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FNPC/CNA propõe boicote de 30 dias aos frigoríficos

O Fórum Nacional de Pecuária de Corte da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) discutiu hoje, durante reunião com cerca de 2.300 pecuaristas, novas maneiras de comercialização e negociação com frigoríficos. A reunião foi realizada em Goiânia, na sede da Faeg, com a presença de autoridades e membros do legislativo.

“Foi uma demonstração de união da classe, com criadores de todos os estados brasileiros. Uma demonstração de apoio às entidades representativas do pecuarista como nunca houve antes”, afirmou Antenor Nogueira, presidente do FNPC.

A primeira resolução, de ação imediata, votada pelo plenário da reunião, foi a retirada das escalas de abate nos próximos 30 dias, disse Nogueira. O objetivo é que no próximo mês seja ofertado o menor volume possível de animais para abate, para se pressionar os frigoríficos a melhorarem os preços praticados.

A segunda ação, também imediata, é a criação de “banco de bois”. Durante a reunião foi criado o de Goiás, que já teve a adesão de mais de 300 pecuaristas, segundo o presidente do FNPC. Os membros informarão data e quantidade de animais para abate. A negociação desse “banco de bois” será unificada. Foi criada uma comissão de pecuaristas que já trabalharam ou já foram proprietários de frigoríficos, para auxiliar nessa tarefa, informou Nogueira.

A terceira resolução do plenário da reunião é de que os produtores entrem no ramo de frigoríficos, através de aluguel ou construção de plantas ou criação de cooperativas, de acordo com Antenor Nogueira. Existe a sugestão de que se forme também uma cooperativa central, para facilitar a comercialização da carne.

O governo federal já foi contatado para que viabilize recursos para construção de frigoríficos, com financiamento do BNDES. Segundo Nogueira, o ministro Roberto Rodrigues foi consultado sobre essa possibilidade e prometeu apoiar a iniciativa.

Fonte: Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Cleber Barbosa de Oliveira disse:

    Bom dia senhores,

    Sou veterinário, técnico atuante na pecuária de corte e parabenizo a classe pela iniciativa de união de uma classe forte porém desunida.

    Acredito que se todos continuarem e respeitarem esta atitude, toda a classe só têm a ganhar, pois não adianta reclamar e não mostrar sua indignação de maneira consciente e inteligente com ações que realmente possam reverter esta tendência que toma conta do mercado nos últimos anos.

    Os frigoríficos pagam o preço que acham e continuam ganhando dinheiro as custas do pecuarista, pois os contratos de exportação estão fixados e têm de ser cumpridos sob pena de altas multas contratuais, desta forma se os pecuaristas se unirem e disserem basta, os frigoríficos tendo de cumprir os contratos terão de pagar mais caro pela matéria-prima e o quadro começa a se reverter.

  2. Luciano Nogueira Neto disse:

    Sou pecuarista embora novato e posso assegurar não tenho, ainda e quiçá infelizmente, ligações com frigoríficos.

    Entendo que nosso mercado trabalha próximo do modelo de concorrência perfeita. Isso leva a que nossa rentabilidade seja igual à básica da economia, caso concordemos com o modelo econômico clássico ou neoclássico. Vantagens há: não temos que nos preocupar com marca, marketing, política de preços, barreiras de entrada no mercado, dificuldades para sair da atividade, concorrência, limites de crescimento, para citar apenas algumas. Somos tomadores de preços e nossos vizinhos ao invés de concorrentes são amigos.

    Porque um negocinho simples como esse e fácil de tocar, crescer, diminuir, de alta liquidez teria que dar uma taxa de remuneração alta?

    Claro que não.

    Somos, na maioria, investidores imobiliários, pois algo como 80% do nosso ativo é terra e queremos ser remunerados como empreendedores.

    Vejamos o lado do frigorífico? Quanto custa montar um de 800 bois/dia? Uns R$20 milhões? O BNDES financia 75%. Capital de giro mais uns 20 milhões.

    Desembolso total R$25 milhões que é igual a uma fazenda de 5000 ha a R$5.000/ha.

    Qual seria o problema? Se ter um frigorífico fosse tão bom assim quantos fazendeiros que você conhece, ao menos de nome, poderiam vender uma só fazenda e montar um? E porque não fazem? Talvez pela aversão ao risco.

    Queremos ter um negócio extremamente seguro, porém com rentabilidade de industrial/exportador, que é o que hoje é um frigorífico.

    Caso o frigorífico fosse montado como cooperativa a necessidade seria de apenas R$5 milhões, pois o capital de giro nós, como pecuaristas, já bancamos.

    O problema é que passaríamos de pecuarista a industrial, o que equivale a passar de dono de apartamentos de aluguel a incorporador de prédios. Uma sutil diferença, pois ambos operam no mesmo mercado, mas com riscos completamente diferentes e, consequentemente, retornos distintos.

