Fechamento 11:50 – 15/01/02
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Frigoríficos gaúchos reduzem abates de animais

A indústria frigorífica gaúcha seguiu em 2001 a trajetória inversa do setor no País. A perda do status sanitário do Rio Grande do Sul de zona livre de febre aftosa trouxe à tona uma série de percalços vividos pelos frigoríficos, como abate clandestino e alta cobrança de tributos, que chegam a 29%. O resultado foi uma redução nos abates de 17,2%, para 806,8 mil bovinos, informou o Sindicato das Indústrias da Carne do Rio Grande do Sul (Sicadergs).

A queda na exportação foi ainda maior, de 30%, com a venda externa de apenas 40 mil toneladas, e o fechamento temporário de seis indústrias: General Meat Food e Riopel, Rio Guaíba, Ouro Branco, AB e Blau. Em compensação, o Brasil como um todo elevou em 35% a venda de carne bovina a outros países, no período de janeiro a novembro de 2001, quando comparado a igual período do ano anterior, exportando um volume de 571,7 mil toneladas, segundo informou a Associação Brasileira da Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

”Com a condição de zona livre de aftosa sem vacinação, prevíamos uma exportação de 90 mil toneladas”, disse o diretor executivo do Sicadergs, Zilmar Moussalle. De maio até dezembro, o Estado praticamente não exportou carne “in natura”. No final de 2001, recebeu autorização para exportar para a União Européia, mas já era tarde, pois as vendas de final de ano já estavam fechadas. “Desta maneira, perdemos um dos melhores momentos para exportar, justamente o período que combinava a desvalorização do real e a alta demanda na UE, que diminuiu o consumo do próprio gado com o mal da vaca louca”, mencionou.

No entanto, não foi só a queda das vendas para o mercado externo que trouxe prejuízo para a indústria gaúcha. Com surgimento de aftosa, o estado passou a receber carne com osso de todo o país, o que até então era proibido, e foi impedido de vender o mesmo produto para outras regiões brasileiras. Por abrigar maior quantidade de animais e possuir número reduzido de frigoríficos, a carne do Centro-Oeste possui um custo inferior e chega ao atacado e varejo gaúchos por até R$ 2,50 o quilo carcaça, preço muito inferior ao pago pelo boi no Estado, de R$ 2,80 o quilo carcaça.

Devido às dificuldades enfrentadas pelo setor, o maior frigorífico do estado teve que paralisar as atividades de uma de suas indústrias para adequar-se ao novo momento do mercado. O Mercosul, de Bagé, foi surpreendido com o retorno da aftosa sete meses depois de ter arrendado o maior frigorífico gaúcho, o Riopel, com capacidade de mil bois/dia. O frigorífico arrendou a unidade com perspectiva de aumentar as exportações, que em 2000 representaram 30% das vendas totais. Os planos fracassaram e o Mercosul fechou o Riopel em maio e reduziu os abates em 5%.

O diretor Mauro Pilz prevê um primeiro semestre difícil. “Além da redução da procura por carne gaúcha no mercado interno, o Rio Grande do Sul sofrerá maior concorrência para a União Européia a partir de fevereiro, quando a Argentina voltará ao circuito internacional”, mencionou.

Por isso, o frigorífico já reduziu os abates para 600 bois/dia. Ele prevê em curto prazo queda no preço do boi no estado de pelo menos 7%, para R$ 2,60 o quilo carcaça, para que as indústrias possam atuar no mercado com alguma competitividade.

Fonte: Gazeta Mercantil (por Luciana Moglia), adaptado por Equipe BeefPoint

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