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Fernando Lopa questiona: para fazer gestão precisamos do SISBOV?

"Por favor, reflitam nisso... Desde quando o SISBOV é necessário para gerir uma propriedade ou um rebanho, ao contrário, quanto maior o rebanho pior é o SISBOV para a gestão, pois o mesmo foi montado sem combinar com o principal elemento, o boi."

O leitor do BeefPoint Fernando Lopa (Produção de gado de corte), de Alegrete, RS, enviou um comentário ao artigo “SISBOV 2012“. Abaixo leia a carta na íntegra.

“Lendo esses posts fico pensando… Onde estamos… Esses comentários nos levam a pensar que nossos produtores e técnicos são incompetentes… E não são. Podemos não ser o exemplo de gerencia, mas incompetentes não somos…

Para fazer gestão precisamos do SISBOV?? Por favor, reflitam nisso… Desde quando o SISBOV é necessário para gerir uma propriedade ou um rebanho, ao contrário, quanto maior o rebanho pior é o SISBOV para a gestão, pois o mesmo foi montado sem combinar com o principal elemento, o boi.

Ele pula a cerca, arranca brinco, detona o botton… Também esqueceram de combinar com a peonada, afinal, são eles que fazem o trabalho no campo para os consultores, e esses infelizmente, na sua maioria, não tem nem o ensino básico completo.

Nessa nova normativa, que está sendo gestionada a dois anos, também esqueceram de combinar com as inspetorias veterinárias, onde volta e meia se soma 2+2 = 5 e nos leilões de gado geral.

Você tira uma GTA de 10 novilhas de 13 a 24 meses, o pisteiro escreve na boleta 10 vacas e o escritório tira uma GTA de 10 vacas e a inspetoria coloca + de 36 meses, e por aí vai… Proprietário louco até provar o erro.

Sob o aspecto de segurança alimentar então o SISBOV vai impedir o abate clandestino, uma piada… É só você dizer ao sistema que o boi sumiu. O SISBOV vai garantir o controle por onde anda o animal? Amigos, é só trocar o brinco, pede, coloca brinco novo…

O pior de tudo ninguém falou… Vamos perguntar à indústria como fica o controle da rastreabilidade individual quando as carcaças vão para a desossa… Não esqueçam essa!!

Tudo bem, é tudo muito bonito, mas no mundo real, para garantir segurança alimentar precisamos de fiscalização nos frigoríficos, nas estradas, nas gôndolas… Temos que fiscalizar se o produtor está vacinando o seu rebanho ou se conseguimos impedir que o gado passe pela enorme fronteira seca brasileira.

E não puní-lo com um sistema de controle como o SISBOV. Aliás que dá subsídios ao governo até para melhor se assessorar nas questões latifundiárias.

Na questão econômica, estamos retomando o ritmo das exportações, a arroba no mercado interno não para de subir, pelo aumento da demanda interna (não deixem de ler e estudar a história: crescimento econômico = aumento no consumo de proteína animal).

Quantos países exigem rastreabilidade? Quantos pagam a mais por isso? E o mais importante que quantidade eles podem comprar?

Temos tanta coisa a fazer… Educação rural, melhoramento genético em larga escala, combater a aftosa, auto-suficiência em insumos, extensão rural… Mas preferimos gastar dinheiro para provar para o “olho azul” que somos bons… E eles é que tem vaca louca, antibióticos e aftosa também.

Para refletir e finalizar, temos tantos bovinos quanto pessoas no nosso Brasil. Todas as pessoas tem registro de nascimento ou carteira de identidade? Conseguimos impedir falsificações ou pessoas se passar por outras? Mas alguns acham que sim… astreabilidade bovina no Brasil é para quem pode e não para quem quer, por isso não pode ser obrigatória”

Clique aqui para ler mais opiniões sobre este assunto.

0 Comments

  1. Airton Pando Rodrigues disse:

    Prezado senhor Fernando Lopa : completamente de acordo.Gostaria de ouvir de parte das certificadoras que soluções foram buscadas para  os problemas que a anos vem ocorrendo com o SISBOV ao invés de alardearem falsas ilusões .Será que ignoram a realidade do campo ? Em caso positivo deveriam tomar conhecimento primeiro para depois ditarem normas.