    Boicotar 30 dias é reação pueril. Prejudicar os frigoríficos é dar tiro no próprio pé. O resultado: exportações perdidas, mercados perdidos vai sobrar para nós mesmos. Claro que eles serão prejudicados. Talvez até alguns sejam levados à falência. Como vingança, perfeito, mas, e daí? O que o setor ganhará com isso? Esses bois retidos vão entupir o mercado 30 dias depois, na remota hipótese de realmente isso ocorrer.

    Se o preço está baixo é porque tem muita oferta. E a muita oferta de boi hoje nada mais é do que a muita oferta de bezerros que já vem ocorrendo há vários anos e que nos permitiu comprar bezerro barato. Porque um bezerro comprado barato por excesso de oferta tem que necessariamente transformar-se num boi caro?

    Reter 30 dias não adiantará absolutamente nada, apenas desestruturará a cadeia e trata-se, ao meu ver, de proposta que não poderia sequer ser tomada a sério. Ela equivale, em forma de espelho, a retroceder a época em que o governo vinha pegar boi gordo no pasto para tentar abaixar o preço, quando o problema era de excesso de demanda.

    Temos, ao menos os que acham a rentabilidade baixa, é que tirar a bunda da cadeira e tomarmos conta de uma área maior da cadeia produtiva. Não vender boi para frigorífico, mas sim carne para uma trading, por exemplo.

    Como somos avessos a risco para minimizá-lo o caminho é a cooperativa.

    Ao governo cabe evitar barreiras a entrada de novos players no segmento, impedir dumping, concorrência desleal.

    Certamente um segmento que nem sequer existia há muito poucos anos, pois quase nada exportávamos, fica muito sujeito a obter lucros extraordinários, na acepção técnica do termo, no curto prazo, quando ocorre um surto exportador da magnitude que ocorreu no Brasil. Cabe ao governo facilitar o ajuste através de financiamentos e incentivos e pelo menos é o que parece que vem fazendo.

  3. Alfredo Augusto Hamilton Lisboa disse:

    Como zootecnista e assistente técnico de produtores de gado de corte gostaria de ver a classe unida e fortificada.

    Portanto é fundamental boicoitarem o mercado externo, não fornecendo as DIAs dos animais certificados e rastreados. Comenta-se que estão entrando nos frigoríficos DIAs de animais não correspondentes.

    Alfredo Augusto Hamilton Lisboa
    Zootecnista
    Nutrição-Genetica-Ultra-sonografia na Carcaça Bovina
    Santana do Livramento – RS

  4. Antonio José Sader Khouri disse:

    Esta união dos produtores de carne é a maneira mais inteligente de pressionarmos os frigoríficos e deixarmos de ser reféns dos mesmos, aumentando nossos lucros tão restritos.

    Todos estão organizados, sem terra, sem teto, etc.

    Chegou nossa hora.

  5. Névio Primon de Siqueira disse:

    Finalmente os pecuaristas começam a falar a mesma língua e somente assim é que se conseguirá alguma coisa, pois essa é a linguagem dos frigoríficos.

    Eles estão acostumados a mandar no mercado e acho que os pecuaristas já têm condições de reverter esse quadro.

    Sempre falei que os frigoríficos deveriam aprender a lição do tamanduá, que nunca acaba com o formigueiro, pois algum tempo depois ele volta para se alimentar nele novamente.

    Os frigoríficos, em sua maioria, não pensam assim, não pensando que amanhã pode faltar boi para abater, pois os pecuaristas estariam quebrando.

    Então não resta outra alternativa, afinal frigorífico sem boi pendurado serve pra que?

    Parabéns a todos os que cumprirem essa determinação.

  6. Násser Iunes disse:

    O pecuarista brasileiro tem se profissionalizado cada vez, mas continua sendo seu dilema ficar ou não a mercê de outros elos da cadeia.

    Quanto mais ele ganha em produtividade menor tem sido sua rentabilidade ao contrário dos frigoríficos, principalmente os exportadores, que diversificam e concentram novas industrias.

    Com os confinamentos próprios ou em parceria, alem de outras estratégias, eles vão continuar dominando o mercado.

    Chegou a hora do pecuarista pular da porteira pra fora em prol dos seus interesses. As cooperativas regionais e a central são uma das saídas em médio prazo que fortalecem o setor.

    Mas o produtor tem que participar e fiscalizar efetiva e intensamente esta nova atividade, pra não haver distorções no ato cooperativo.

    “Levanta a Cabeça” pecuarista brasileiro.

    Obrigado pela atenção.

    Násser Iunes
    Vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Tocantins

  7. Marcio Sena Pinto disse:

    Senhores,

    Sou pecuarista em Goiás, há muitos anos (com tradição na pecuária desde o tataravô, também em outros Estados: SP, RS, MG), e nunca vimos um movimento tão bem começado e desta proporção, neste setor tradicional da economia brasileira.

    Gostaria de dar o testemunho pessoal que a mobilização do setor, até aqui, já surtiu efeito positivo para a classe, pois as escalas dos frigoríficos estão baixas, e eles estão negociando, caso a caso, e sempre com aumento nos preços para ver se conseguem comprar bois terminados.

