Os pecuaristas brasileiros investem mais na atividade. Segundo dados do Banco do Brasil (BB) a pecuária brasileira recebeu mais recursos neste ano-safra em relação ao ano passado. Entre julho de 2001 e fevereiro de 2002, o banco destinou R$ 789,05 milhões para o setor, o que representa 170% a mais que no ano-safra 2000/01 em que foram liberados R$ 291,8 milhões. Boa parcela desse volume foi destinada para o investimento na atividade.
Do total financiado, 49,7%, ou R$ 392,7 milhões, foram utilizados em linhas de investimento e o restante para o custeio. Proporcionalmente, os segmentos leiteiro e misto foram os que aplicaram mais: 55,4% e 56,3%, respectivamente, dos recursos de crédito destinaram-se ao investimento na atividade. “Na pecuária, o nível tecnológico, ao contrário do que ocorre na agricultura, ainda tem muito a avançar em termos de produtividade. Com isso o retorno do investimento é mais rápido”, diz o gerente-executivo da diretoria de agronegócios do Banco do Brasil, Roberto Torres.
Para o assessor da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Paulo Mustefaga, os investimentos devem ser em razão do programa de modernização do setor, uma imposição mercadológica. Por isso, os valores investidos não significam necessariamente aumento na produção, mas sim melhoria da qualidade, como é o caso do leite.
Segundo os dados do BB a pecuária de corte é a que mais tem demandado recursos. Foram R$ 543,6 milhões em 20,1 mil contratos, uma variação de 239% sobre o ano-safra anterior. “Mas o valor poderia ser maior se não houvesse tanta burocracia na liberação dos recursos”, afirma o assessor da Federação da Agricultura do Estado de Mato Grosso do Sul (Famasul), Cláudio Mendonça.
A demanda pelos recursos, segundo Mendonça, é maior que o volume disponível porque os pecuaristas apostam no crescimento da atividade, alavancada, sobretudo, pelas exportações, bem como precisam investir na recuperação de pastagens. Opinião semelhante tem Mustefaga. Para ele, o setor ainda tem muito a se modernizar, o que significa que precisa de mais financiamentos.
Para a pecuária leiteira os produtores financiaram R$ 139,9 milhões em 20,6 mil contratos. O volume é 57% superior ao ano-safra 2000/01. Mustefaga acredita que boa parte dessa verba seja aplicada na aquisição de ordenhadeiras mecânicas e na granelização do leite. Já a pecuária mista absorveu R$ 105,5 milhões, o que representa 148% a mais do que no período anterior.
A região que abocanhou a maior parcela desses recursos foi o Centro-Oeste, respondendo por 47,5% do total financiado pelo banco em todo o País durante este período, ou seja, 375,1 milhões. No último ano-safra, o Centro-Oeste respondia por apenas 21,5% dos recursos financiados pelo banco para a pecuária. Para Torres, este maior volume se explica pelos recursos disponíveis através do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Fonte: Gazeta Mercantil (por Neila Baldi), adaptado por Equipe BeefPoint