Mercados Futuros – 16/07/08
16 de julho de 2008
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18 de julho de 2008

Frigoríficos conseguem alongar escalas e pressão baixista ganha força

Nessa semana os frigoríficos conseguiram sustentar as pressões baixistas e o preço do boi gordo recuou. O indicador Esalq/BM&F boi gordo a prazo foi cotado a R$ 93,86/@, com variação negativa de 1,95%.

Nessa semana os frigoríficos conseguiram sustentar as pressões baixistas e o preço do boi gordo recuou. O indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista apresentou queda de 1,59%, sendo cotado a R$ 92,82/@, nesta quarta-feira. O indicador a prazo foi cotado a R$ 93,86/@, com variação negativa de 1,95%.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


O dólar acumulou desvalorização de 0,42% na semana, sendo cotado a R$ 1,5952. Apesar da queda na cotação do dólar, a desvalorização do indicador durante essa semana fez o preço do boi gordo em dólares recuar para US$ 58,19/@, apresentando variação de -1,18%.

No mercado futuro, a semana foi bastante agitada e os preços voltaram a recuar. Os contratos já vinham se desvalorizando e o movimento de baixa ganhou forças com notícias de aumento nas escalas dos frigoríficos, consolidação do movimento de baixa – pelo menos no momento -, dificuldade no ecoamento da carne pelos frigoríficos e possíveis barrerias impostas pela Rússia – que na verdade podem ser impostas a uma planta específica no estado de Rondônia, e não devem afetar o mercado de maneira geral.

Nesta semana todos os vencimentos registraram variação negativa. O primeiro vencimento, julho/08, fechou nesta quarta-feira a R$ 90,04/@, acumulando queda de R$ 3,28 na semana. Os contratos que vencem em outubro/08 foram os que apresentaram maior variação semanal, com recuo de R$ 4,71, fechando a R$ 86,89/@.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 08/07/08 e 16/07/08


No mercado físico, a oferta aumentou um pouco, devido a falta de pastagem e venda do final dos bois da safra que ainda estavam sendo represados. Assim os frigoríficos conseguiram esticar as escalas e o movimento baixista ganhou força. No Mato Grosso do Sul e Goiás as escalas estão com média de 7 dias.

Para baixar os preços o frigoríficos alegam que a venda de carne está muito ruim e que a diferença entre o valor pago pela arroba e o valor conseguido com as vendas no atacado ainda é muito grande.

Como está o mercado do boi gordo na sua região, em relação a preços, oferta e demanda e número de negócios efetivados? Por favor utilize o box de “cartas do leitor”, para nos enviar informações relevantes sobre o mercado.

No mercado de reposição, parece que a euforia acabou. A perda de força dos preços do bezerro pode ser explicada pela piora na relação de troca, ou seja, com os preços do boi gordo recuando a reposição não está sendo tão interessante nesse momento. O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 754,80/cabeça, nesta quarta-feria, registrando variação semanal de 0,21%. Assim a relação de troca recuou para 1:2,03.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista


Mesmo com o mercado de reposição menos agitado, em todo país a oferta ainda é restrita e os preços seguem altos, nesse cenário as cotações devem continuar firmes e não são esperados fortes recuos no curto e médio prazo. Essa situação tem dificultado a vida de invernistas e confinadores, que já admitem que provavelmente as metas traçadas para 2008 não serão cumpridas.

No atacado, a pressão de baixa exercida pelos compradores, somada ao fato das vendas continuarem retraídas e muito truncadas, forçaram novas baixas nos preços da carne e mercado segue com pouca procura. Segundo o Boletim Intercarnes, a tendência para o mercado de carne bovina é indefinida, e somente deve ocorrer melhora nos preços após maior escoamento das ofertas e aumento da demanda.

O traseiro foi cotado a R$ 5,80, o dianteiro a R$ 4,70 e a ponta de agulha a R$ 4,20. O equivalente físico teve desvalorização de 6,16%, sendo calculado em R$ 77,45/@. Como, na semana, a desvalorização do equivalente foi maior doque a do boi gordo, o spread aumentou ficando em R$ 15,38/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor será a margem bruta do frigorífico.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


Com objetivo de conter a alta do preço dos insumos, o Ministério da Agricultura irá propor à Câmara de Comércio Exterior (Camex) alíquota zero do imposto de importação de fertilizantes e suas matérias-primas. O colegiado deve analisar o pedido em reunião de 29 de julho, quando reavaliará a lista de produtos da Tarifa Externa Comum (TEC) adotada pelos países-membros do Mercosul.

Zerando as alíquotas, o ministério espera aumentar a oferta de fertilizantes e estabilizar as cotações internas desses produtos, segurando, por fim, o preço dos alimentos.

“A solução para a agricultura não está nas mãos do Ministério da Agricultura. Está nas mãos do Ministério de Minas e Energia”, avisou, referindo-se a questões de exploração de jazidas de matérias-primas de fertilizantes, com fosfato, potássio e nitrogenados. O ministro tem insistido na melhoria da legislação para acelerar a retomada, pelo governo, do direito de exploração de novas jazidas de fosfato e potássio concedidos a empresas privadas.

