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Frigoríficos buscam novos mercados para driblar a crise

Os dois maiores frigoríficos brasileiros consolidaram suas estratégias de atuação no mercado global em 2008 e mostraram os rumos que vão seguir para abocanhar maiores fatias no comércio mundial de carnes. A JBS Friboi tornou-se um dos grandes do mundo no ramo de frigoríficos depois de anunciar a compra de empresas nos Estados Unidos e na Austrália no início de 2008, enquanto o Grupo Marfrig avançou rumo à Europa, depois de fechar a aquisição de unidades do Grupo OSI, em junho deste ano.

Os dois maiores frigoríficos brasileiros consolidaram suas estratégias de atuação no mercado global em 2008 e mostraram os rumos que vão seguir para abocanhar maiores fatias no comércio mundial de carnes.

A JBS Friboi tornou-se um dos grandes do mundo no ramo de frigoríficos depois de anunciar a compra de duas empresas nos Estados Unidos no início de 2008 – National Beef e Smithfield Beef -, enquanto o Grupo Marfrig avançou rumo à Europa, depois de fechar a aquisição de unidades do Grupo OSI, em junho deste ano. Estabelecendo-se nesses continentes, as empresas conseguem driblar barreiras comerciais e fitossanitárias. O que os frigoríficos não esperavam foi a eclosão da crise financeira global, que está trazendo efeitos para o consumo justamente nos países onde eles se estabeleceram.

Na avaliação de Peter Ho, analista da Corretora Planner, o horizonte de recuperação desses investimentos em aquisições é de longo prazo. “Não há como essas companhias recuperarem esses investimentos em menos de dois anos, pela profundidade da crise. Considero que haverá um período de dois anos de estabilização, ou seja, até que pare de haver desemprego e desaceleração de consumo, por exemplo. O crescimento de mercado levará pelo menos cinco anos, acredito”, avalia o analista da Planner.

O frigorífico JBS adotou a estratégia de manter a maior parte de sua base de operações nos EUA com o objetivo de atingir o mercado da Ásia. “A JBS quer se tornar um grande processador nos EUA, enfocando o mercado asiático. O perfil do consumidor americano e da Ásia são muito parecidos”, avalia Ho. Vale lembrar que o Brasil ainda não tem acesso aos mercados da Coréia do Sul e do Japão. A empresa também adquiriu uma planta na Austrália, do Grupo Tasman, e pode fornecer carne aos asiáticos a partir dessa companhia.

Fausto Gouveia, economista da Infra Asset Management, comenta que o frigorífico poderá passar por aperto de caixa em 2009. “Há que verificar o quanto a crise poderá afetar o endividamento da companhia. A JBS tem dívidas em dólar. Mas, por outro lado, também tem receitas em moeda estrangeira. Será preciso esperar para ver os reflexos da crise nos próximos meses”, comentou Gouveia.

O grupo Marfrig, com as aquisições anunciadas este ano, fortaleceu sua presença na União Européia (UE), com foco de ampliar suas vendas na região. “Com os passos dados em 2008, o Marfrig mostra foco na UE e na América Latina”, comenta Ho, da Planner.

No que diz respeito à demanda por carne bovina no mercado externo, para os próximos meses, os frigoríficos exportadores estão preocupados com a situação de falta de crédito na Rússia – principal mercado importador do produto brasileiro – e, por conta das incertezas em relação a esse país, as companhias modificaram sua expectativa de exportações para 2009.

Estimativa dada em novembro pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) apontava que a receita com exportações poderia chegar a US$ 6,5 bilhões este ano sobre a previsão de 2008, de US$ 5,3 bilhões. “Conseguiremos em 2009 pelo menos manter o volume e o valor obtidos em 2008. Revisamos a estimativa anterior porque a crise está mais danosa do que prevíamos inicialmente”, avaliou Roberto Gianetti da Fonseca, presidente da Abiec.

Para compensar perdas no mercado russo, principal comprador da carne brasileira, os frigoríficos já estão buscando ampliar participação no Oriente Médio e na Ásia. Além disso, os exportadores contam com a ampliação de compras da UE. O Chile é outra aposta, pois deverá reabrir suas portas para a carne brasileira e importar até 100 mil toneladas. Entre janeiro e novembro, os russos responderam por 38% das exportações brasileiras de carne in natura – fatia que chegou a 50% em meados deste ano.

Leia mais sobre as perspectivas para o mundo internacional da carne bovina no artigo, “Mesmo temendo crise mundial, exportadores brasileiros estão otimistas com 2009”, publicado na seção Conjuntura de Mercado do BeefPoint.

As informações são do Diário do Comércio e Indústria/SP, resumidas e adaptadas pela Equipe BeefPoint.

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