Mais um frigorífico gaúcho acaba de fechar suas portas. O AB, de Parobé, não resistiu à concorrência da carne vinda do Centro-Oeste, que chega ao varejo com preços até 10% inferiores do que o produto gaúcho, e encerrou suas atividades por tempo indeterminado, afirmou o gerente-comercial, Gilmar Stein. Ontem mesmo, todos os 150 funcionários foram demitidos e outros 150 empregos indiretos deixaram de existir. É o primeiro frigorífico que pára este ano. Em 2001, outros cinco deixaram de abater: General Meat Food, Riopel, Rio Guaíba, Ouro Branco e Blau.
Uma série de motivos desencadearam a crise nos frigoríficos gaúchos. Com a perda da condição de zona livre de febre aftosa, o Estado passou a receber carne de outras regiões, o que até então era proibido e ficou impedido de vender o mesmo produto para outros estados, afirmou o diretor-executivo do Sindicato das Indústrias da Carne do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Zilmar Moussalle. Unindo-se a esse, outros entraves mais antigos, como a alta cobrança de tributos e o abate clandestino, ficaram ainda mais evidentes.
Com apenas dois anos de vida, o AB funcionava na parque industrial da antiga Frivale S.A, com capacidade de abate de 400 bois/dia. O AB não chegou a operar a pleno vapor. Nos bons tempos, que se encerraram em maio passado, quando a aftosa voltou, o frigorífico chegou a abater 300 bois/dia, que rendiam cerca de 75 toneladas. A partir daí, o volume caiu e chegou a 100 cabeças/dia. “Optamos por não arriscar a seguir atuando em um mercado que não traz retorno, só prejuízos. O importante é que encerramos sem dívidas”, afirmou Stein.
O frigorífico estava inserido no programa Carne de Qualidade, que oferecia redução no ICMS, hoje de 7%. O programa vence em março e, segundo o Sicadergs, o governo estadual não deu sinais de intenção de renová-lo por mais tempo.
Fonte: Gazeta Mercantil (por Luciana Moglia), adaptado por Equipe BeefPoint