Mercados Futuros – 12/06/07
12 de junho de 2007
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14 de junho de 2007

FAO preve crescimento no mercado mundial de carnes

Os preços das carnes se fortalecerão em 2007 à medida que a demanda se recupera, mas os maiores preços dos alimentos animais estão pressionando a lucratividade das fazendas. As exportações do Brasil deverão aumentar cerca de 8% e ultrapassar o volume de 2 milhões de toneladas em 2007, com os principais mercados sendo Egito, União Européia (UE), Irã e Rússia.

Os preços das carnes se fortalecerão em 2007 à medida que a demanda se recupera, mas os maiores preços dos alimentos animais estão pressionando a lucratividade das fazendas.

O mercado global de carnes está progressivamente caracterizado por caminhos divergentes entre aumento na produção e tendências de consumo dos países em desenvolvimento contra dinâmicas mais estáveis nos mercados maduros dos países desenvolvidos.

O índice de preços de carnes da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) se recuperou do baixo valor de 112 atingido em março de 2006 para 121 pontos em março de 2007 (1998-2000=100). O aumento ocorreu apesar da recuperação menor do que a esperada no consumo global de carnes e maiores ofertas de carne bovina em um curto período chegando aos mercados internacionais vindas da Oceania, onde a seca está estimulando o abate dos rebanhos. O aumento nos preços afetou os três principais grupos de carnes – bovina, suína e aves – a uma extensão similar.


A escassa oferta de carne bovina tem servido de base para os preços mundiais desde o final de 2006, como se refletiu no índice de preços de carne bovina da FAO, que atingiu o valor de 135 em março de 2007, mais que os 125 de março de 2006.

A disponibilidade mundial de carne bovina continua limitada, à medida que o contexto que envolve o comércio entre o mercado da Ásia e a América do Norte tem desacelerado a recuperação do fluxo comercial de carne bovina do Canadá e dos Estados Unidos, após a retirada das barreiras comerciais relacionadas à Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), que coincidiu com o fortalecimento da demanda de importação da maioria das regiões do mundo.

Tabela 1. Mercados mundiais de carnes


Produção

A produção global de carnes em 2007 deverá aumentar em 2,3% para quase 283 milhões de toneladas, um aumento de mais de 6 milhões de toneladas com relação ao ano anterior, dentro do contexto de uma recuperação na confiança dos consumidores nos produtos de carne. Cerca de dois terços dos ganhos na produção deverão derivar de expansões na Ásia, particularmente na China, responsável por três quartos da expansão na Ásia. O contínuo alto crescimento econômico está suportando o aumento no consumo per capita na Ásia e estimulando a expansão global na produção de carnes.

O potencial da América do Sul para ganhos muito maiores na produção poderá ser afetado por um aumento nos custos dos alimentos animais, um baixo estoque de carne bovina no Brasil e recentes desenvolvimentos políticos no setor de carne bovina da Argentina. De acordo com as atuais previsões, a produção de carne pelos países em desenvolvimento poderá crescer em 3% em 2007, mais de três vezes mais rápido do que o esperado para os países desenvolvidos. Isso deixará a participação dos países em desenvolvimento na produção global de carnes inalterada, em cerca de 60%, após ter aumentado de 43% no começo dos anos noventa devido aos contínuos investimentos no setor.

A produção de carne bovina deverá aumentar pouco em 2007 para 67 milhões de toneladas. A recuperação dos preços está estimulando a retenção de animais para a reconstrução dos rebanhos e os maiores preços dos alimentos animais poderão afetar negativamente o peso dos animais ao abate. Além disso, o contínuo declínio no estoque bovino do Brasil e as medidas políticas da Argentina (tarifas de exportação e restrições às exportações de carne bovina), que foram implementadas para manter os preços da carne bovina no mercado doméstico acessíveis e a inflação sob controle, estão levando a um crescimento negativo na produção de carne nestes dois países. A maioria dos ganhos significantes na produção, com exceção da Nova Zelândia, deverá se concentrar em poucos países em desenvolvimento, particularmente nas dinâmicas econômicas da China e da Índia.

Utilização

À medida que o crescimento econômico global para 2007 permanece forte, a maior confiança dos consumidores juntamente com a redução dos surtos de doenças resultou em uma maior demanda nos países em desenvolvimento da Ásia. Por outro lado, os mercados de carne mais maduros dos países desenvolvidos deverão registrar somente um aumento modesto na demanda em 2007.

