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7 de outubro de 2009
Mercados Futuros – 08/10/09
9 de outubro de 2009

Frigoríficos conseguem manter escala e indicador recua

Mesmo com ofertas reguladas na maioria das regiões, os frigoríficos conseguiram manter suas escalas confortáveis - um pouco mais de uma semana. Compradores comentam que estão conseguindo adquirir a matéria-prima necessária para rodar a indústria, mesmo com os negócios acontecendo em ritmo lento. De acordo com o levantamento realizado pelo Cepea, a arroba do boi gordo em São Paulo apresentou variação negativa na última semana.

Mesmo com ofertas reguladas na maioria das regiões, os frigoríficos conseguiram manter suas escalas confortáveis – um pouco mais de uma semana. Compradores comentam que estão conseguindo adquirir a matéria-prima necessária para rodar a indústria, mesmo com os negócios acontecendo em ritmo lento. De acordo com o levantamento realizado pelo Cepea, a arroba do boi gordo em São Paulo apresentou variação negativa na última semana.

O indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista foi cotado a R$ 78,70/@, na última quarta-feira, registrando desvalorização de 1,12% na semana. O indicador a prazo teve queda mais acentuada (-1,45%), sendo cotado a R$ 80,00/@.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio

Dólar

Interrompendo uma sequência de quedas consecutivas, que resultou na renovação de sua mínima no ano. Segundo o InfoMoney, o dólar comercial deu sinais de recuperação logo no início desta quarta-feira, quando chegou a subir 1% durante a manhã, mas perdendo forças até o final do dia.

A moeda americana fechou em alta de 0,35%, sendo cotado na compra a R$ 1,7587. Na semana, a divisa registrou variação negativa de 1,05%. A arroba do boi gordo foi calculada em US$ 44,75.

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&FBovespa boi gordo à vista, em dólares

A desvalorização do dólar em relação ao real voltou a assombrar o setor. O recuo de 10,3% na cotação da moeda americana no segundo semestre deste ano já afetou a rentabilidade das principais lavouras do país e reduzirá as margens de lucro do setor rural, interrompendo a curva ascendente das últimas duas safras.

Mesmo com a significativa redução dos custos de produção no campo, o câmbio provocará perdas nas operações de troca de grãos por reais. Os produtores também devem amargar prejuízo ao vender a safra com dólar abaixo do período de aquisição dos insumos.

O diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Ademiro Vian, vê a tendência de estouro de uma “bolha” de R$ 50 bilhões no setor, localizada sobretudo na fatia de 30% dos produtores financiados por tradings. “Vai aprofundar a crise desse segmento, que está fora dos bancos e tem uma trava relativa. Quanto mais baixo o dólar, mais sacas têm que pagar à trading”, analisa.

O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, admitiu ontem (07) que o atual “rali” do real traz preocupação com o risco de que uma entrada maior de dólares provoque maior desvalorização da moeda americana e prejudique a economia. O governo, disse Augustin, está atento para que esse movimento não traga dificuldades adicionais às exportações.

Com poucas alternativas para estancar a enxurrada de capital, a equipe econômica tenta armar uma rede de proteção no curto prazo. O problema será levado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Ministério da Fazenda, espera-se uma atuação mais agressiva do BC na tarefa de conter a excessiva valorização do real frente ao dólar.

Para a Fazenda, o BC poderia ser mais agressivo não só em quantidade, mas também na definição das taxas de compra, de modo a tornar mais arriscadas especulações no câmbio. O problema é que nem o Brasil nem outro país tem capacidade de mudar uma tendência mundial, lembra outra fonte do governo.

O frigoríficos brasileiros também estão sofrendo com esta valorização, com o dólar mais baixo, os exportadores recebem menos por suas vendas e o produto nacional perde competitividade em relação ao dos concorrentes. Giuliano Fontolan, trader que atua na exportação de carne bovina comentou “o mercado está complicado e com esse dólar a exportação está difícil”.

Mercado físico

No mercado físico os negócios seguem lentos e na maioria das regiões as compras não evoluem como os compradores gostariam. Após as altas registradas na última semana os frigoríficos conseguiram comprar um volume um pouco maior e agora tentam pressionar por novos recuos, mas após o reajuste de preços os pecuaristas se retraem e a indústria consegue apenas manter as escalas de abate. Se as expectativas de redução no número de animais confinados se confirmarem, e a oferta diminuir, os preços de demonstrar maior firmeza nos próximos dias.

