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Fazendeiros confirmam contrabando do Paraguai

Fazendeiros e administradores de fazenda nos municípios de Eldorado e Japorã (sul de MS), onde cinco focos de febre aftosa foram confirmados, afirmaram que há contrabando de gado paraguaio para a região e que a prática não é denunciada por medo de retaliação. Eles aceitaram falar com a reportagem com a condição de que os nomes não fossem revelados.

Uma fazendeira disse que, na região, todos sabem que há contrabando de gado paraguaio, mas ninguém ousa comentar por medo de pistolagem, principalmente porque as famílias ficam isoladas em suas propriedades.

Apesar de afirmarem que o gado paraguaio é comum, nenhum dos dez produtores ouvidos pela reportagem desde o final de semana passado disse ter animais contrabandeados em suas fazendas.

Um fazendeiro que está na região há 25 anos diz que há quem prefira trazer gado do Paraguai porque são animais mais baratos.

Eles contam que o gado é trazido do país vizinho geralmente à noite pela linha internacional, uma pequena estrada de terra no lado brasileiro da fronteira, cercada dos dois lados por sítios e fazendas. Só o município de Japorã tem 40 km de fronteira seca com o Paraguai.

Ao chegar ao Brasil, os comerciantes de animais, que são brasileiros, “esquentam” o gado contrabandeado com notas frias vendidas na região.

Para legalizar o gado contrabandeado, eles chegam a usar notas de animais que já morreram e ainda não tiveram a morte registrada oficialmente pela Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal).

No sul de Mato Grosso do Sul também existem pecuaristas que arrendam terras no Paraguai e que, dependendo da condição do pasto e do preço da carne, levam seus animais para o país vizinho.

O administrador de uma fazenda que fica em frente a uma propriedade onde há suspeita de aftosa diz que “nesta região é gado brasileiro passando para o Paraguai e de lá pra cá também”.

Em outra fazenda, o administrador diz que, apesar da “lei do silêncio”, se a crise se agravar, com novos focos e o abate de mais animais, os contrabandistas serão denunciados.

Fonte: Folha de S.Paulo (por Sílvia Freire), adaptado por Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Edson Carlos Poppi disse:

    Enquanto este problema de entrada de animais do Paraguai não for levado a sério pelas nossas autoridades, o Brasil, que produz carne de qualidade, ficará a mercê de catástrofes como esta.

  2. JOSÉ RONALDO FERNANDES disse:

    Os comentários que pude ler no artigo só vêm reforçar a política do faz de conta. Em toda fronteira seca, seja ela Paraguai ou Bolívia, essa pratica é corriqueira. Isto ainda existe nos dias de hoje porque as autoridades não querem ver a realidade que ai está.

    No meu ver, está na hora de esses três países sentarem e analisarem o problema de uma forma mais profunda. O contrabando só existe porque é vantajoso financeiramente para quem faz. Quando os preços estão melhores de um lado, os animais são comercializados para aquele lado ou vice-versa.

    Creio que o certo seria liberar de vez o comércio entre essas fronteiras e estabelecer uma legalização dos animais através de uma quarentena em que a entrada não é proibida, mas é obrigatória a comunicação aos órgãos sanitários e os mesmos vacinam e ficam em observação para só então serem liberados para comércio. Alguns vão dizer que seria uma loucura esta atitude. Loucura maior é continuar como está.

    O primeiro passo é o governo fazer por conta própria a rastreabilidade de todos os animais numa faixa bastante grande de fronteira, e só então liberar o comércio entre os paises. A partir daí, se não foi rastreado, não foi comunicado e vacinado, o gado e a fazenda são perdidos e os responsáveis presos.

    O segundo passo é esquecer os custos alfandegários e a burocracia habitual. Qualquer custo que se acrescente, o contrabando volta a ser viável.