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Fracasso da OMC: quem ganha e quem perde

O fracasso das negociações da Rodada Doha sobre a liberalização do comércio mundial alivia alguns países e setores, enquanto outros lamentam a falta de um acordo que poderia dinamizar a economia do planeta.

O fracasso das negociações da Rodada Doha sobre a liberalização do comércio mundial alivia alguns países e setores, enquanto outros lamentam a falta de um acordo que poderia dinamizar a economia do planeta.

Quem ganha:

Os governos: A maioria dos líderes mundiais não vai correr o risco de se expor à impopularidade de ter assinado um acordo que se traduziria por uma crescente abertura e dura concorrência na agricultura nos países ricos e na indústria nos países em desenvolvimento.

Os subsídios agrícolas: O acordo em preparação previa um corte de 50% a 85% das subvenções internas concedidas aos agricultores dos países ricos. Previa também a eliminação, em 2013, dos subsídios à exportação. A última proposta dos Estados Unidos era de até US$ 14,5 bilhões por ano em subsídios aos agricultores americanos, contra os mais de US$ 40 bilhões atuais.

Países protecionistas na agricultura: Os países desenvolvidos que impõem tarifas alfandegárias muito elevadas à importação de produtos agrícolas para defender sua produção interna, como o Japão, ou a Suíça, teriam visto suas tarifas se elevarem com o acordo. Os países em desenvolvimento, fortemente dependentes de alguns produtos agrícolas, como Índia ou Indonésia, teriam de limitar suas proteções tarifárias.

Quem perde:

A economia mundial: Um acordo se traduziria por uma injeção de US$ 50 bilhões por ano na economia mundial e de US$ 100 bilhões ao fim de dez anos, por meio da redução das tarifas alfandegárias, segundo o diretor-geral da OMC, Pascal Lamy. Esses montantes representam uma parte ínfima do PIB mundial, avaliado em mais de US$ 50 trilhões, mas um acordo teria sido um sinal positivo em um período de crise financeira.

Os exportadores de produtos agrícolas: Brasil, Canadá, Austrália e Uruguai esperavam, com impaciência, a redução dos subsídios dos países ricos para exportar seus produtos agrícolas ao mesmo tempo para os mercados dos países desenvolvidos e daqueles em desenvolvimento.

Os países menos desenvolvidos: Os países não tinham nenhuma concessão a fazer nos termos da Rodada Doha, que lhes ofereceria um acesso, sem barreiras, aos mercados dos países desenvolvidos para 97% de seus produtos de exportação.

A indústria: Os países industrializados esperavam, com impaciência, que os países emergentes reduzissem suas tarifas para ter acesso a seus mercados. Índia e Brasil, por exemplo, teriam de levar a média de suas barreiras tarifárias sobre os produtos industriais para entre 11% e 12%. A China também teria se beneficiado, largamente, da abertura de novos mercados para exportar seus produtos manufaturados.

Os serviços: Os setores de telecomunicações, bancos, ou seguradoras dos países ricos, que procuram novas saídas nos países emergentes, teriam se beneficiado do acordo que pedia a cada Estado-membro para ´assinalar´ os domínios nos quais eles estariam prontos a se abrir para a concorrência. O rascunho do texto também previa facilitar a migração temporária do pessoal qualificado.

Os produtores africanos de algodão: Quatro países da África Ocidental (Benin, Burkina Fasso, Mali e Chade) tinham-se reunido para pedir a redução dos subsídios que os Estados Unidos concedem a seus produtores de algodão e o fim dos subsídios à exportação.

Pascal Lamy: O diretor-geral da OMC deu sua última cartada, convocando uma reunião ministerial, sabendo que as chances de sucesso não chegavam a 50%. Ele poderia ter escolhido não solicitar uma renovação de seu mandato de quatro anos, que expira em 31 de agosto de 2009.

As informações são do jornal Folha de São Paulo.

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