Jaime Assis Catafesta, de Marechal Cândido Rondon/PR, informou através do formulário de cotações do BeefPoint, que em sua região o boi gordo está sendo negociado a R$ 74,00/@, com prazo de 30 dias e a arroba vaca gorda tem cotação de R$ 63,00.

De Santa Maria da Serra/SP (região de Piracicaba), o leitor do BeefPoint Michel Cury comenta que o boi gordo é cotado a R$ 80,00/@, com prazo de dias para pagamento.

Em Bataguassu/MS, os compradores pagam R$ 71,00/@ à vista (boi gordo). “Até sexta-feira o preço do boi era de R$ 69,00 à vista, mas segunda-feira abriu a R$ 71,00 e pelo jeito estão comprando bem”, comenta Sady Borges Stella.

Como está o mercado na sua região? Utilize o formulário para troca de informações sobre o mercado do boi gordo e reposição – uma iniciativa do BeefPoint em parceria com a Bayer – para informar preços e o que está acontecendo no mercado de sua região.

Mercado futuro

A BM&FBovespa apresentou forte retração durante a semana. Na última quarta-feira, o primeiro vencimento, outubro/09, fechou a R$ 79,57/@, com variação semanal de -R$ 3,15. Os contratos com vencimento em novembro/09 registraram desvalorização de R$ 2,94 na semana, fechando a R$ 80,74/@. Na tabela abaixo acompanhe a movimentação do mercado futuro do boi gordo na quarta-feira, 7 de outurbo.

Tabela 2. Fechamento do mercado futuro em 0/10/09

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&FBovespa e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 30/09/09 e 07/10/09

Atacado

Os preços do atacado apresentaram grande variação durante a semana, com o traseiro sendo cotado a R$ 6,50, o dianteiro a R$ 3,80 e a ponta de agulha a R$ 3,90. O equivalente físico foi calculado em R$ 76,64/@, com variação negativa de 0,33% na semana. O spread (diferença) entre indicador de boi gordo e equivalente ficou em R$ 2,07/@, abaixo da média dos últimos 12 meses que é de R$ 4,22/@. Vale lembrar que quanto menor o spread melhor será a margem bruta do frigorifico.

Segundo o Boletim Intercarnes, a oferta de dianteiros é mais expressiva influenciando os preços negativamente, visto que a melhor demanda permanece para cortes de traseiros.

Tabela 3. Atacado da carne bovina

Reposição

O indicador Esalq/BM&FBovespa bezerro MS à vista foi cotado a R$ 596,89/cabeça, com retração de 1,84% na semana. Em relação ao mesmo período do ano passado quando o bezerro desmamado valia R$ 719,00, a variação chega a -16,98%.

A relação de troca melhorou durante a semana ficando em 1:2,18.

Apesar da melhora na relação de troca, a margem bruta também recuou ficando em R$ 701,66. A margem bruta na reposição, é o valor sobra após o o pecuarista vender um boi gordo de 16,5@ e comprar um bezerro para a reposição. Este é valor é o que será usado para pagamento de contas e salário, realização de investimentos e lucros. Mesmo com o recuo registrado nesta semana (0,50%), o valor ainda está acima do apurado no mês passado, quando a média da margem bruta foi de R$ 667,47.

Aconteceu

Frigoríficos + Greenpeace

Executivos das quatro maiores empresas brasileiras de abate e processamento de carne e couro assinaram na última segunda-feira com a organização não-governamental Greenpeace um compromisso público de não aceitar gado de fornecedores envolvidos com o desmatamento da Amazônia.

Blairo Maggi, governador do Mato Grosso, estado com o maior rebanho do País, também participou do encontro, anunciando que a meta do estado é ter 100% das propriedades rurais cadastradas no programa de licenciamento ambiental no prazo de um ano. Maggi defendeu que pecuaristas sejam compensados financeiramente pelas áreas do bioma amazônico que deixarão de ser desmatadas para tornar viável o fim da compra de matéria-prima de áreas desmatadas da Amazônia.

O presidente da Marfrig, Marcos Molina, ressaltou que o pacto representa um passo importante para a cadeia produtiva na adoção de boas práticas de sustentabilidade, atendendo a consumidores estrangeiros e brasileiros.

Já o sócio-diretor da JBS-Friboi, José Batista Junior, destacou que ações conjuntas como esta fortalecem a posição de frigoríficos brasileiros no mercado externo.

