FAO: preços baixos podem provocar queda na produção

Com as incertezas no mercado financeiro, desaceleração da economia mundial e boas colheitas, os preços dos principais cereais estão em queda no mercado internacional. Mas Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) prevê que a atual baixa das cotações deve ter prazo curto, já que pode levar os agricultores a reduzir a produção e provocar novo recorde de preços dos alimentos em 2009.

O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, alertou ontem que, nesse cenário, os problemas financeiros podem provocar uma nova crise alimentar no ano que vem, apesar de uma colheita recorde praticamente confirmada para 2008.

Um relatório do órgão estima que a produção global de cereais deve crescer 4,9% e alcançar volume recorde de 2,232 bilhões de toneladas este ano, consideravelmente maior do que projeções anteriores. Isso em razão de maiores safras para grãos na Europa, de milho principalmente em terras dos Estados Unidos e de grãos forrageiros em geral e arroz na Ásia.

Diouf destaca que como os estoques de cereais continuam baixos apesar do aumento da produção, esse cenário – preços baixos e possível retração na produção – pode levar a outro ciclo de preços alimentares recordes no ano que vem.

Para o diretor da FAO, isso será uma catástrofe para os pobres. Assim, uma nova onda de valorização de preços atingirá em cheio milhões de pessoas que se encontram sem recursos e sem créditos. Ele argumenta que a explosão de preços em 2007 jogou 75 milhões de pessoas “na fome e na pobreza” em países em desenvolvimento.

A matéria é de Assis Moreira, publicada no jornal Valor Econômico, resumida e adaptada pela Equipe BeefPoint.