Embora tenha uma capacidade para abater 720 cabeças por dia, o que representa cerca de 150 toneladas diárias, hoje o frigorífico gurupiense Safrigu só produz 70 toneladas. É o que diz o diretor da empresa Oswaldo Stival. Um levantamento do Sindicato das Indústrias Frigoríficas do Tocantins (Sindicarne) mostra que os 12 frigoríficos tocantinenses em funcionamento abatem, em média, 56,8 mil animais por mês. A capacidade total é de 133,5 mil, o que representa uma ociosidade de 76,7 mil cabeças (57,45%).
“Há sete anos atrás nós tínhamos 6 milhões de cabeças. Hoje nós temos 7,2 milhões. O crescimento é muito pequeno”, comenta Stival. “Nosso rebanho está sendo levado para outros Estados”, completa.
Segundo o Sindicarnes, o êxodo do rebanho tocantinense acontece por causa das tarifas de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) praticadas no Estado. A alíquota interna é de 3% e a externa é de 7% apenas, menor que os 12% praticados em outros estados. “Por isso, o produtor prefere vender para fora. Nós estamos esperando uma posição do Governo do Estado para decidirmos os rumos”, explica Stival.
O vice-presidente da Federação da Agricultura e pecuária do Estado (Faet), Nasser Iunes, entretanto, não concorda com o estudo. “Isso não é verdade. No Norte do Estado, eu tive que esperar duas semanas para conseguir colocar meu boi no frigorífico”, afirma.
Segundo Iunes, o crescimento do rebanho tocantinense ainda está acima da média nacional. “Esse é o discurso dos frigoríficos. Se houvesse mesmo pouco gado, a pressão do mercado faria com que os preços subissem”, disse, completando que “o Tocantins tem o preço mais baixo do País, dentro de zona livre de aftosa, com vacinação”, comentou.
Segundo o diretor da receita, Edson Lamounier, a alíquota do ICMS é a mesma em todos os estados. No Tocantins, a diferença é que existem incentivos fiscais para beneficiar a produção. “A carga tributária é menor para que o boi tocantinense tenha maior competitividade em outros estados, aumentando a produção. Em nenhum momento o Estado quis, com esta carga tributária, prejudicar alguém”, confirmou Lamounier. De acordo com o diretor o Estado quis, com a redução, que os frigoríficos tivessem menor carga tributária para vender mais. “Não vejo prejuízo a ninguém. De qualquer maneira o produtor paga o imposto. Se vender aqui no Estado paga 3%. Se vender para fora o ICMS é ainda maior, a alíquota é 7%”, finalizou.
Fonte: Jornal do Tocantins (por Sandro Petrilli), adaptado por Equipe BeefPoint