Mercados Futuros – 14/05/08
14 de maio de 2008
Nelore foi destaque na Expozebu
16 de maio de 2008

Frigoríficos reajustam preços, mas oferta ainda é pequena

O mercado do boi gordo segue no movimento de alta, confirmando um ano atípico e enfatizando que a oferta de animais é restrita em todo o território brasileiro. Os frigoríficos continuam com dificuldade para encontrar animais para abate e o preço da arroba segue se valorizando a cada dia, mesmo com o calendário marcando período de safra do boi gordo.

O mercado do boi gordo segue no movimento de alta, confirmando um ano atípico e enfatizando que a oferta de animais é restrita em todo o território brasileiro. Os frigoríficos continuam com dificuldade para encontrar animais para abate e o preço da arroba segue se valorizando a cada dia, mesmo com o calendário marcando período de safra do boi gordo.

Em muitas regiões as chuvas já estão mais espaçadas, o frio começa a chegar e os pastos já começam a diminuir a produção, mas mesmo assim o boi não aparece e o indicador Esalq/BM&F à vista é cotado a R$ 79,41/@, alta de 1,39% (R$ 1,09) na semana. O indicador a prazo foi cotado a R$ 80,31/@, nesta quarta-feira, registrando valorização de 1,22% na semana. Em relação ao mesmo período do ano passado este valor é 40,94% superior.

Tabela 1. Principais indicadores, Esalq/BM&F, relação de troca, câmbio


O dólar compra fechou em alta nesta quarta-feira, a R$ 1,6610, e interrompeu uma série de três quedas seguidas, reagindo ao anúncio da criação do fundo soberano do Brasil. Resultados positivos de empresas também ajudaram a sustentar um ambiente de negociações mais ameno, interna e externamente.

No final da tarde de terça-feira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, apresentou o plano para a criação do fundo soberano nacional, que terá como uma das formas de captação, a absorção de dólares do fluxo interno. Outra forma de arrecadar recursos para o fundo seria a apropriação do excedente do superávit primário que ajudaria no combate da inflação. Segundo ele, gastando menos aqui dentro, o governo reduz o aquecimento da demanda interna. A notícia gerou receios de que a captação possa se tornar um instrumento de política cambial.

“No câmbio, a expectativa de que o Tesouro Nacional compre o excedente de dólares e os direcione para o fundo soberano deve compensar, em parte, o aumento dos ingressos financeiros por conta do alto diferencial dos juros, em meio ao baixo risco do país”, avalia Miriam Tavares, diretora de câmbio da corretora AGK.

Apesar da alta, na semana a desvalorização acumulada é de 0,74%. Com este recuo e o preço do boi gordo em alta, o indicador Esalq/BM&F em dólares subiu para US$ 47,81/@ (+2,14%).

Gráfico 1. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista, em R$ e em US$


No mercado físico, a semana foi de negócios lentos e preços firmes. Com pouca oferta e escalas curtas os frigoríficos tiveram que negociar bastante para conseguir lotes de animais para abate e em diversas praças precisaram elevar as ordens de compra.

As escalas alongaram ligeiramente em algumas regiões, mas ainda estão com 6 dias no máximo. Agentes do mercado acreditam que a oferta deve melhorar um pouco nos próximos dias, mas não a ponto de provocar recuos significativos.

O leitor do BeefPoint, Francisco dos Santos, comenta que no Mato Grosso do Sul o mercado físico segue em alta. “Frigoríficos com escala curta já pagaram R$ 76,00/@, com prazo de 30 dias”, completa Santos.

Tabela 2. Resumo das cotações do mercado físico do boi gordo, variação relativa a 07/05/08



Com dificuldade para comprar boi gordo, muitos frigoríficos têm recorrido às fêmeas para completar as linhas de abate. Com isso a arroba da vaca gorda também se valorizou em muitas regiões produtoras. Germano Zaina Junior, leitor do BeefPoint de Avaré/SP, comenta que frigoríficos da região já pagaram R$ 73,00/@ na arroba da vaca com peso acima de 13@.

O mercado de reposição segue aquecido. Com os preços do bezerro apresentando valorizações consecutivas. A pouca oferta de todas as categorias de reposição e a forte demanda tem provocado altas constantes e muitos pecuaristas comentam que a cada dia está mais complicado adquirir bons animais. Em todo o país a oferta segue restrita apesar de estarmos em maio, mês que pode ser considerado safra de bezerros, quando normalmente os criadores realizam as desmamas e disponibilizam um volume maior de animais no mercado.

O indicador Esalq/BM&F bezerro MS à vista foi cotado a R$ 615,59/cabeça, nesta quarta-feira, acumulando alta de 2,43% (R$ 14,58) na semana. Na comparação com 2007 a alta é de 47,27%, em 14 de maio do ano passado o bezerro valia R$ 418,00/cabeça, de acordo com o levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A relação de troca recuou, ficando em 1:2,13.

Régis Silva Vitória, de Goiatuba/GO, informou ao BeefPoint que na região o bezerro desmamado foi vendido a R$ 540,00, e o boi magro já está cotado a R$ 900,00. “Essa semana o mercado está meio maluco. Acompanhando preços de outras praças percebi a grande diferença entre localidades relativamente próximas umas das outras”, comenta.

A BM&F fechou em alta, acompanhando a firmeza do mercado físico, todos os contratos de boi gordo apresentaram forte valorização durante a semana. O primeiro vencimento, maio/08, fechou a R$ 81,55/@, alta de R$ 1,98. Os contratos com vencimento em outubro/08 tiveram variação positiva de R$ 4,44, fechando a R$ 92,29/@.

