Para a FAO, a criança que trabalha na criação de gado corre o risco de ver seu desenvolvimento físico, mental, moral e social perturbado. Trabalhar em contato direto com o gado aumenta também o risco de contrair doenças e ser ferido por um animal.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) alerta para o crescente uso de trabalho infantil na pecuária e em matadouros em vários países, incluindo o Brasil, num relatório que pode colocar pressões sobre métodos da produção de carne no país. Conforme a FAO, a agricultura é o setor onde se encontra o maior numero de trabalhadores infantis. Em nível mundial, a pecuária representa 40% da economia agrícola.
O relatório reproduz documento do Departamento de Trabalho dos Estados Unidos, que coloca o Brasil na companhia da Bolívia, Chade, Etiópia, Lesoto, Mauritânia, Namíbia, Paraguai, Uganda e Zâmbia na utilização de trabalho infantil ou forçado na criação de gado. As conclusões do estudo vão alimentar os debates na terceira conferencia mundial sobre trabalho infantil, que ocorrerá em outubro no Brasil. Competidores poderão utilizar o documento para denunciar supostas práticas no país.
O relatório da FAO considera que o problema de trabalho perigoso ou potencialmente nocivo dado às crianças na produção de gado recebeu menos atenção do que outras áreas da agricultura. Mas nota que a incidência da prática é grande na pecuária, ainda mais levando-se em conta que a renda de 70% de 880 milhões de produtores rurais pobres no mundo é inferior a um dólar por dia.
Segundo a FAO, alguns estudos de casos específicos por país mostram que na pecuária ocorre de crianças começarem a trabalhar muito cedo, entre 5 e 7 anos de idade. Diz que as condições de trabalho das crianças varia muito. Algumas crianças trabalham com o gado algumas horas por semana, o que lhes permite continuar os estudos, enquanto outras ficam dias e dias longe de casa.
Para a FAO, a criança que trabalha na criação de gado corre o risco de ver seu desenvolvimento físico, mental, moral e social perturbado. Trabalhar em contato direto com o gado aumenta também o risco de contrair doenças e ser ferido por um animal. ‘A redução do trabalho infantil na agricultura não é apenas uma questão de direitos humanos, mas também de elementos suscetíveis de assegurar uma segurança alimentar e desenvolvimento rural realmente duradouros’, diz Jomo Sundaram, sub-diretor da FAO, em comunicado.
‘O trabalho das crianças prejudica as oportunidades de emprego decente a oferecer aos jovens, sobretudo quando interfere em sua educaçao escolar’, acrescenta.
Fonte: jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.