Fechamento – 11:45 – 28/11/01
28 de novembro de 2001
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30 de novembro de 2001

Farelo proteinoso de milho – Parte 1

Introdução

O que é farelo proteinoso de milho?

O farelo proteinoso de milho é composto basicamente pelas fibras digestíveis do grão de milho e parte do glúten, além de parte do amido e frações protéicas não extraídas no processo primário de separação, e enriquecido com água de maceração concentrada. Nas tabelas de nutrição animal é também denominado como “corn gluten feed”. O produto é largamente utilizado nos Estados Unidos – maior produtor mundial – e exportado para a Europa. É produzido no Brasil desde a década de 30 pela CORN PRODUCTS BRASIL LTDA (produto comercial REFINAZIL) e pela CARGIL (produto comercial PROMIL), sendo largamente utilizado pelas fábricas de rações e cooperativas leiteiras e cada vez mais em fazendas que misturam suas próprias rações.

Qual a sua composição nutricional?

As especificações físico-químicas (níveis de garantia) são indicadas no Quadro 1, e os níveis complementares (composição nutricional), extraídos da literatura especializada, estão no Quadro 2. São estas propriedades que conferem ao produto características indicativas de utilização na alimentação de ruminantes, por ser bem balanceado em proteína e energia, facilitando a formulação de dietas para animais de diversas categorias.

Quadro 1- Especificações do farelo proteinoso de milho SECO

Por que utilizá-lo úmido?

Com os crescentes aumentos dos preços da energia elétrica nas últimas décadas, os custos de secagem podem, em determinadas circunstâncias, inviabilizar o uso do produto seco, o que tem incrementado a utilização deste na forma úmida. Diferentemente do produto seco, que possui na indústria de rações o seu principal cliente, o produto úmido é comercializado diretamente aos produtores rurais localizados nas regiões circunvizinhas das indústrias de moagem de milho.

O produto pode então também ser utilizado na forma úmida, sem sofrer a secagem após a separação da fibra e adição da água de maceração concentrada. Neste caso, apresenta teor mínimo de 40% de matéria seca, 9,5% de proteína (base comercial) e pH em torno de 4,0. Desta forma, é largamente utilizado nos Estados Unidos, Canadá, México e Argentina na alimentação de bovinos de corte e leite, com a denominação de Wet Corn Gluten Feed.

A literatura mostra que sua utilização tem as mesmas vantagens do produto seco, com redução de custo em virtude da economia no processo de secagem, possibilidade de maior inclusão devido à excelente palatabilidade do farelo úmido, sendo mais vantajoso que outros ingredientes usados em dietas que requerem certa umidade, como a cevada úmida ou o resíduo de cervejaria, já que apresenta composição constante e disponibilidade o ano todo.

Quadro 2 – Níveis complementares do farelo proteinoso de milho


Fontes: NRC – GADO DE LEITE, 1989; U.S.A.-CANADIAN TABLES OF FEED COMPOSITION, 1989; LATIN AMERICAN TABLES OF FEED COMPOSITION, 1974 CORNELL, 1990

O Refinazil úmido apresenta teores médios de matéria seca de 43% e valores de nutrientes em base seca, 21% de proteína bruta, 3% de extrato etéreo, 7% de matéria mineral e 1,3% de fósforo. Quanto ao teor de cálcio, há uma variação muito grande com valores mínimos de 0,03%, e máximos de até 0,36%. Possui 3,66 Mcal de energia digestível por quilo de matéria seca, ou 89% de NDT, ou 1,91 Mcal ELl/kg MS, o que possibilita que, além de ser utilizado como fonte de nitrogênio, possa suprir energia em dietas para bovinos.