  2. José Manuel de Mesquita disse:

    Pois é…

    Continuo com a mesma opinião de sempre…

    Rastreabilidade é ferramenta de gestão, e nada tem a ver com o tal  "Rock Balboa Brasileiro"…  O tal sisbov só serve para drenar recursos de quem produz, para quem prefere viver do trabalho dos outros…

    Criam-se Leis, complica-se os procedimentos, e em seguida aparecem "os especialistas"  vendendo soluções…  Voltar no tempo e verificar quem criou o tal "Balboa", e quem está por trás de todo esse aparato… Não será muito difícil entender  a  "armação"…

    Mas… até o presente momento, nenhuma informação sobre a "origem" dos animais que tiveram partes de sua carne exportadas, junto com quantidades de Ivermectina, Antibióticos, e Bactérias…  apesar de "teoricamente" todos estarem sob o controle do tal sistema,   segundo seus "beneficiários" é  a "maravilha brasileira"… mesmo que ele não sirva  nem para o mais básico, que é definir de quais propriedades vieram os animais contaminados…

    Me parece que o tal "Balboa" está na LONA,  mas os embargos continuam de pé… Infelizmente, seus "técnicos" continuam na tentativa de reergue-lo… tarefa difícil, afinal tem apanhado muito, lhe falta técnica, lhe falta flexibilidade, lhe falta conhecimento básico de como vivem seus adversários… em compensação lhe sobra a "arrogância"  dos que possuem a proteção do arbitro…

    Tal como o filme, o sistema também possui múltiplas versões, mas a cada uma delas a platéia fica mais aborrecida… apesar da "publicidade ufanística" que seu "staff" insiste  em nos mostrar…

    É como  religião…  os "beneficiários do sistema" não perdem a fé e a esperança, de que, algum dia  ainda testemunharão  o "carroção" alçar  voo…  

    A fé move montanhas… e os "interesses" a fazem desaparecer…

  3. EDUARDO PICCOLI MACHADO disse:

    Parabéns Lopa. Poucos conseguem e tem coragem de publicar uma manifestação embasada na realidade da nossa pecuária e indústria. A distância entre a realidade e a teoria continuam abissais.

    Abraços

  4. Pablo de Lima Perez Martins disse:

    Parabéns. Nossa pecuária precisa de homens de coragem; homens de "fibra".
    Não nos deixemos enganar pelos interesses revelados somente a uma pequena fatia.
    Querem rastreabilidade, sem transparência, princípio ético norteador de todas as relações.
    Obrigado pelos seu desabafo, do qual comungo plenamente.
    Att.
    Pablo

  5. Thiago Destéfani Minuzzi disse:

    Concordo plenamente com isso. Inclusive com o comentário do Sr José Manoel de Mesquita, esse sisbov só serva pra tirar dinheiro de quem trabalha e dar pra que vive as custas do trabalho alheio.
    Uma sugestão, poderiam abater impostos de quem queira fazer rastreio, abatendo assim os custos de implantação e manutenção do sistema. Ao invés de punir o produtor.

  6. Walter Magalhaes Junior disse:

    Definitivamente não.

    Para fazer gestão nós não precisamos do SISBOV, nem de nada parecido com essa coisa.

    O grande engano desse programa é exclusivamente de carater semântico. Quando os defensores do programa se referem a ele, afirmam: Se você quiser exportar para a Europa você deve rastrear o seu gado através do SISBOV, fazer parte da Lista T e etc.

    E eu pergunto: algum pecuarista tem algum tipo de interesse particular em saber para onde irá a carne do seu gado depois de morto? Alguém se preocupa verdadeiramente com isso? Se irá para o Irã, para o Egito, para a Arábia, para a Europa ou se será consumida no mercado interno mesmo? Isso muda alguma coisa para você? O diferencial de preço é importante o suficiente para justificar o trabalho e os custos adicionais resultantes da adoção do processo?

    Não há nenhum tipo de ganho efetivo com a adoção do programa.

