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25 de outubro de 2001
Encontro de frigoríficos na Bahia começa hoje.
29 de outubro de 2001

Fatores que influenciam a fisiologia testicular e desempenho sexual em touros

Alexandre Barreto de Almeida1

Os produtores de gado de corte que possuem uma estação de monta definida dentro da propriedade conseguem padronizar seus produtos, além de oferecer aos bezerros uma época propícia de alimentos e menores riscos de infecções e infestações. Como já mencionado em nossos artigos, em todo ínicio de estação de monta é necessário a realização do exame andrológico para otimizar os fatores que influenciam a produção espermática e libido para o sucesso reprodutivo dos machos.

Dentro das inúmeras raças utilizadas para a cobertura a campo, existem aquelas que apresentam uma maior ou menor capacidade de se adaptar às variações do meio ambiente. A interação entre clima, nutrição, comportamento sexual e qualidade do sêmen está diretamente relacionada com a fertilidade dos machos.

Na época das águas, a luminosidade, o calor e a umidade propiciam uma pastagem de melhor qualidade desencadeando um maior equlíbrio alimentar para que a produção de hormônios sexuais e de espermatozóides não sejam comprometidos. O pleno desenvolvimento e funcionalidade dos testículos estão relacionados com a puberdade e precocidade sexual, e o não funcionamento adequado deste órgão compromete a reprodução dos animais.

As altas temperaturas encontradas durante a estação de monta faz com que os animais mais adaptados possuam uma performance reprodutiva melhor que outros menos adaptados. A temperatura exerce alta influência sobre a atividade testicular. Assim, os testículos possuem mecanismos de manutenção e defesa do calor. O resfriamento do escroto pela sudorese é um meio eficiente para esse propósito. Além da sudorese, dois outros recursos são utilizados para a regulação: um muscular e outro circulatório. Quando a temperatura corporal se eleva, os bovinos possuem um arranjo muscular no qual o músculo cremaster externo distancia as gônadas do organismo o máximo possível, permitindo que a temperatura dos testículos permaneça inferior à temperatura corpórea. O sistema circulatório também participa na tentativa de diminuir a temperatura testicular através do plexo pampiniforme . Este plexo tem uma importante função termo-reguladora dos testísculos abaixando a temperatura do sangue na artéria espermática em até 4ºC inferior à temperatura corporal. Por outro lado, quando os animais enfrentam temperaturas muito baixas, os músculos cremaster e túnica dartos, se contraem na tentativa de elevar a temperatura dos testículos aproximando-os do corpo.

A produção de espermatozóides ou gametas masculinos ocorre no epitélio dos tubos seminíferos a partir da puberdade. Ao conjunto das transformações por que passam os elementos da linhagem seminal até se constituir o espermatozóide, dá-se o nome de espermatogênese. A progressão evolutiva que compreende desde a formação da espermatogônia até a formação do espermatozóide envolve as fases de multiplicação, crescimento, maturação e diferenciação.

Cada espécie animal possue diferenças quanto à duração da espermatogênese. Nos bovinos, a duração média para a produção de espermatozóides é de 53 dias. Nem todo espermatozóide formado consegue ser ejaculado. Parte deles se perde durante o transporte pelas vias espermáticas devido à dissolução e reabsorção dos elementos constituintes do sêmen. A maior ou menor produção de espermatozóides depende da espécie animal, bem como do volume testicular, de fatores estimulantes e limitantes da espermatogênese, bem como varia de animal para animal.

O número de espermatozóides ejaculados é influenciado pela excitação sexual e freqüência da ejaculação. As centrais de coleta de sêmen estabelecem uma rotina de trabalho, geralmente coleta-se duas vezes ao dia em dois dias da semana, além de capacitar os funcionários para que a excitação dos animais seja feita de maneira correta para maximizar a produção de sêmen.

O declínio da atividade testicular ocorre com a senilidade dos animais. Porém, fatores que predispõem os testículos à degeneração, tais como processos infeciosos, nutricionais, genéticos e hormonais acarretam atrofia do epitélio seminífero reduzindo o volume testicular e inteferindo na espermatogênese como a causa mais comum na redução da fertilidade ou esterilidade nos machos.

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1Pós-graduando em mestrado pelo Departamento de Reprodução Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia – USP

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