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Frigoríficos e atacadistas lançam protocolo de legalidade socioambiental no Cerrado

O Protocolo do Cerrado, um conjunto de 11 critérios negociado com frigoríficos e atacadistas para que comprem carne de quem não pratica ilegalidades sociais e ambientais, foi lançado nesta quarta-feira (24/4) depois de três anos de elaboração. É um instrumento voluntário.

Batizado de “Protocolo de monitoramento voluntário de fornecedores de gado no Cerrado”, a iniciativa procura garantir conformidade socioambiental na produção de compra de carne no Cerrado. O bioma é uma das áreas de maior biodiversidade de savana do mundo, reúne oito das principais bacias hidrográficas do Brasil e vem batendo recordes de desmatamento, além de episódios de conflitos sociais e registros de trabalho forçado.

Começou a ser desenhado em 2020 pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora) e as ONGs Proforest e a americana National Wildlife Federation (NWF), além de colaboração do WWF Brasil, da indústria alimentícia, do Ministério Público Federal (MPF) e entidades do setor pecuário.

A padronização de critérios atraiu cinco frigoríficos – JBS, Minerva, Marfrig, Frigol e Masterboi – e três varejistas – Grupo Pão de Açúcar, Carrefour Brasil e Arcos Dorados, controladora do McDonald’s no Brasil.

Os 11 critérios envolvem análises geoespaciais para avaliar se há sobreposição da área de criação de gado com regiões desmatadas, com conversão de vegetação nativa ou com áreas protegidas – terras indígenas, territórios quilombolas, unidades de conservação – e também com áreas onde há embargos ambientais.

Cerrado tornou-se epicentro

Se o combate ao desmatamento na Amazônia está surtindo resultados, o Cerrado é o epicentro da derrubada. Pelos dados oficiais do Prodes Cerrado, de novembro, foram 11.011 quilômetros quadrados de corte raso entre agosto de 2022 a julho de 2023, aumento de 3% em relação ao ano anterior e 2 mil km2 a mais do apurado pelo Prodes Amazônia no mesmo período.

Entre janeiro e março de 2024, o sistema Deter, que monitora em tempo real a alteração da cobertura vegetal, apontou 1.475 km2 de destruição no Cerrado, o patamar mais alto da série histórica. Boa parte disso se deve a licenças de desmatamento dadas pelos órgãos estaduais.

“O desmatamento no Cerrado precisa ser freado e ser sem adjetivos, legal ou ilegal”, disse a pesquisadora Mercedes Bustamante, professora titular da Universidade de Brasília e uma das maiores especialistas em Cerrado do Brasil, durante evento do Observatório do Meio Ambiente no Conselho Nacional de Justiça, em Brasília, ocorrido na segunda-feira.

O Cerrado concentra 36% do rebanho brasileiro e mais de 63% da produção brasileira de grãos.

Fonte: Globo Rural.

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