiais infecciosos, dado o comércio local na alimentação animal e produtos animais.

A FAO disse que nenhum país pode declarar-se como livre de EEB, a não ser que esta declaração seja validada através de métodos de análise internacionalmente reconhecidos.

Medidas preventivas

A FAO solicitou aos governos e à indústria que realizassem uma adequada avaliação de riscos para manter materiais animais de risco fora da cadeia de alimentos humana e para estritamente aplicar as seguintes medidas preventivas:

– Proibir o uso de farinha de carne e ossos na alimentação de animais, pelo menos de ruminantes;

– Evitar estritamente contaminação cruzada em fábricas de ração;

– Remover e destruir os “Materiais de Risco Especificado” (cérebro, medula espinhal, etc.) de bovinos com mais de 30 meses de idade;

– Garantir práticas seguras na indústria de descarte, isto é, tratamento de materiais a 133oC sob 43,51 PSI de pressão por 20 minutos;

– Aplicar ativas medidas de segurança dentro da população de bovinos e uma identificação acurada dos animais e rastreabilidade na produção, processamento e comercialização;

– Proibir o uso de carne mecanicamente removida.

Com estas medidas de controle instaladas, especialmente com a proibição na ração animal e da remoção dos “Materiais de Risco Especificado”, o risco de um material infectado com EEB estar presente na cadeia de alimentos humana é extremamente baixo, disse a FAO.

A Organização Internacional de Epizootias (OIE) recomenda primeiro testar os bovinos que estejam mostrando sintomas de EEB e testar um em 10 mil a um em 100 mil da população de bovinos com mais de 30 meses de idade.

Com esta base, a Austrália testou cerca de 400 animais por ano; o Canadá, aproximadamente 3 mil; e os EUA, em torno de 20 mil, número maior que o sugerido pela OIE.

Os testes precisam ser efetivos e dirigidos, disse a FAO. Testes adicionais deveriam ser feitos em todos os animais que morreram ou foram sacrificados de outra forma que não o abate de rotina.

Retornando segurança aos consumidores

Sabendo-se que a EEB está presente e as medidas de controle ainda não foram estritamente aplicadas, um amplo programa de testes está sendo requerido, disse a FAO. O teste de todos os animais abatidos com mais de 30 meses é uma medida para aumentar a segurança dos consumidores.

Para devolver a segurança a seus consumidores e encontrar o máximo de casos de EEB possível, a União Européia (UE) testou mais de nove milhões de animais em 2002/03, com a França e a Alemanha testando quase três milhões cada. A Suíça testou 170 mil e o Japão, virtualmente, todas as vacas (500 mil).

Os custos dos testes são estimados em aproximadamente US$ 50 por animal. Considerando o potencial dano de surtos de EEB para a saúde humana e os mercados de carne, os testes podem ser considerados como custo-efetivos, segundo a FAO.

Se as medidas de controle na ração, na carne e nas indústrias de descarte estiverem instaladas e forem efetivamente implementadas, os riscos da presença de material infectado na cadeia de alimentos humana são muito pequenos, mesmo em países onde a doença está presente.

Para ajudar os países a implementar estritos controles, a FAO tem realizado projetos de treinamento em vários países e facilitado a cooperação entre a Suíça, que lidou de forma bem-sucedida com a crise da EEB, e os países do Leste Europeu, África e América Latina.

Este projeto de treinamento tem como objetivo não somente inspetores e profissionais de laboratório, mas também, aqueles envolvidos nas indústrias de ração e carnes, de forma que eles sejam treinados para “boas práticas” que minimizem os riscos na cadeia de alimentos humana.

Fonte: FAO.org, adaptado por Equipe BeefPoint

Os comentários estão encerrados.