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Fatores visuais que influenciam o manejo de bovinos de corte

Os bovinos possuem boa qualidade de visão, inclusive noturna, enxergando muito bem durante a noite. Diferente dos humanos, os bovinos possuem uma visão panorâmica, devido à posição de seus olhos, que afastados conseguem enxergar atrás da cabeça, adquirindo uma visão de 360 graus quase perfeita. Porém, possuem um ponto cego atrás da cabeça que devemos ter sempre cuidado para não permanecer nesse local, pois se o animal não enxergar o momento da aproximação humana, não saberá o que é, podendo se assustar e atacar, tendo reações bruscas como coices, por exemplo.

Os bovinos possuem boa qualidade de visão, inclusive noturna, enxergando muito bem durante a noite. Diferente dos humanos, os bovinos possuem uma visão panorâmica, devido à posição de seus olhos, que afastados conseguem enxergar atrás da cabeça, adquirindo uma visão de 360 graus quase perfeita. Porém, possuem um ponto cego atrás da cabeça (Figura 1) que devemos ter sempre cuidado para não permanecer nesse local, pois se o animal não enxergar o momento da aproximação humana, não saberá o que é, podendo se assustar e atacar, tendo reações bruscas como coices, por exemplo.

Figura 1. Descrição da faixa de visão dos bovinos


Os bovinos preferem locais escuros, pois esses pontos permitem a esses animais se esconderem de predadores e, por isso, sente-se mais seguros. Apesar de preferirem locais escuros para permanecerem, os bovinos não gostam de sair do claro para o escuro, ou de qualquer outra situação que os deixem temporariamente cegos, pelo fato de ter que adentrar ao “desconhecido”.

Isso também inclui caminhar em direção a fonte de luz forte, que impeça aos animais enxergar aonde estão indo, esse fato acaba causando-lhes medo e estresse, devido ao não desenvolvimento de uma capacidade mental que é chamada de “adaptação ocular diante de mudança súbita na iluminação”. Esse fato mostra ser necessário o uso de iluminação indireta quando necessário o manejo nas propriedades durante as horas escuras do dia (Figura 2).

Figura 2. Uso de luz indireta, iluminando o local para onde o animal deve ir


Sombras e mudanças súbitas de cor de equipamentos, como pintar os portões de uma cor e o estábulo de outra ou a presença de barras metálicas em currais que com o sol criam um reflexo muito brilhante, também são vistos como ameaças para os bovinos. Essas situações farão o animal empacar quando se deparar com sombras, reflexos brilhantes e mudanças súbitas de cores, principalmente em ambientes desconhecidos, gerando transtorno e perda de tempo durante o manejo (Figura 3).

Além disso, tratadores e funcionários simplesmente não têm idéia do que está acontecendo, reagindo de forma ainda mais irracional, fazendo uso de utensílios como troncos de madeira e bastões elétricos para forçarem a movimentação do animal empacado, provocando reações agressivas que ocasionam lesões musculares e perdas econômicas nos casos de abate.

Figura 3. Presença de sombra dentro da área de manejo.


Com a visão dicromática ou visão de duas cores, alguns animais como os bovinos enxergam melhor a cor verde-amarelada e o roxo-azulado, o que significa que devemos ter muito cuidado com essas cores no ambiente em que o animal é manejado, pois são cores de alto contraste para os bovinos em geral, causando-lhes preocupação e receio.

Os bovinos possuem também a capacidade de enxergar contrastes mais intensos de luz e cores, o que os fazem pensar que manchas escuras são mais profundas do que as mais claras, de tal forma que um pequeno buraco no chão seja visto como um abismo, sendo este o motivo de não conseguirem muitas das vezes atravessar mata-burros em estradas.

Outros fatores de importante observação são objetos que se movam e que muitas das vezes são impercebíveis pelos humanos, como um simples pedaço de plástico na cerca, ou capa de chuva localizada perto do brete ou mangueiro.

O manejo adequado dos bovinos é de extrema importância dentro da cadeia da pecuária de corte, por interferir desde os custos de produção (tempo gasto e mão de obra utilizados no manejo), passando pelo rendimento no abate até a qualidade dos cortes produzidos. Portanto, é de extrema importância darmos maior atenção e tratarmos com mais profissionalismo o manejo dos bovinos desde o nascimento até o abate.

Referências bibliográficas:

GRANDIN, T. Animal Handling in meat plants. Grandin Livestock Handling System. Fort Collins, CD-ROM, 2005.

GRANDIN, T; JOHNSON, C. Na língua dos bichos. Rocco, p. 30-55, 2006.