À medida que as preocupações com a saúde humana relacionadas à influenza aviária diminuem, o consumo per capita de carnes deverá aumentar em 1%, para quase 41 quilos por ano, o que é mais do que o nível antes da doença. Com os consumidores nos países em desenvolvimento diversificando suas dietas, deixando de lado os principais cereais e adotando dietas e práticas de consumo mais ocidentalizadas, cerca de 80% do crescimento na utilização de carnes deverá ocorrer nestas regiões. Enquanto os níveis per capita nos países em desenvolvimento deverão aumentar um pouco mais de 0,5 quilos, para 32 quilos em 2007, este nível ainda é menos da metade do das regiões desenvolvidas.

Comércio

Os surtos de doenças animais nos últimos anos têm afetado os padrões comerciais estabelecidos para produtos de carne e criado instabilidades de curto prazo em importantes países exportadores, permitindo que países exportadores livres de doenças ganhassem uma maior participação no mercado. As importações líquidas de carnes de muitos dos maiores países importadores deverão aumentar em 2007, incluindo aquelas na Europa, China e Japão. Após um declínio em 2006, a dependência das importações de carne dos LDCs (países menos desenvolvidos que se encontram no patamar mais baixo de desenvolvimento) deverá aumentar de 8% em 2006 para 8,7% em 2007.

A recuperação no consumo pode preparar o caminho para um aumento de quase 5% no comércio de carnes em 2007, para 22 milhões de toneladas. Embora as previsões comerciais para a maioria das carnes pareçam favoráveis, o setor de aves deverá ser responsável por 59% de toda a expansão, beneficiando-se principalmente de uma retirada das restrições comerciais relacionadas à influenza aviária. Em 2004, o Brasil ultrapassou os EUA como o maior exportador de carne do mundo e manteve cerca de 25% de participação no mercado mundial desde então. As exportações de carne do Brasil deverão se expandir em 9% em 2007, apoiadas pela maior demanda nos tradicionais mercados africanos e Oriente.

O comércio de carne bovina deverá registrar um crescimento de 3%, para 7,1 milhões de toneladas em 2007. As maiores compras pelos EUA, principalmente consistindo de cortes de baixa qualidade, ajudarão a superar as limitações da oferta doméstica, à medida que o país está em fase de reconstrução do rebanho. O antecipado crescimento comercial também reflete expectativas de maiores importações por Chile, Egito e Japão, onde a produção não está acompanhando o ritmo do consumo. Quanto às exportações, grande parte da expansão esperada deverá se originar do Brasil, Nova Zelândia e Estados Unidos, enquanto as exportações de Argentina, Austrália e Canadá deverão declinar, em meio a fatores limitantes como políticas de exportação, clima adverso, menores estoques bovinos ou valorização monetária.

As exportações do Brasil deverão aumentar cerca de 8% e ultrapassar o volume de 2 milhões de toneladas em 2007, com os principais mercados sendo Egito, União Européia (UE), Irã e Rússia. Entretanto, o aumento nas exportações do país poderá ser enfraquecido à medida que a Rússia está buscando diversificar a origem de suas importações de carne bovina e a UE está se tornando cada vez mais preocupada com a política de controle da febre aftosa do Brasil. As exportações de carne bovina do Brasil poderão deslocar produtos do Uruguai, cujas exportações deverão declinar um pouco com relação ao ano anterior.

Apesar da recuperação, as vendas de carne bovina dos EUA deverão permanecer abaixo dos níveis de antes da EEB, dada à lenta recuperação na demanda do Japão. Isso é principalmente devido à introdução de um período de inspeção para avaliar o nível de aceitação da carne bovina dos EUA pelos consumidores japoneses e pelas estritas condições de importação impostas à carne bovina dos EUA. As exportações da UE deverão desmoronar para um dos mais baixos níveis já registrados, confirmando a tendência vista após a implementação da reforma da Política Agrícola Comum (PAC).

Equipe BeefPoint, com dados da FAO.

0 Comments

  1. Fernando Bernardo Antunes disse:

    Esse artigo é muito importante, para produtores que atuam na cadeia da carne, estão visando uma boa lucratividade para este ano.