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Frigorífico de MS paga mais por boi rastreado

Em Mato Grosso do Sul já há frigoríficos garantindo a compra de animais rastreados por um preço diferenciado. O boi jovem, de 17 a 18 arrobas, capado e rastreado, vai receber do Frigorífico Independência um percentual acima de R$ 2,40, que seria o custo da rastreabilidade, segundo o proprietário do frigorífico. Os animais a serem abatidos nos frigoríficos do grupo vão ser certificados, registrados e inscritos no Sisbov, o sistema de rastreabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Outros países também estão investindo na rastreabilidade de seus rebanhos. Em alguns deles, o processo já se encontra bastante adiantado.

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O pecuarista que produzir o boi pelo qual o frigorífico tem interesse, com no máximo 30 meses, de 17 a 18 arrobas, capado e rastreado, terá benefícios no preço do animal a partir da classificação da carcaça. A garantia foi dada pelo proprietário do Frigorífico Independência, Antônio Russo Neto, referindo-se às suas indústrias frigoríficas.

Russo Neto esclareceu que não existe nenhuma predisposição da parte das indústrias do setor em não contemplar a rastreabilidade. Para o empresário, os vendedores de brinco e os de chips e sistemas de identificação visando a rastreabilidade bovina têm falado muita bobagem, confundido os pecuaristas. “Nós, do Independência, vamos contemplar os pecuaristas com a classificação de carcaça para o gado rastreado”, explicou. Segundo ele, existe hoje uma elite de produtores trabalhando muito bem, com tecnologia, alcançando excelentes resultados e, por isso, vão receber mais. Mas frisa que também existem pecuaristas que ainda vendem gado com 23 arrobas, que não interessa aos frigoríficos. Segundo ele, o boi jovem, capado e de 17 a 18 arrobas, vai receber do Independência um percentual acima de R$ 2,40, que é o custo da rastreabilidade.

Os animais a serem abatidos nos frigoríficos do grupo vão ser certificados, registrados e inscritos no Sisbov, o sistema de rastreabilidade do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Conforme explicou o representante do frigorífico de Nova Andradina, já são 58 produtores em Presi-dente Wenceslau aguardando a certificação. Em Nova Andradina, seriam 111 produtores e outros 71 no frigorífico de Anastácio, todos esperando a certificação. Segundo ele, certificar no Sisbov e registrar vai custar cerca de R$ 3 para os bois do Independência.

Orgânicos

Antônio Russo destaca que, além de pagar um preço diferenciado pelos animais rastreados pelo sistema de classificação de carcaça, a sua indústria já vem pagando a 27 pecuaristas de 10% a 12% a mais sobre o preço da arroba do dia pelos animais orgânicos, que são voltados à exportação graças ao grande interesse dos europeus pelos animais criados a pasto e que não recebem nenhum tipo de tratamento com produtos químicos.

O empresário salienta, também, que já contemplou 500 mil couros pelo sistema de premiação que a indústria implantou quando operacionalizou o curtume que funciona junto ao frigorífico. E salientou que os produtores recebem cheque separado pelos couros contemplados.

Países investem em rastreabilidade

O Japão começou 2002 com todo o seu rebanho rastreado, processo que durou três meses. A China determinou que, a partir de julho, é obrigatória a identificação de gado comercial vacinado. Polônia e Coréia devem ter plantéis identificados até dezembro. No Brasil, instrução normativa do Mapa dita que todo o gado estará rastreado até 2007.

Até os anos 60, apenas animais de raças puras eram identificados por tatuagens. Em 1966 surgia na França a identificação, visando erradicar doenças. Foi o primeiro país a implantar um sistema obrigatório, com brincos visuais plásticos. Em 1990, surgiu na Inglaterra o mal da “vaca louca”. Na época o gado era identificado por brincos numerados ligados a uma base de dados para consulta do local de nascimento. “Com a doença ficou necessário conhecer a origem do gado”, diz o presidente da empresa FarmExpress, Jerome Reboul, por isso a identificação tornou-se individual. “Acabou ocorrendo o rastreamento de papéis. Aí o excesso de documentos levou à necessidade de criação de sistemas integrados de dados”, conclui.

Fonte: Correio do Estado/ MS e Correio do Povo/ RS, adaptado por Equipe BeefPoint

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