    Em nossa propriedade, p.ex., nunca abandonamos o controle numérico sequêncial que já utilizávamos a mais de 12 anos, quando surgiu a rastreabilidade oficial. Enquanto fazíamos parte do SISBOV, jamais abandonamos o nosso próprio processo de controle.

    E digo mais, se esse programa funcionou em alguma fase do seu desenvolvimento, foi quando ele permitia a conexão do número de controle da propriedade com aquele número horroroso de 15 ou 17 dígitos que eles iventaram. Quando excluiram essa possibilidade, todas as outras implementadas foram equivocadas.

    Depois, como já se afirmou em um outro tópico aqui mesmo nesse "site", rastreabilidade é para produtor organizado. Produtores desorganizados têm, primeiro, que se organizar para, depois, então, rastrear. De outra forma não se consegue rastrear absolutamente nada.

  7. José Ricardo Skowronek Rezende disse:

    Apesar de contestando uma outra matéria aqui no Beefpoint a respeito do SISBOV a resposta ao título deste post do Sr Fernando Lopa é obvia: NÂO é preciso SISBOV para o produtor conduzir seu negócio. Tanto que a maioria dos pecuaristas não participa do SISBOV e continua sobrevivendo muito bem. Há muitas diferentes formas do pecuarista gerenciar seu rebanho / atividade.

    Mas é inegável que com um controle individual dos animais, tarefa de fato árdua no princípio, o pecuarista gera informações valiososas para análise e tomada de decisões do seu negócio. E quem participa do SISBOV DEVE explorar este  benefíco adicional, que julgo muito importante.

    Agora quem ainda conta apenas com mão-de-obra praticamente analfabeta em sua propriedade e não entendeu que é preciso mudar estes quadro urgentemente tem problemas muito maiores para superar. Será que estes funcionários olham as bulas dos medicamentos e caso posiivo entendem corretamente as instruções?

    Não quero e vou não polemizar a respeito da competência de nossos pecuaristas. Temos um dos maiores e melhores rebanhos bovinos do mundo por vantagens naturais e por méritos do setor. Mas há aspectos da operação de muitos que ainda precisam ser aprimorados. E sempre haverão. E reconhecer isto é o primeiro passo para avançar na direção certa.

  8. Gustavo Juñen disse:

    Creo que te conocí en un congreso aquí en Punta del Este.Vuelvo a hacer el mismo comentario de hace un tiempo.Uruguay es un país chico,que exporta el 40% de la carne que produce.No tenemos grandes volúmenes,por lo que debemos agregar valor a través de la calidad,a la cual le agragamos la trazabilidad y el status sanitário.No tenemos el peso de Brasil como exportador,por lo tanto la trazabilidad se convirtió en la llave para la apertura de mercados.Hoy Uruguay le está vendiendo carne al circuito gastronómico mejicano gracias a la trazabilidad(diario El País 18.11.11).Por esos cortes,hoy nos están pagando precios superiores a los de EUA y Australia.Por lo tanto,aquí ya nadie discute si trazabilidad sí o no.Hay cosas a mejorar,pero funciona.

  9. Fernando Cardoso Gonçalves disse:

    Há um aspecto que precisa ser melhor explicado.

    A gestão pecuária, sob o ponto de vista do produtor, realmente não é necessária. Mas do ponto de vista do governo federal e sua fiscalização SIM.

    Não é de hoje que vemos a fúria governamental por impostos. Como o governo poderá saber o que cada um tem se não fizermos um "inventário"? Um inventário on-line é melhor ainda. Mesmo que não funcione, dá margem para a fiscalização.

    Faço tudo de acordo com as regras sanitárias e fiscais, mas não gosto dessa vigilância excessiva do governo sobre o que faço, muito mais pelo trabalho que ele me dá para me vijiar do que pelo processo em si.

    Outra que não dá para esquecer é a questão de quem está por traz disso? Quem poderá levar vantagem econômica com isso?

    Enquanto isso, aqui no RS, mesmo com a produção da melhor carne (Angus, Hereford, Brangus e Braford) somos o pior preço da América Latina, só ganhando do Paraguay que teve o foco de aftosa…

    No mais concordo com o Fernando Lopa e os demais amigos que deixaram seus comentários.