Foto: Divulgação/Frigol
Quarto maior frigorífico de carne bovina do país, a Frigol informou que teve um lucro líquido de R$ 21,1 milhões no quarto trimestre do ano passado. No mesmo período de 2022, havia registrado prejuízo de R$ 22,5 milhões.
A receita da companhia chegou a R$ 892,2 milhões no trimestre, alta de 15,7% em relação aos R$ 771,3 milhões de um ano antes. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu mais de dez vezes, de R$ 6,3 milhões para R$ 72,2 milhões, e a margem Ebitda subiu de 0,9% para 8,4%.
O desempenho no último quarto do ano não foi suficiente para garantir um resultado robusto em 2023. No ano que passou, a receita da Frigol recuou 13,6%, de R$ 3,77 bilhões para R$ 3,26 bilhões, e o lucro líquido caiu 59%, de R$ 132,9 milhões para R$ 54,5 milhões.
Eduardo Miron, CEO da companhia, afirmou, em entrevista à reportagem, que a comparação com 2022, que foi um ano fora da curva para o setor como um todo, explica em parte a queda no resultado anual.
Segundo ele, a companhia também sentiu no primeiro trimestre de 2023 os efeitos da desaceleração da demanda chinesa e do embargo de um mês da China à carne bovina brasileira, após a confirmação de um caso atípico de vaca louca em fevereiro. “Tivemos que lidar com o estoque que não foi aceito pela China, o que não é simples”.
Em uma ampla sala de reunião na capital de São Paulo, Miron estava confortável ao falar dos resultados. Apesar de tudo, o Ebitda foi de R$ 146,7 milhões em 2023, menor apenas que os R$ 250,8 milhões do ano anterior. Ambos os resultados se concretizaram sob o comando do executivo, que assumiu em dezembro de 2021. “O trabalho duro às vezes anda lado a lado com a sorte”, brincou.
O ano de 2023 foi marcado pela expansão da capacidade de abate da Frigol. A empresa investiu R$ 15 milhões, elevando em 20% os abates no comparativo ano a ano. Como as obras foram concluídas no segundo trimestre, a empresa projeta que pode ampliar os níveis em mais 20%. Segundo Miron, apesar do gasto importante em despesas de capital, que chegaram a R$ 40 milhões no todo, a alavancagem subiu apenas 0,1 ponto para 1,2 vez em 2023.
A Frigol tem uma planta dedicada a atender a demanda chinesa, em Água Azul do Norte (PA), com capacidade para abater 1,3 mil animais por dia. Em São Félix do Xingu (PA), das cerca de 700 cabeças que vão para o gancho diariamente, 500 têm como destino Israel e atendem o padrão kosher — e há potencial para aumentar essa planta para 1 mil cabeças por dia. A terceira unidade, que atende o mercado interno, a China e tem habilitação para exportar à União Europeia, fica em Lençóis Paulista (SP) e tem capacidade para 1,2 mil cabeças por dia.
No ano passado, a taxa de utilização das plantas da Frigol ficou entre 85% e 90%, índice que também foi reduzido devido ao embargo da China. Outro sinal da pisada no freio dos chineses é que o mercado brasileiro representou 50,2% da receita da empresa em 2023, acima dos 47% de 2022.
Para este ano, Miron vê sinais de que o mercado interno está mais aquecido e os preços de exportação para China se estabilizaram, ainda que longe dos níveis de 2022. Também contribui para reduzir a dependência de Pequim o fato de que alguns cortes começam a ter margens melhores no mercado doméstico e em outros países compradores. “Mas ainda temos um programa direcionado à China, e acredito que podemos atender clientes com consistência e qualidade”, disse ele.
Fonte: Globo Rural.