Em audiência pública na Câmara dos Deputados, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, garantiu que o Brasil possui jazidas suficientes de fosfato e um grande potencial para produção de nitrogenados. “No entanto, ainda é preciso identificar e dimensionar melhor essas jazidas”, esclareceu.

Quanto à possibilidade de aumentar a produção interna de fertilizantes e reduzir a vulnerabilidade do Brasil, o ministro recomendou cautela. “Poucos países produzem e exportam esses componentes e existe um risco, em caso de grande aumento da demanda mundial e por questão de proteção de mercado”, enfatizou.

No início desta semana circulou no mercado a informação de que a Rússia poderia impor novas restrições à carne bovina brasileira. Mas o Mapa divulgou uma nota informando que o Serviço Federal Veterinário e Fitossanitário da Rússia comunicou uma possível suspensão da exportação de carne bovina de um frigorífico do estado de Rondônia.

A Secretaria de Defesa Agropecuária do Mapa informou, portanto, que o mercado brasileiro continua aberto para a exportação de carne bovina a Rússia, inclusive Rondônia.

No início da semana também foi realizado pela Conab o leilão dos animais da operação “Boi Pirata”, que apreendeu animais que estavam sendo criados em áreas ilegais na Amazônia, na Estação Ecológica Terra do Meio, em Altamira/PA.

O leilão desta segunda, com 3,5 mil cabeças e preço de abertura de todos os lotes de R$ 3,9 milhões, atraiu a participação de 14 Bolsas de Mercadorias de todo o Brasil, mas não houve lance. O vice-presidente da Bolsa de Cereais de São Paulo, Reinaldo Rosanova, acompanhou pessoalmente a operação na sede da Conab. “Tinha comprador para todo o lote, mas o preço estava acima do mercado”, explicou.

O resultado da primeira rodada de negociação não surpreendeu o governo. “É uma reação normal do mercado, principalmente por se tratar de uma primeira operação desse tipo”, minimizou o superintendente da Conab, João Cláudio Dalla Costa. O segundo leilão está marcado para o dia 21 de julho.

0 Comments

  1. diogo peixoto disse:

    Frigorificos desta região que não são exportadores tentam pagar R$ 80 no boi à vista, mas não conseguiram comprar nenhum boi, o gado magro já tem bastante oferta de bezerros de R$ 750, e poucos negocios, o bezerro aqui estava sendo pago de R$ 800 a R$ 820.

  2. josé antonio helena castilho disse:

    Na nossa região parou tudo de vez, os grandes frigorificos pararam suas compras, e tentam abaixar cada vez mais os preços, que nesse caso é o mais certo, ninguem vai matar boi para perder dinheiro, tocar uma industria custa caro, e tomem cuidado vocês pecuaristas, porque agora é a hora da quebradeira das bicicletas (gente que trabalha sem capital próprio, só no giro) ninguém aguenta prejuizo muito menos quem não tem capital próprio.

  3. jose antonio barreira dias disse:

    Contra fatos não existem argumentos. Sem poder aquisitivo que pague estas altas o consumidor se retira para outros produtos da cesta basica e com estoques altos a saida é baixar preços.

    Penso que os supermercados, principalmente, deveriam baixar também suas margens neste produto, pois percebo lojas ganhando de 40 até 50 % por corte, isso é muito para justificar limpeza ou perdas na hora de desembalar um produto que tem um grande giro.

    Com prazos longos de pagamento o que se observa é que a carne muitas vezes paga outros produtos do mix das lojas que tem um giro e um lucro bem menor.

  4. Alberto Baggio Neto disse:

    Segundo a informação do leitor Evándro o que está “sobrando” no mercado são os miúdos e uma queda pequena no preço do couro verde.

    No entanto, Diogo Peixoto nos informa que em sua região, os frigoríficos não conseguem comprar bois para o abate devido à pressão baixista imposta aos preços da @ de boi gordo

    A próxima semana será decisiva em definir qual o lado mais forte desta luta: se os frigoríficos (pressão baixista dos preços) ou os produtores (que sofrem pressões nos seus custos de produção).

    É pagar para Ver.

  5. João Marcos disse:

    Eu espero que não, mais o que o mercado vem ditando é totalmente o oposto que os pecuaristas estão pretendendo, com o recuo nas compras os frigorificos estão se precavendo, pois o valor do produto acabado não é equivalente ao custo da compra. Com o mercado abarrotado de carne, os pecuaristas devem ficar de orelhas em pé porque esta fase de bom preço na @ pode passar.

  6. Omar Calandreli disse:

    É tudo balela, conversa de comprador para frigorifico, o mercado tem poucos animais, até alguns dias atrás São Paulo estava buscando boi magro em Rondônia e vaca gorda na Bahia, como de lá para cá o mercado enxogou de carne?

    O consumidor está comprando menos, não conheço ninguém que passe uma semana comendo. Calma pessoal o gado da Bahia quase acabou o mercado vai voltar a sua normalidade de alta, e muitos confinadores estão vendendo os animais do segundo giro no confinamento, e a matança de vaca deve continuar assim, por culpa dos frigorificos que só estão matando vacas, segundo alguns comentários (idoneos) o frigorificos temiam que a @ chega-se a R$ 200, medidas enérgicas foram tomadas estomatite numa fazenda com 50 animais é comédia, eles acham que todos são tontos, palpite seja conservador e prudente.

    E boa sorte pecuaristas.