Em São Paulo, já chega a 200 o número de pessoas que fazem parte da Associação dos Parceiros e Credores da Fazendas Reunidas Boi Gordo (APCBG). Segundo a associação, é esperado um aumento no número de participantes, que rapidamente deve chegar a 2500, representando um universo de 10% dos credores.
Segundo as declarações do advogado da empresa concordatária, Marcelo Fernandez, “não há necessidade de desconfiança entre os investidores porque a empresa irá honrar seus compromissos”. Fernandez informou que o pagamento deverá ser realizado em dois anos, conforme prevê a legislação. “Se as condições permitirem, pagaremos tudo antes do prazo. Quanto mais cedo levantarmos a concordata, melhor será para nós e para os credores”.
A dívida com os investidores, segundo o advogado, é de R$ 780 milhões, enquanto os ativos somam R$600 milhões. Esses ativos incluem 111 fazendas próprias e 29 arrendadas, num total em torno de 300 mil hectares. As fazendas ficam, na maior parte, no Mato Grosso e reuniam, no dia 15 de outubro, quando a empresa pediu concordata, aproximadamente 225 mil bois para engorda e comércio, além de reprodutores e matrizes.
Os investidores da Boi Gordo são principalmente profissionais de nível universitário e empresários dos setores de comércio, indústria e serviços. O negócio foi iniciado em 1988 com apenas 42 investidores, pelo pecuarista Paulo Roberto de Andrade, neto do também fazendeiro Joaquim Manoel de Andrade, um dos fundadores da cidade paulista de Santa Cruz do Rio Pardo.
O grande diferencial da empresa é dar a investidores urbanos e às pessoas que não têm propriedades rurais, uma opção terceirizada de engorda de bois. O mecanismo de investimento é o Contrato de Investimento Coletivo (CIC), que consiste na compra de arrobas de boi magro, por um período de 18 meses, com garantia de engorda de 42%, no mínimo, sobre o peso inicial, sendo os animais criados em semi-confinamento.
Segundo a Boi Gordo, o motivo principal por ter entrado em crise financeira seria a demora da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em autorizar a quarta emissão de CICs e o lançamento de debêntures no valor de cerca de 300 milhões. Em fevereiro deste ano, a empresa ainda tinha 29 mil investidores com contratos em aberto de engorda de bois. Entre abril e o mês passado, promoveu o resgate de contratos no valor de R$237,2 milhões, correspondentes a 6,6 milhões de arrobas de boi.
Fonte: Gazeta Mercantil, adaptado por Equipe BeefPoint