    A queda de braço deve ser grande, basta dizer que uma das estratégias adotadas pelos compradores dos grandes frigoríficos é a de procurarem comprar grandes lotes (de pecuaristas fortes) com preço diferenciado, para daí preencherem as escalas de abate, e segurarem os preços.

    Contudo, em Goiás, grandes frigoríficos estão pagando R$ 54,00/@ de boi inteiro, contra R$ 52,00 há poucos dias, e até R$ 57,00 ou mais para bois castrados; ou seja, parece que há gordura para ser queimada pelos frigoríficos (eles também podem sacrificar um pouco suas margens de lucro).

    A firmeza e lealdade dos pecuaristas ao seu próprio setor produtivo é que vão determinar o sucesso maior ou menor em suas reivindicações, mas até aqui pode-se dizer que o resultado é extremamente positivo.

    Se ao final, os frigoríficos e suas entidades representativas entenderem que fazem parte de uma cadeia produtiva e devem negociar determinadas posições com os demais elos, principalmente os produtores (que estão na base), e não podem mais tomar decisões que afetam toda a rentabilidade do negócio em cima dos produtores, sem ao menos consultá-los ou sentar numa mesa de negociações, já será uma vitória da racionalidade e consciência do papel de cada setor.

    Gostaria de poder contar com vocês para divulgarem nossas idéias e posições em prol de melhores dias.

    Um abraço,

    Eng. Agr. e produtor rural Márcio Sena

  8. Ana Cristina Lopes Garrocini Senatore disse:

    Não acredito que a decisão de boicote prejudique tanto os frigoríficos, pois tentarão negociar com os pecuaristas chegando a um valor da @ satisfatório para ambas as partes.

    Não deixarão que as exportações sejam muito prejudicadas, pois com esta decisão dos pecuaristas os pescoços dos frigoríficos passam a estar na forca junto com os deles.

  9. Louis Pascal de Geer disse:

    Que pena que esta reunião aparentemente foi um confronto com os frigoríficos e também que pena que uma demonstração de união da classe, com “criadores” de todos os estados brasileiros presentes, não ficou além de reclamar de preços baixos e não se aprofundou em saber as razões para isto.

    Tem-se ainda a oportunidade de se estabelecer um diálogo intenso e abrangente com os frigoríficos e o governo.

    Vamos fazer isto antes de tomar medidas quais tem o confronto como lema.

    Louis Pascal de Geer

  10. Fabricio Pagani disse:

    Leis mercadológicas básicas

    A princípio, indignado com a crise pela qual passamos concordei e até bati palmas para o boicote, mas depois, pensando melhor entendi que por uma atitude normal, precisamos achar culpados e condená-los, de preferência à morte. Condenemos então os frigoríficos, não gostamos deles mesmo!

    Mas será que só eles merecem condenação? Se acusados, conseguiremos absolvição sobre todas as acusações?

    Concordo absolutamente com a união do setor, sobretudo na formação de alianças. Mas qualquer boicote à qualquer um dos elos que compõem a cadeia é uma atitude suicida!

    1a Lei: Da oferta e procura
    O problema pelo qual passamos está absolutamente relacionado com a demanda pela carne bovina brasileira. Enfrentamos a seguinte situação:
    – Período de safra;
    – Dólar com baixa cotação;
    – Mercados fechados (p/ex. Rússia*);
    – Baixa exportação;
    – Perda de mercados anteriormente conquistados pela não manutenção das vendas;
    – Entre outros…
    *A Rússia é um dos principais importadores do Complexo Carnes Brasileiro. Com o embargo Russo, as carnes de frango e suínos também não entram naquele mercado “encharcando” ainda mais nosso mercado interno com alimento protéico e de grande competição com a carne bovina.

    2a Lei: O cliente tem sempre razão
    Precisamos unir forças sim, mas para entender e atender melhor os mercados consumidores seja interno ou externo, assim aumentamos o consumo em equivalência ao aumento de nossa produção. Marketing! Aprendemos a produzir, mas agora temos que aprender a vender, fazer propaganda e colocar a cara na janela.

    Uma grande saída é o aumento do consumo interno; a união terá aí uma verdadeira vitória. Precisamos de um “Brazilian Beef” para o mercado interno.

    Em suma. Entendamos que toda a cadeia sofre com o momento e não é apenas desatando um dos vagões que vamos fazer o trem andar, podemos sim é descarrilá-lo!

    Fabricio Ferreira Pagani
    Médico Veterinário
    Responsável e Gerente Técnico da VCB- Vitória Certificadora

  11. EVANDRO SILVA RUAS disse:

    Gostaria de parabenizar a iniciativa das entidades em relação a novas maneiras de valorização do pecuarista, principalmente na formação de cooperativas.

    Sugiro que as entidades promovam mais debates por todo país, nas exposições, etc.

    Um abraço,

  12. Carlos Alberto de Godoy Bueno disse:

    Cumprimento a idéia da construção de frigoríficos com financiamento do BNDES, sob administração de entidade de classe dos produtores, pelo menos um em cada estado, a fim de aumentar a competição no setor, evitando a cartelização, na linha do que realiza o Banco do Brasil no setor específico.