“A adoção de medidas conjuntas demonstra a seriedade dos compromissos assumidos pelos frigoríficos e ajuda a evitar a duplicação de esforços, agilizando a adoção de critérios que levem ao fim do desmatamento na produção pecuária brasileira”, disse Paulo Adário, diretor da campanha Amazônia do Greenpeace.

Apesar do acordo ter tido boa repercussão entre toda a sociedade, os produtores reclamaram que não foram chamados a opinar sobre as ações que serão implementadas. “Esta decisão bilateral não ajuda o produtor, o consumidor e muito menos a economia de Mato Grosso”, disse o presidente da Famato Rui Prado. Para ele, é estranho que o governo do Estado, compactue com tal medida, já que Blairo Maggi participou do ato de assinatura da moratória. “O governo estadual precisa estar do lado de Mato Grosso. Precisa respeitar o setor agropecuário que muito contribui com o desenvolvimento deste estado gerando riquezas, empregos e renda para os cidadãos mato-grossenses”, declarou.

O setor produtivo criticou à exclusão em qualquer tipo de discussão que antecedeu a assinatura. “Em nenhum momento os produtores ou suas entidades representativas foram chamados para a discussão. O setor ficou alijado deste processo e agora, mais uma vez, vai pagar por pecados que não cometeu” disse Normando Corral vice-presidente da Federação.

O comunicado dos frigoríficos JBS-Friboi, Bertin e Marfrig de que definirão critérios socioambientais mínimos para comprar gado produzido no bioma Amazônia é visto pela Associação dos criadores de Mato Grosso (Acrimat), como “satisfação ao mercado externo”, disse o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari. Ele observa que “o pecuarista não foi consultado em momento algum para a definição desses critérios, ele não conhece o teor desse documento e eles (frigoríficos) se esqueceram de que quem produz são os produtores e que eles também vendem seu gado para o frigorífico que quiserem”. Vacari pergunta “quem vai pagar a conta de todas as implantações necessárias para cumprir as novas regras? Quem vai fiscalizar? Quem vai definir as regras do jogo que foram feitas só por um dos elos dessa cadeia que envolve diversos segmentos? São perguntas que ainda não responderam”. Clique aqui e leia na íntegra o documento assinado pelos frigoríficos, nesta segunda-feira.

Mapa +CNA = Sisbov

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) firmaram acordo para a operacionalização de uma base de dados para o Serviço de Rastreabilidade da Cadeia Produtiva de Bovinos e Bubalinos (Sisbov). “Essa parceria público-privada é de extrema importância e vai acelerar os trabalhos nas áreas de inspeção e rastreabilidade, com o desenvolvimento de softwares”, comentou Stephanes. “É importante mostrar ao mundo que estamos integrados”, opinou a presidente da confederação, Kátia Abreu.

Com esse acordo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) deve assumir o papel de auditoria privada no sistema de rastreamento do gado. Para isso, a CNA e o Ministério da Agricultura investirão R$ 12 milhões para desenvolver sistemas de tecnologia, baseado na Guia de Trânsito Animal (GTA) eletrônica.

“O Ministério da Agricultura passa a dividir com a CNA o Sisbov e isso dará mais eficiência ao sistema. A função principal é a de atestar a qualidade da carne que será exportada”, considerou a senadora Katia Abreu, presidente da CNA. Após assinar o acordo, Stephanes comentou que o ponto crucial da parceria é o de levar a agilidade do setor privado ao trabalho que, desenvolvido pelo governo, torna-se mais lento. “O que muda é apenas a questão operacional”, disse.

Independência

A assembleia de credores do Frigorífico Independência, marcada para a última segunda-feira (05/10) foi suspensa novamente. Um novo encontro será realizado no próximo dia 19 de outubro. Desta vez o pedido de suspensão partiu dos próprios credores, para que a proposta apresentada pela empresa possa ser analisada.

O Independência melhorou sua proposta para o pagamento dos débitos. No caso dos pecuaristas, a empresa sugere pagamento integral das dívidas com limite até R$ 100 mil e o saldo restante em 36 parcelas mensais. Pela proposta original da empresa, o teto para pagamento integral era de R$ 80 mil.

Além da discussão com credores, o Independência poderá lidar com uma situação ainda mais difícil: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) quer deixar a sociedade que possui com a família na Independência Participações, holding controladora da Independência SA e Nova Carne, as duas empresas do grupo que estão em recuperação judicial. Mais do que deixar a sociedade, o banco pretende usar uma cláusula contratual que obriga os donos do Independência, Miguel Russo e Roberto Russo, a recomprarem a participação de 21,82% que o BNDES possui na holding.

