Após dois anos de baque nos negócios devido à pandemia, a rede de restaurantes especializada em carnes Fogo de Chão prevê investir de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões ao ano em um plano mundial de expansão, informou ao Valor o CEO global da rede, Barry McGowan.
A previsão é abrir entre oito e dez restaurantes neste ano nos Estados Unidos, seu maior mercado. E manter esse ritmo. A rede conta com 66 restaurantes, sendo oito no Brasil, e o restante em México, Oriente Médio e EUA. McGowan, que esteve nesta semana no Rio, planeja entrar em novos mercados, como Ásia e Europa.
“No momento, estamos focados, na estratégia, no continente americano”, disse o CEO, durante a inauguração, na última quinta-feira, do 66º restaurante da rede na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro. No ano passado, a Fogo de Chão abriu nova unidade na zona sul da cidade São Paulo, no Morumbi Shopping.
O executivo informou que os investimentos são feitos com capital próprio. “Nós crescemos organicamente”, disse, comentando que a empresa reinveste lucros em crescimento próprio, seja de formação de pessoas ou de construção de novas unidades. “Nós somos uma empresa bem conservadora”, disse, ao ser questionado se pensava em buscar crédito para expansão. Levar a companhia à bolsa, “quando o mercado reabrir”, é uma ideia, embora não haja data específica para deslanchar um plano de oferta inicial de ações (IPO).
A ideia de crescer globalmente vem depois de a marca sofrer, como todos do setor de serviços, com as restrições sociais impostas para evitar contágio por covid-19. “Todos foram impactados [setor de serviços]. Foi sem precedentes”.
No período mais agudo da pandemia, a empresa seguiu limites estabelecidos pelas autoridades sanitárias. “Nós servimos em estacionamentos, em pátios [ao ar livre]”, disse o executivo. “Nós servimos ‘para viagem’ [entrega] pela primeira vez”, afirmou, acrescentando que a rede não fechou unidades durante a pandemia. Ainda assim, o impacto nos ganhos da empresa foi importante. “[A pandemia] custou a nossos acionistas muito dinheiro”, afirmou o CEO. Os executivos da Fogo de Chão, no Brasil e no mundo, tiveram 50% de corte nos salários, no auge da pandemia, contou McGowan.
Ainda assim, o impacto nos ganhos da empresa foi importante. “[A pandemia] custou a nossos acionistas muito dinheiro”, afirmou o CEO.
Os executivos da Fogo de Chão, no Brasil e no mundo, tiveram 50% de corte nos salários, no auge da pandemia, contou McGowan.
No Brasil, em torno de 400 funcionários foram demitidos em 2020, segundo dados do Ministério Público do Trabalho (MPT). Porém, mais de 60% dos demitidos já foram readmitidos, com novas contratações, sendo que alguns funcionários podem vir a trabalhar no exterior.
No ano passado a receita total foi de US$ 430 milhões, 110% acima do registrado em 2020 e 23% superior a 2019 – 4% do faturamento é da operação brasileira. “Agora, nosso plano é olhar além da pandemia”, resumiu McGowan.
A empresa quer, agora, mirar nos “millennials”, aqueles nascidos nos anos 1980 e 1990, na “geração internet”, e em jovens adultos. Quando questionado se esse perfil de cliente teria poder aquisitivo para frequentar os restaurantes da rede – o tíquete médio de consumo é de R$ 250 no Brasil, e de US$ 66 nos Estados Unidos, segundo o chefe de marketing da rede, João Galoppi -, McGowan foi taxativo: “Millenials viajam por comida e experiências”.
A companhia aposta que a nova unidade no Rio consiga atrair esse público. Com capacidade para receber 260 pessoas, em área de 854 metros quadrados, o novo restaurante, localizado no Barra Shopping, tem decoração sofisticada, salas com pé direito alto e espaço maior que o usual entre as mesas. Há um “dry age cabinet”, espécie de refrigerador a seco para cortes nobres de carne, que passam por processo de maturação a seco. O “Bar Fogo” é um espaço para drinques ao final do dia. O cardápio oferece cortes de carne “premium” como “NY Strip” e “fraldinha da raça wagyu”.
E, assim como a unidade no Morumbi Shopping – que conta com capacidade 280 lugares, em área de 800 metros quadrados – o novo restaurante no Rio conta com churrasqueira em estilo de “península”. Trata-se de um balcão localizado no centro do restaurante, com bancadas laterais. Os clientes, assim, podem ver a preparação das carnes.
Fonte: Valor Econômico.