JACOBS, G. H. DEEGAN, J.F., NETZ, J. Photopigment basic for dichromatic color vision in cows, goats and sheep. Visual Neuroscience, p.184, 1998.

7 Comments

  1. Rodrigo Cavalheiro Gomes disse:

    Para obter maior rapidez no manejo do gado dentro do curral, acabei de instalar um “choque”, já que o gado está com receio de, principalmente, entrar no tronco de contenção para vacinação e outros cuidados. Lendo a reportagem acima, fiquei preocupado quanto à possibilidade do mesmo vir à prejudicar a qualidade da carne e consequentemente isto trazer prejuízo econômico, isto realmente pode acontecer?

  2. Alexsandro Mendonça disse:

    Muito bom esse artigo !!!

    A Dra Grandin nos mostra como os animais tem sensibilidade sensoriais , de tal maneira que podemos raciocinar sobre o modo de agir dos bovinos ,como eles veêm ,as suas preferencias . O que nos leva a crer mais uma vez que o Bem Estar animal e´muito importante , tanto quanto ou ate´mais que uso de um produto para produção animal ; e´ fudamental que nos possamos compreender isso.
    A aplicação do Manejo Racional leva a uma produção animal melhor e com mais qualidade , superando suas expectativas .

  3. Nilson Paulo Michel Missel disse:

    Muito bom o artigo em pauta. Por ter uma atividade mais voltada para ovinos pergunto se a visão desta espécie é similar a dos bovinos?

  4. André Alves de Souza disse:

    Prezado Rodrigo Cavalheiro,

    Primeiramente aconselharia que verificasse as condições de suas instalações, eliminando fatores (descritos no artigo) que possam causar medo e/ou estresse, fazendo com que o animal “empaque” ou tenha receio de entrar nas áreas de manejo.

    O bastão de choque jamais deve ser utilizado nos manejos diários dos bovinos, pelo fato do animal que tenha a experiência do choque dentro das áreas de manejo, armazenam tal infomração, relacionando o sofrimento com o local de ocorrência.

    Portanto, a utilização do choque só é aceitável nas áreas de manejo, nos casos extremamente necessários, como nos embarques de animais para abate, pois nessa situação, os animias não retornaram a área de manejo. Importante ressaltar que a utilização do bastão de choque deve ser mínima, jamais ultrapassando 25% do total dos animais manejados.

    É importante lembrarmos que o uso dessa ferramenta pode levar à lesões (pequenas hemorragias), bem como lesões em consequências dos movimentos bruscos realizados pelo animal em resposta ao estímulo do choque. Nunca deve-se encostar o bastão de choque na região dos olhos, boca e orgãos genitais.

    Volto a ressaltar que a utilização do choque deve ser evitada ao máximo.

    Forte abraço.

  5. Tatiana Ichioka Ferreira disse:

    Prezado Sr. Nilson Paulo Michel Missel,

    A visão dos ovinos é muito similar a visão dos bovinos, pois ambos são classificados como presas, possuindo características tipicas como os olhos localizados das extermidades laterais da cabeça o que lhes confere uma visão panorâmica, dificuldade de adaptação a iluminação (escuro/claro), diferenças de cores, dentre outros fatores descritos no artigo.

    Atenciosamente,

    Tatiana Ichioka

  6. roberto sampaio aguilar disse:

    Caro Rodrigo gostaria de fazer uma sugestão a você, perca um pouco a mais de tempo com o gado no curral, pois é muito mais vantajoso você demorar mais para efetuar um manejo, do que fazê-lo de forma apressada, pois os animais ficam estressados e demoram a recuperar-se.

    Se o gado já tem receio de entrar no tronco é porque já tem lembrança de algo que os incomoda lá dentro, da mesma forma que pode acontecer com gado que não quer entrar no curral.

    Sugiro a você que prenda o gado no curral e deixe abertos os portões do tronco para o gado passar livremente por ele uma vez, talvez você possa aproveitar esse momento para tomar um tereré com a vaquerada.

    Se distancie do curral enquanto o gado transita livremente pelo tronco e você vai ver que se fizer isso com cada lote que se indispõe a fazê-lo verá que o resultado é excelente.

    Outro macete importante é na solta do gado quando já se faz nas horas entre 11 e 1 da tarde quando o gado neste momento está deitado ruminando.

    Melhor fazê-lo depois do almoço e perceba como o gado sai mais calmo do curral.

    Ressalto novamente que pressa no manejo significa ineficiência nos resultados finais.

    Abraço.

  7. paulo campaner disse:

    Estou começando a criar gado agora, me está sendo muito importante os artigos que estão no site.