Os frigoríficos gaúchos devem fechar 2004 com 120 mil toneladas de carne bovina exportadas, segundo o Sindicato da Indústria de Carne do Estado (Sicadergs). O volume é praticamente o dobro das 63 mil toneladas enviadas ao Exterior em 2003 e supera em um terço a estimativa inicial, de 90 mil toneladas. “Como a avalanche da carne brasileira não pára, nós embarcamos nela também”, diz o diretor-técnico do Sicadergs, Zilmar Moussalle.
O crescimento gaúcho, entretanto, supera o brasileiro. De janeiro a novembro, o país embarcou 1,062 milhão de toneladas, ante 831 mil em todo o ano passado. Crescimento de 28% que será ampliado com os números de dezembro. O que impulsionou as exportações gaúchas foi um aumento das vendas para tradicionais compradores, como Chile, Egito, países árabes e União Européia.
O presidente do frigorífico Mercosul, Mauro Pilz, diz que na sua empresa o incremento se deu especialmente entre os cortes traseiros, mais nobres e de maior valor. No Mercosul, a ampliação de 17,6 mil toneladas exportadas em 2003 para cerca de 30 mil neste ano foi acompanhada por um aumento de 1,4 mil para 2,7 mil empregados, com a abertura de duas novas plantas, em Pelotas e em Alegrete. “O setor carnes tem sido ferramenta para geração de emprego e renda na Metade Sul”, diz Pilz.
Entretanto, empresários ainda reclamam da competição de abatedouros clandestinos, que responderiam por até 50% dos abates no estado. Outra dificuldade é a inserção do produto gaúcho no centro do país, abastecido por grandes frigoríficos que se beneficiam de produção em escala maior e por melhores incentivos tributários.
Uma concorrência difícil de ser enfrentada, já que os frigoríficos gaúchos trabalham com margem de lucro de 2%, segundo o presidente do Sicadergs, Mauro Lopes. Os pecuaristas reclamam ainda do baixo preço do quilo do boi gordo no estado: R$ 1,79 segundo a Emater.
“Prevíamos que, com a intensa exportação, o preço do boi reagiria, mas isso não aconteceu”, admite o presidente da Comissão de Pecuária de Corte da Federação da Agricultura (Farsul), Fernando Adauto.
Para 2005, o Sicadergs projeta aumento de 10% a 15% no volume de carne exportada.
Fonte: Zero Hora/RS (por Sebastião Ribeiro), adaptado por Equipe BeefPoint