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Fatores que afetam o consumo de gramíneas forrageiras e o desempenho animal

O consumo voluntário de forragem é a quantidade de alimento ingerida num determinado espaço de tempo, sendo controlado por diversos fatores.

O consumo voluntário de forragem é a quantidade de alimento ingerida num determinado espaço de tempo, sendo controlado por diversos fatores. Basicamente, pode-se considerar que o consumo voluntário de forragem é afetado pela a quantidade de forragem ofertada, o valor nutritivo da planta e o estado fisiológico do animal (manutenção, crescimento, gestação ou lactação). Sendo que, qualquer fator que influencie o consumo, positiva ou negativamente, tem relação direta com o desempenho do animal.

A princípio, o primeiro fator a limitar o consumo de animais em pastejo é a oferta de forragem. Quando a massa de forragem é adequada à carga animal, os animais não têm dificuldade em satisfazer o seu apetite, o aspecto nutritivo vai ser o limitante de consumo. Baixos valores de proteína bruta (PB), altos teores de fibra e baixa digestibilidade, vão limitar o consumo total de matéria seca (Figura 1).


Figura 1: Esquematização das limitações não nutricionais e nutricionais da disponibilidade da forragem e consumo pelos animais.

O comportamento ingestivo de bovinos tem alta relação com altura, densidade e a presença de matéria verde. O “bocado” é unidade funcional do consumo, sendo que cada “bocado” é definido como uma série de movimentos das partes da boca na apreensão da forragem. Em pastagens com baixa disponibilidade, o consumo por “bocado” e a taxa de bocado são menores, com tempo de pastejo maior na tentativa de minimizar a baixa eficiência de apreensão de alimentos nessa condição.

A presença de massa verde é associada de maneira positiva com o tamanho de bocado e a dieta selecionada pelo animal, enquanto a quantidade de folhas mortas é associada de maneira negativa à dieta selecionada e o tamanho do bocado. Na figura 2 podemos observar que o aumento na quantidade de MS de lâmina de folhas verdes por 100 kg de PV reduz o tempo de pastejo.


Figura 2: Tempo de pastejo em função da oferta de forragem.
Fonte: Gontijo Neto, et al. (2006)

A característica das pastagens tropicais que apresenta maior relação com o consumo e ganho de peso dos bovinos é a quantidade de massa verde (figura 3). O aumento no tempo de pastejo em decorrência a maior seletividade aumenta o gasto de energia para mantença, o que muitas vezes está associada à baixa qualidade nutricional, resultando em baixo desempenho animal. Todavia, caso não houvesse esse aumento na seleção de folhas, a queda no ganho poderia ser ainda maior.


Figura 3: Relação entre a disponibilidade de matéria verde e ganho de peso de bovinos em pastagens de Panicum e Brachiaria.
Fonte: Euclides (2000).

Animais em pastejo selecionam altas proporções de folhas verdes. O máximo de ganho de peso observado na figura 3 foi atingido com ofertas de 1000 e 900 kgMVS/ha, para brachiaria e panicum, respectivamente. Abaixo destas ofertas, a pequena quantidade de forragem disponível estava limitando o consumo. No entanto com o aumento da oferta de MVS, o valor nutritivo das plantas passou a ser o fator limitante, uma vez que o ganho não aumentou com o aumento na oferta de forragem.

A quantidade de forragem disponível aos animais, além dos fatores ambientais, é ponto chave no ajuste da lotação, sendo que em situações de super pastejo, há limitação na quantidade de forragem e, conseqüentemente, no consumo, enquanto que com subpastejo há maior possibilidade de seleção aos animais, melhorando a qualidade da dieta total, e do ganho individual.

Referências bibliográficas

EUCLIDES, V.P.B. Intensificação da produção de carne bovina em pastagem. Curso de suplementação em pasto e confinamento de bovinos. 2000. capturado em: < http://www.embrapa.com.br/gadodecorte. GONTIJO NETO, MIGUEL MARQUES ET AL. Consumo e tempo diário de pastejo por novilhos Nelore em pastagem de capim-tanzânia sob diferentes ofertas de forragem. R. Bras. Zootec, vol.35, no.1, p.60-66, 2006.

2 Comments

  1. Roney Mendes de Arruda disse:

    Muito interessante, não só ter a forragem disponível, mas também saber como será ingerida e transformada em proteína animal. É muito valioso observar o comportamento animal.

  2. Leandro Kapelinski disse:

    Essas informações me ajudarão muito!