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Frigoríficos não compram e pressionam preços para baixo

Apesar da oferta de boi continuar restrita, a saída de compradores do mercado de boi fez com que os preços da arroba nos contratos de compra para entrega em 30 dias recuarem 0,4% em julho. O Cepea constatou que os frigoríficos conseguiram comprar alguns lotes em Mato Grosso do Sul e aumentaram, portanto, a escala de abate, ficando mais confortáveis para sair do mercado momentaneamente e conseguindo baixar um pouco o preço.

Apesar da oferta de boi continuar restrita, a saída de compradores do mercado de boi fez com que os preços da arroba para pagamento com 30 dias recuarem 0,4% em julho, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).

A especulação também vem atingindo o mercado futuro. Desde 30 de junho, o recuo do contrato novembro na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) foi de 5,2%, de R$ 94,50 para R$ 89,50 ontem.

O Cepea constatou que os frigoríficos conseguiram comprar alguns lotes em Mato Grosso do Sul e aumentaram, portanto, a escala de abate, ficando mais confortáveis para sair do mercado momentaneamente e conseguindo baixar um pouco o preço.

Entretanto, em algumas praças do país o preço da arroba supera os R$ 100. De acordo com o diretor da Pantanal Certificadora, Waldir José Eduardo Soares, a venda ocorreu em uma propriedade certificada para exportar à União Européia, em Pedra Preta, sul de Mato Grosso. “Foi a fazenda Vila Rica, que vendeu na semana passada um lote de 2 mil animais a R$ 100, livre de Funrural, o que significa um preço de R$ 102”, contou Soares.

O preço é 17% superior ao valor da arroba na região, que está cotada a R$ 87. “Outro lote de 1,5 mil animais está em negociação e muitos frigoríficos estão vindo atrás”, lembrou.

O diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), Luiz Carlos Oliveira, garantiu que não há lucratividade para a indústria que adquire o animal a esse valor. “Os frigoríficos que fazem isso é para manter mercado na União Européia. A médio e longo prazos essa realidade não vai se sustentar”, avaliou.

As informações são de reportagem de Fabiana Batista, da Gazeta Mercantil, adaptado pela Equipe BeefPoint

0 Comments

  1. Deniz Ferreira Ribeiro disse:

    Nunca um ditado popular que afirma que “o uso do cachimbo faz a boca torta” se adequou tão bem como hoje à realidade do mercado de boi gordo dos dias que correm.

    Após um aumento espetacular de cerca de 50% em poucos meses nos preços da arroba do boi gordo, e sem olhar qual foi o percentual de aumento dos custos do setor nos últimos anos, a mafia dos açougueiros promovidos a grandes empresários volta a manipular o mercado entendendo que chegou a hora de manobrar para interromper a trajetória de elevação dos preços.

    Para tanto vale qualquer recurso já testado no passado: mentiras deslavadas sobre suas escalas de abate, embaralhamento dos números no mercado futuro, declarações irresponsáveis de porta-vozes de entidades corporativas e tudo o mais que já assistimos antes.

    Tudo isso seria cômico se não fôsse trágico, pois as consequências para o futuro da cadeia da carne no País, da continuidade dessas estratégias de botequim, será no mínimo funesta. Além de desmoralizar completamente uma ferramenta importante para a construção de um mercado mais sólido e transparente que é o mercado futuro, tais atitudes somente têm o condão de retirar, ainda que momentâneamente, a motivação econômica necessária a alguma estabilidade de produção futura.

    Mesmo após um período de relativa liberdade na formação dos preços do mercado, uma parcela significativa de produtores de gado de corte ainda tem fortes dúvidas quanto à sua transparência, e na medida em que seus manipuladores persistirem nessas práticas que passaram a adotar nos últimos dias, findam por exercer um papel deletério, pois induzem boa parte daqueles agentes econômicos a realizar uma nova safra de abate de fêmeas.

    O resultado econômico mais espetacular propiciado pelo funcionamento do mercado nos últimos meses foi exatamente a reversão da tendência de redução do plantel de matrizes da pecuária brasileira. A base da produção futura repousa sobre essa reversão de tendência. Caso ocorra o oposto, a produção futura ficará parcialmente comprometida. Parece que essa gente que precisa do boi gordo para fazer seu negocio funcionar, esquece, de vez em quando que matriz abatida representa um boi gordo a menos por ano nos tempos que virão.

  2. CHRISTIAN LIMA SEVERO disse:

    Venho aqui para parabenizar o Deniz por seu comentário. Nós produtores precisamos estar preparados, com conhecimento da realidade do mercado, para reagir e superar estas estratégias ultrapassadas e irresponsáveis que os empresários adotam.

    É importante salientar que a maioria de nós está na atividade a gerações, e não podemos nos arriscar por conta de alguns aventureiros irresponsáveis. O que está em jogo hoje é o futuro da cadeia de carne do nosso país, sem matriz não há reposição para engorda e abate.