Gráfico 2. Indicador Esalq/BM&F e contratos futuros de boi gordo (valores à vista), em 07/05/08 e 14/05/08


No atacado da carne bovina, o traseiro foi cotado a R$ 5,50, o dianteiro R$ 4,40 e a ponta de agulha a R$ 3,80. O equivalente físico foi calculado em R$ 72,75, 0,98% inferior ao valor calculado na semana passada. Com equivalente físico e indicador de boi gordo andando para lados opostos, o spread (diferença) entre estes dois indicadores subiu para R$ 6,66/@, ficando acima da média dos últimos 12 meses, que é de R$ 6,53/@. Vale lembrar que quanto maior o spread menor será a margem do frigorífico.

Segundo o boletim Intercarnes, desde o início da semana, as vendas (atacado e varejo) estão muito instáveis e irregulares, melhores apenas para dianteiros avulsos. As ofertas seguem de regulares a fracas, e bem compatíveis com a procura irregular.

Tabela 2. Cotações do atacado da carne bovina


Gráfico 3. Indicador Esalq/BM&F boi gordo à vista x equivalente físico


Nesta semana, Antônio Camardelli, diretor-executivo da Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne) anunciou que está deixando a entidade para se juntar ao ex-ministro Pratini de Moraes no Grupo JBS-Friboi. Camardelli vai dar consultoria ao Friboi na área internacional.

Carlos Minc vai assumir o Ministério do Meio Ambiente no lugar de Marina Silva. A confirmação aconteceu depois de o presidente Lula se reunir no Palácio do Planalto com o ex-governador do Acre, Jorge Viana (PT), que também era cotado para o cargo. Viana não quis falar sobre o convite nem se havia recusado a oferta de assumir o ministério.

Ativista ambiental, o novo ministro foi líder estudantil, participou da resistência contra a ditadura militar e, em 1969, foi preso e exilado. Voltou ao Brasil em 1979, no período da anistia. Minc foi um dos fundadores do Partido Verde. Nos anos 90 se filiou ao PT. Recebeu, em 1989, o Prêmio Global 500, concedido pela ONU aos que se destacam mundialmente nas lutas em defesa do ambiente.

A senadora Marina Silva (PT-AC), pediu demissão da pasta do Meio Ambiente nesta terça-feira. Oficialmente, a assessoria de Marina informou que a saída ocorreu por causa de uma série de desgastes provocados por ações do governo com as quais não concordava e uma seqüência de insatisfações com as atitudes do próprio presidente. Mas o que pode ser qualificado como “gota d´água” foi, de fato, a escolha de Mangabeira Unger, ministro da Secretaria de Ações de Longo Prazo, para a chefia do conselho gestor do Plano Amazônia Sustentável.

A troca no comando do Ministério do Meio Ambiente ainda é avaliada com cautela pelo setor ruralista brasileiro. No Congresso, deputados e senadores ligados ao agronegócio dizem acreditar que a chegada de Carlos Minc pode reabrir o diálogo entre os diversos segmentos e elaborar uma política mais realista, que alie proteção ao meio ambiente e o desenvolvimento do País.

As primeiras impressões agradaram a senadora Kátia Abreu (DEM-TO), vice-presidente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA), que espera um avanço na política agrícola do governo. “Não podemos mais viver comandados pela ideologia em detrimento da razão. Espero que, agora, o bom senso se sobreponha ao radicalismo e que o novo ministro encontre uma forma de conciliar a preservação do meio ambiente em parceria com o campo e a cidade”, comenta.

O ministro da agricultura, Reinhold Stephanes, criticou o conceito da Amazônia Legal, por abranger municípios de Mato Grosso e Tocantins, cujo principal bioma é o cerrado. “O conceito Amazônia Legal passou a ser usado até se pintar de verde todo o Mato Grosso, todo o Tocantins e parte do Maranhão. Aí, criou-se uma confusão”, afirmou. Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins e oeste do Maranhão fazem parte da Amazônia Legal. Essa classificação é usada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para fazer o monitoramento por satélite da floresta.

Sem elevar formalmente a meta de superávit primário (receitas menos despesas, sem considerar o pagamento de juros) das contas do setor público, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou essa semana a criação do Fundo Soberano do Brasil (FSB). Os objetivos são múltiplos: impedir uma queda maior do dólar, ajudar no combate à inflação, apoiar projetos “estratégicos” de empresas brasileiras no exterior e formar uma poupança para momentos de crise.

A edição deste sábado do jornal britânico “The Guardian” dedica uma página inteira ao “país do futuro”, o Brasil, explicando por que muitos acreditam que finalmente “o gigante adormecido da América do Sul” está acordando. O diário diz que muitos empresários e políticos brasileiros estão convencidos de que o Brasil está caminhando para um lugar de destaque no cenário internacional graças aos avanços na situação econômica do país.

“Graças, em grande parte, ao ´boom´ mundial das commodities, esta região de plantação de soja (o Mato Grosso) se transformou na vanguarda da marcha do Brasil rumo ao palco mundial”, começa dizendo a matéria, assinada pelo repórter Tom Phillips. Ele lembra que apesar de o Brasil ter sido conhecido como o país do futuro há muito tempo, uma série de crises econômicas e políticas, além de 21 anos de ditadura militar, evitaram com que o país chegasse lá. Leia mais.

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