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Febre aftosa não deverá afetar status da Argentina

A Argentina deverá manter seu status de país “livre de febre aftosa com vacinação” perante entidades internacionais de saúde animal mesmo após o recente surgimento da doença na província de Salta – área com baixa produção rural -, segundo informado por um oficial da organização na terça-feira. O país recuperou o status de livre da doença em maio, ante a Organização Internacional de Epizootias (OIE), após ter completado mais de dois anos sem a doença.

Autoridades sanitárias argentinas confirmaram na última sexta-feira casos de febre aftosa em suínos, no norte da província de Salta, levando seus vizinhos como Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai a fechar seus mercados à carne bovina argentina.

A União Européia (UE), maior importador de carne bovina da Argentina, suspendeu suas importações de carne bovina fresca das províncias de Salta e Formosa. No entanto, estas duas províncias produzem carne para consumo local e não para exportação. As províncias fazem fronteira com o Paraguai e com a Bolívia, que recentemente registraram casos da doença.

O coordenador da OIE nas Américas, Emilio Gimeno, disse que o episódio não necessariamente levará à perda do status de livre da doença.

“O lógico seria que a Argentina não perdesse seu status”, disse Gimeno, explicando que o surgimento do caso ocorreu em uma área com uma densidade muito baixa de animais e onde a carne é consumida localmente, e não é exportada. “Na OIE nós reconhecemos que o mais provável é que o foco seja limitado à área onde ocorreu e que não se expandirá”.

A febre aftosa não afeta os seres humanos, mas é devastadora para o comércio de carne bovina. O vírus reduz a produção de carne e interfere na reprodução de animais de casco bipartido (bi-ungulados) e um foco da doença em um país leva rapidamente a perdas temporárias em mercados de exportação de carne bovina.

As vendas de carne bovina pela Cota Hilton da Argentina para a UE representaram 34% das vendas totais de carne bovina do país durante os sete primeiros meses do ano. As exportações totais de carne bovina argentina totalizaram US$ 323 milhões de janeiro a julho deste ano.

Este último caso de aftosa no país surgiu justamente quando a indústria de carne bovina da Argentina começou a se recuperar do foco registrado oficialmente em março de 2001, e ainda luta para recuperar o acesso a mercados lucrativos, como dos Estados Unidos e do Canadá.

Ambos os países planejam mandar missões técnicas para a Argentina nas próximas semanas para avaliar a situação sanitária do país, segundo informou um porta-voz do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

Diferente de 2001

Apesar de o surgimento de febre aftosa ter causado um alarme na indústria de carne bovina da Argentina, representantes do setor não acham que o pesadelo surgido com o aparecimento da doença em 2000/2001, que levou a perdas de US$ 400 milhões, retornará.

“Os animais já foram vacinados duas vezes e o que aconteceu em 2000 não está acontecendo novamente porque naquela época os animais não tinham sido vacinados por mais de dois anos”, disse o presidente da Câmara da Indústria e Comércio de Carnes da República Argentina (CICCRA), Miguel Schiariti.

Em 2001, as autoridades sanitárias locais geraram desconfiança nas comunidades internacionais por tentarem esconder o surgimento da doença por meses. Gimeno disse que esta situação é diferente. “A Argentina agiu corretamente interferindo na área. O surgimento da doença está bem controlado e isso mostra que as autoridades estão prestando atenção”.

Fonte: Reuters (por Juana Ines Casas), adaptado por Equipe BeefPoint

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