Em visita a quadragésima SIA 2003 – Salão Internacional da Agricultura, ocorrida em Paris, França em fevereiro deste ano, que recebeu mais de 650.000 visitantes, uma das coisas mais impressionantes foi o ver comprometimento de grandes empresas como Mc Donald´s, Danone e Carrefour com todos os elos da cadeia produtiva de alimentos, principalmente carne e leite.
Nesta feira era marcante o posicionamento de empresas de todos os elos da cadeia de produção de alimentos. Na França hoje, o conceito de que é importante atender aos anseios do consumidor final está muito bem sedimentado. O supermercado, a indústria processadora, o produtor rural e indústria de insumos sabem que se o consumidor não acreditar e conhecer um determinado produto, todos os elos estarão fadados ao fracasso. A indústria de ingredientes para ração animal sabe que faz parte da cadeia de produção, e que se a dona de casa parar de comprar carne ela também terá prejuízos. E por isso colabora com ações que buscam informar o consumidor de alimentos e não apenas seu cliente direto, que é o pecuarista.
O stand da Danone, por exemplo, mostrava através de um jogo como as vacas são criadas, a importância da rastreabilidade e o caminho que o leite percorre desde a fazenda, passando pela indústria até a prateleira do supermercado como iogurte, ou qualquer outro produto da marca.
O consumidor (que logo se tornava um jogador) recebia uma cartela com algumas perguntas e tinha que ir preenchendo as respostas de acordo com as informações que estavam passando, em seqüência, em quatro televisões espalhadas pelo stand. Além disto, dois painéis que foram montados como se fossem as paredes do stand, também continham algumas das respostas. Após responder o divertido questionário, as crianças ganhavam uma sacola com uma seleção de iogurtes. Ou seja, todos que brincaram aprenderam algo sobre a produção de leite, sobre a empresa, se divertiram e saíram do stand contentes com o brinde. Além de estar à disposição, dos jogadores um folheto mostrando os valores nutricionais de todos os produtos.
Outro exemplo que despertava a curiosidade era uma empresa de nutrição animal que explicava passo a passo toda a alimentação de uma vaca, um porco e também um peru. Em formato de história em quadrinhos e linguagem simples a empresa Centralys – Créons l´Avenir Nutrition, conseguiu fazer com que todos que passassem pelo seu stand, não importando a idade, compreendessem a importância da nutrição animal e da segurança alimentar para a saúde do homem.
Assim, fica evidente a necessidade do aspecto tangível na estratégia de comunicação destas empresas, pois qualquer pessoa é capaz de compreender e repassar estas informações, uma vez que receberam uma história em quadrinhos impressa. O fato de ter algo em mãos é muito importante no conceito de marketing Business to Consumer, ou seja, voltado para o consumidor final. É fundamental que as pessoas saiam com algo nas mãos, seja um chaveiro, uma caneta ou até mesmo uma história em quadrinhos, pois irão comentar com outras pessoas; principalmente no caso de uma criança. Ela vai repetir várias vazes o que aprendeu, caso tenha uma experiência positiva.
Aqui no Brasil, temos empresas muito competentes no ramo de nutrição animal, mas precisamos aprender ouvir o consumidor final. É preciso saber de seus anseios para melhor atender suas necessidades. É por isto que o trabalho do SIC – Serviço de Informação da Carne (www.sic.org.br), se faz tão necessário para todos aqueles que fazem parte da cadeia produtiva de carne bovina brasileira.
O pecuarista precisa compreender que além de criar boi, ele produz carne, um alimento essencial à alimentação do ser humano, e que as pessoas não compram carne nos frigoríficos muito menos nos pastos e sim no supermercado (entendam supermercado como qualquer ponto de venda que comercialize carne bovina). E a cada ano que passa, elas se tornam mais exigentes em relação à qualidade e veracidade das informações sobre tudo aquilo que consomem. E isso não é apenas uma tendência, é uma mudança de comportamento que já vem sendo observada pelos pesquisadores há mais de vinte anos.
Por isso, para que possamos ter um comprometimento maior com o consumidor, é hora de pecuaristas, frigoríficos e distribuidores resolverem suas desavenças e começarem a falar a mesma língua. Não que seja uma tarefa fácil, mas chegou o momento do país se conscientizar da capacidade de produção que possui, e passar a comunicar-se melhor com o nosso cliente, que é o consumidor final.
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Carolina,
Parabens pelo artigo,
Um abraço ,
Fernanda