O banco alega que a empresa teria descumprido alguns termos do contrato, entre eles o próprio pedido de recuperação judicial, que não teria sido discutido com o BNDES. “A empresa tomou medidas que não eram de conhecimento do BNDES e por isso decidimos recorrer à cláusula de recompra das ações”, disse um representante do banco, que esteve presente, apenas como ouvinte, na assembleia de credores da empresa.

Quatro Marcos

Pecuaristas credores do Frigorífico Quatro Marcos de Mato Grosso estiveram reunidos na tarde desta quarta-feira (07) na Federação da Agricultura de Mato Grosso – Famato. Ficou decidido que querem receber 100% da dívida, com juros e correção monetária ou será pedida a falência do frigorífico. “A divida com os pecuaristas já existe há quase um ano e não é justo que esperem por mais tempo para receber”, disse o superintendente da Associação dos criadores de Mato Grosso, Luciano Vacari.

Ficou decidido ainda, que representantes de cada região de Mato Grosso irão mobilizar os credores do frigorífico para convidá-los para a assembléia geral ou solicitar uma procuração para serem representados. “Vamos para o tudo ou nada”, disse o pecuarista de Mirassol D´Oeste, Olímpio Ferrari que tem um crédito de R$ 800 mil a receber do Quatro Marcos. Ele reforça que “o produtor está consciente da necessidade de se unir neste momento e que não é possível mais conviver com o descaso com que o pecuarista é tratado pelo frigorífico”.

O presidente da Comissão de Credores dos Frigoríficos em Recuperação Judicial de Mato Grosso, Marcos da Rosa, alerta “que é muito importante que todos participem da assembleia geral ou assinem procurações para serem representados”. O assessor jurídico da Acrimat, Armando Biancardini Candia, lembra que “o voto de cada credor tem peso proporcional ao valor do seu crédito e todas as decisões acontecem nas assembleias gerais, pois elas tem a competência para deliberar sobre o Plano de Recuperação Judicial e qualquer incidente que possa ocorrer durante o processo”. A assembleia será realizada no próximo dia 20 de outubro no Teatro Municipal Luiz Gonzaga, na Rua Elton Silva, nº 450, Parque J.M.C., na cidade de Jandira/SP, às 11 horas.

Associação Nacional dos Fornecedores do Varejo (ANFV)

Pelo menos 20 entidades que representam empresas que possuem relacionamento comercial com o grande varejo brasileiro estão se reunindo numa nova instituição que será denominada de Associação Nacional dos Fornecedores do Varejo (ANFV).

A Associação será criada com o objetivo, de estudar e avaliar os contratos que estão sendo impostos unilateralmente pelas grandes empresas do setor e que deixam de fora quem não se submete às regras ditadas pelas grandes corporações que dominam o varejo brasileiro. “O universo de fornecedores do varejo é formado, na sua maior parte, por pequenas e médias empresas que não possuem condições de defesa diante das grandes empresas que dominam este mercado. A Associação pretende influir politicamente, administrativamente e, se for o caso, recorrer a esfera judicial para que as negociações e os contratos ao invés de leoninos sejam mais justos”, disse Péricles Salazar, que está coordenando a aglutinação das entidades numa só organização nacional.

“O primeiro passo da nova entidade será o de encomendar parecer jurídico sobre a legitimidade dos contratos e de suas cláusulas, notadamente nos aspectos civis e tributários. A desvantagem que existe hoje em dia para as empresas é muito grande”, avalia.

0 Comments

  1. adriano aguilar disse:

    Quero dizer que é de extrema importancia para nos na area de assistencia técnica ao pecuarista estarmos associados a todos os seus segmentos,e materias como esta nos deixam cada vez mais por dentro de como andam as coisas fora da fazenda.
    Também quero ressaltar que este estmos vivendo em clima e condições totalmente favoraveis para o agronegocio,condições climaticas,mais não estamos sendo favorecidos pelos maus negociadores em setores primordiais para o segmento da pecuaria brasileira,tais como os frigorificos que ainda não mantem suas propostas de acordo com seu principal aliado,o PRODUTOR RURAL,sendo que sem ele não iriamos nunca exportar nossos produtos.
    Obrigadoo….
    Adriano Aguilar
    Consultor tecnico em pastagens