Por Antonio Kaupert Jr1
A cada ano, o Brasil está provando ao mundo a sua competência no setor produtivo agropecuário graças à sua habilidade natural e às condições privilegiadas de clima e solo para formação e manutenção de pastagens, fatores que tornam seu imenso território plenamente adaptado para exploração pecuária.
Hoje, animais engordados a pasto começaram a fazer o diferencial no mercado; como se sabe, a produção de gado de corte, especialmente no Brasil Central, depende quase exclusivamente das pastagens. Na época da seca, período crítico de produção forrageira, as pastagens não suprem os requerimentos nutricionais mínimos dos animais, tanto em função da baixa qualidade, como da quantidade. Além disso, estimativas indicam que, dentro de dez anos, haverá uma redução sistemática de 8,7% sobre uma área atualmente de 259,3 milhões de hectares em pastagens.
Neste cenário observa-se ainda que as tradicionais áreas de pastagens estão sendo encurraladas pela expansão da agricultura, principalmente da soja. Num mercado de produção de carne competitiva, com tendências de crescimento, qual seria a melhor saída para este possível entrave? A invasão de áreas de florestas nativas, derrubando nossa principal fonte de renovação de oxigênio, ou o aumento de produção nas áreas restantes, num intervalo de tempo ainda menor do que o normalmente obtido?
Essa guerra pela produtividade vem sendo combatida por várias “ferramentas” tradicionais – genética, sanidade, manejo e nutrição. Desta forma, torna-se necessário o surgimento de mais um instrumento para elevar a eficiência produtiva: a tecnologia das forrageiras híbridas.
A exemplo do que aconteceu há 70 anos, com o mercado mundial do milho, esta novidade abre novas possibilidades de exploração do sistema de pastejo. Entretanto, o pecuarista terá que estar mais envolvido com sua criação e escolher pela forrageira adequada às suas condições genéticas, climatológicas, solo, entre outros fatores. Com isso, o sistema torna-se mais competitivo, tirando-se o maior proveito possível do potencial dessas pastagens.
Por outro lado, a indústria pode prestar ainda uma orientação em relação à manipulação, época de plantio, escolha do melhor produto, enfim, uma consultoria técnica que ajude o agroempresário a optar pelo híbrido e apostar na tecnologia. Isto porque, ainda que esse tipo de semente seja mais cara, a produtividade conquistada é compensadora. Afinal, o uso de uma só variedade de forrageira – no Brasil, são mais de 40 milhões de hectares de Brachiaria brizantha cv. Marandu – é uma grande falha técnica sob os aspectos agronômicos, ambientais e financeiros.
Há algum tempo o mercado brasileiro tem demandado novas sementes e variedades de forrageiras com adaptação e produtividade melhoradas. A meta de centros de pesquisa nacionais e internacionais, com o apoio privado, tem sido a identificação e a seleção de germoplasmas adaptados, produtivos e persistentes em ambientes tropicais. Um exemplo deste trabalho é a parceria formada entre o CIAT – Centro Internacional para a Agricultura Tropical (www.ciat.cgiar.org), localizado na Colômbia, e o Grupo Papalotla (www.grupopapalotla.com), do México, que lançou mundialmente, e agora também no Brasil, o primeiro híbrido verdadeiro de braquiária do mundo – a cultivar Mulato.
De fato, a área plantada com híbridos desta forrageira no País está ainda em fase inicial, sendo conhecida comercialmente por poucos pecuaristas pioneiros na utilização desta nova tecnologia; contudo, as perspectivas de expansão são as melhores, já que o objetivo dessas cultivares é, através da mais alta tecnologia genética, colocar numa única cultivar as características positivas e desejáveis de várias outras, eliminado os fatores negativos indesejados e inadequados.
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1Antonio Kaupert Jr, Diretor do Grupo Papalotla no Brasil
Fonte: Grupo Papalotla