No Quadro 3 é apresentada a composição química do farelo de milho úmido com base em análises de diversos trabalhos de pesquisa. Os teores de minerais, como seria esperado com base no teor de matéria mineral, são muito baixos com exceção do enxofre, que variou de 0,13 a 0,20%. Esse teor de enxofre é provavelmente devido à água sulfitada usada no processo de maceração antes da moagem do grão de milho. Portanto, a utilização deste na alimentação animal exige uma suplementação mineral adequada. A fração protéica desse subproduto é proveniente quase na sua totalidade da proteína zeína do milho. Essa fração protéica do grão de milho caracteriza-se pelo seu baixo valor biológico em função do desbalanceamento de aminoácidos essenciais na sua composição.

Para vacas leiteiras, em especial animais de alto potencial de produção, que em geral recebem pouco volumoso, ou quando este é de baixa qualidade, e também concentrados ricos em amido; o produto por conter pouco amido e alto teor de fibras digestíveis (45% de FDN) de alta e rápida digestibilidade, constituindo-se em uma fonte segura de energia. Além disso, dietas com alto teor de amido podem levar a uma redução do pH ruminal, o que compromete a digestão das fibras, eventualmente resultando em problemas como acidose, laminite, queda na condição corporal e conseqüente redução na produção de leite e em seu teor de gordura. Portanto, o farelo contribui para melhorar a saúde ruminal, por diminuição no fornecimento de carboidratos e aumento de fibra efetiva na dieta, possibilitando também, a substituição de parte do volumoso, sem as desvantagens de outros ingredientes tradicionais. Deste modo, é um ingrediente que substitui parte dos volumosos e parte dos concentrados em dietas normais, não apresentando restrições de palatabilidade/aceitabilidade.

Quadro 3 – Composição bromatológica do farelo proteínoso de milho úmido (% base seca)

1 – MS:matéria seca, PB: proteína bruta, FB:fibra bruta, EE:extrato etéreo, MM:matéria mineral, EB:energia bruta (Mcal/kg MS), ED: energia digestível (Mcal/kg MS), FDA:fibra detergente ácido, FDN:fibra detergente neutro, Ca:cálcio e P:fósforo.

De maneira geral, a maioria das dietas apresenta níveis baixos de proteína solúvel, sendo seu nível ideal de 30%. O farelo de milho aumenta a eficiência na produção de proteína microbiana em dietas que contenham carboidratos prontamente fermentescíveis no rúmen, em geral ricas em milho em grão, pelo fato de 48% de sua proteína ser de rápida solubilização no rúmen, possibilitando pronta utilização por parte dos microrganismos ruminais. O produto pode ser utilizado em substituição à parte da silagem de milho, em níveis de 15 a 20%, com ligeiro aumento na produção de leite e manutenção do teor de gordura, desde que se utilize bicarbonato de sódio na dieta, conforme experimentos citados na literatura.

Comentário BeefPoint: Existem muitos trabalhos na literatura se referindo à CASCA OU FIBRA ÚMIDA DE GRÃOS DE MILHO. A diferença entre esse produto e o farelo (Refinazil ou Promil) é a não adição de água de maceração, reduzindo-se a proteína bruta para valores próximos de 12%. Com uma menor utilização dessa água para outros fins, a indústria precisa criar um destino, e esse fim é a adição na casca e constituição do farelo proteinoso de milho. Atualmente, a sua venda é praticamente inexistente. A utilização do farelo de milho para bovinos é vantajosa como: fonte de proteína de baixo custo, fonte de energia em substituição de alimentos ricos em amido e fonte de fibra digestiva em dietas com pouco volumoso ou quando este for de baixa qualidade. O uso do farelo de milho na forma úmida ou seca depende, em primeira instância, do custo colocado na propriedade, ou seja, precisamos computar o preço do produto na fábrica, o custo do frete e o custo do seu armazenamento. Baseado nestes parâmetros, é possível determinar qual a melhor escolha para a propriedade.

Fonte: DEMARCHI, J. J. A. A.; POZZI, C. R.; ARCARO JÚNIOR, I.; GERDES, L. e SOUZA, E. F. Análise qualitativa e de conservação do farelo de milho úmido (wet conr gluten feed). In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 35, Botucatu, 1998. Anais… Botucatu, 1998, p.275-77.

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