Quem não tem dúvidas está no mínimo mal informado
12 de janeiro de 2012
CEPEA: preços ofertados afugentam muitos pecuaristas
12 de janeiro de 2012

Frigoríficos: reestruturação interna em 2012

Ao se depararem com um alto grau de endividamento, a promessa para este ano é que as empresas concentrem esforços na busca de sinergias, melhora operacional e geração de caixa, até para tirar a pressão sobre as suas ações.

Reestruturação interna é o que pode definir o que será o ano de 2012 para as principais empresas de proteínas brasileiras – JBS, Marfrig e Minerva. Pelo menos é o que o mercado espera destas companhias depois de uma série de aquisições, que as levaram a um novo patamar. Ao se depararem com um alto grau de endividamento, a promessa para este ano é que as empresas concentrem esforços na busca de sinergias, melhora operacional e geração de caixa, até para tirar a pressão sobre as suas ações.

“Após as últimas aquisições e desinvestimentos anunciados, a expectativa do mercado deverá manter-se direcionada ao sucesso na integração dos novos ativos, ao nível e velocidade da geração de caixa e consequente desalavancagem das companhias”, declararam os analistas Henrique Koch e Thiago Gramari, do BB Investimentos, em relatório ao mercado.

Os primeiros passos já foram dados no fim do ano passado, mas o mercado ainda se mantém cético com as companhias. “A expressão ´dinheiro é rei´ é provavelmente o que melhor define nossa tese para JBS e Marfrig. Acreditamos que os investidores só se tornarão mais otimista com as empresas diante de claros sinais de geração positiva de fluxo de caixa sustentável e de desalavancagem”, disse o analista do Citigroup, Carlos Albano, em relatório ao mercado. Ele admite que as empresas estejam concentrando suas operações para gerar fluxo de caixa positivo, mas que em 2012 será ainda difícil visualizar essas melhoras. Ele, no entanto, entende que as companhias já deverão apresentar significativos avanços de margem a partir deste ano.

No caso de JBS, segundo Albano, a melhoria deverá vir da Pilgrim´s Pride. “A queda nos preços do milho e recuperação de preços das aves deve reverter as margens negativas”, declarou o analista, em relatório ao mercado. No ano passado, a empresa anunciou reorganizações no Brasil e nos Estados Unidos. Por aqui, a movimentação promete economias ao redor de R$ 200 milhões anualizados. Já nos EUA, a expectativa é de ganhos de US$ 500 milhões, principalmente de sua unidade de frango, a Pilgrim´s Pride, que vem em uma sequência de prejuízos trimestrais. A JBS chegou ao fim do terceiro trimestre com dívida líquida consolidada de R$ 13,654 bilhões e alavancagem de 4,0x.

Para Marfrig, conforme o analista do Citi, o fechamento de algumas unidades, melhores preços de seus produtos e reajuste de mix de vendas já contribuiu para aumentar as margens durante do terceiro trimestre. Desde setembro, a Marfrig começou a se desfazer de ativos que não são foco de seu negócio principal, como a venda da divisão de logística da norte-americana Keystone Foods para a Martin Brower, por US$ 400 milhões, e a transferência para a JSL da gestão de suas operações logísticas no País, com venda de ativos relacionados por R$ 150 milhões e ainda estuda se desfazer um terminal portuário da Seara no Porto de Itajaí (SC). Além disso, assumiu um acordo de permuta com a BRF Brasil Foods para a troca de ativos. Ao fim de setembro, a alavancagem da Marfrig era de 4,04x, com uma dívida líquida de R$ 7,869 bilhões.

O Minerva, por sua vez, se concentrou em ações internas para redução de custos e dívida. O frigorífico encerrou o terceiro trimestre com uma relação dívida líquida e Ebitda de 3,88x, com um total de endividamento líquido de R$ 1,251 bilhão. Os especialistas consultados aguardam melhorias de margens por meio da maturação dos investimentos em crescimento orgânico. O cenário favorável para a pecuária brasileira – com menores preços do gado – também beneficiará a companhia.

“Embora a nossa projeção da dívida líquida permanece essencialmente estável para 2012 (já que assumimos um refinanciamento da dívida de curto prazo), prevemos uma melhora de quase 22% em relação ao grau de endividamento da companhia atual e para o fim de 2012, por conta de um crescimento de Ebitda”, disseram os analistas do Deutsche Bank, Rebeca Sanchez Sarmiento e Jose Yordan, em relatório ao mercado.

Dentro do contexto de “arrumar a casa”, o discurso das gestões de todas as companhias do setor é o mesmo: não é hora de ir às compras. A exceção fica por conta da BRF Brasil Foods que deverá fazer o movimento inverso, após a aprovação da fusão entre Perdigão e Sadia pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, principalmente em aquisições no exterior.

De acordo com o diretor executivo de Estratégia Corporativa e Relações com Investidores da Marfrig, Ricardo Florence, o momento é de “tirar partido de todas as portas de entradas que a companhia realizou nos últimos anos”, com a melhora da eficiência de todas as suas operações. Para o diretor Financeiro do Minerva, Edison Ticle, aquisições só serão feitas caso não comprometam o processo de desalavancagem da companhia. “O que fizemos, como a compra do frigorífico Pul no Uruguai, fez sentido e agregou valor aos nossos acionistas”, disse.

Já o presidente da JBS, Wesley Batista, informou que 2012/2013 será um período para a empresa pensar em como capturar mais as sinergias das integrações recentes. “Não esperamos um movimento forte de fusões e aquisições para Marfrig ou JBS em 2012, mas esse assunto está sempre em ´risco´ por causa dos seus históricos de crescimento inorgânico”, ressaltou Albano, do Citigroup.

Fonte: Agência Estado, adaptada pela Equipe BeefPoint.

0 Comments

  1. Evándro d. Sàmtos. disse:

    A reestruturação dos grandes,levará de cambão todos demais.

    Acabou o tempo em que se amarrava cachorro com lingüiça,a coisa agora é para valer!

    As empresas e os empresários precisam começar a entender mais e melhor,sobre giro de estoques e por conseqüência financeiro.Bem como também,a indústria terá que ser mais efetiva,em se tratando de métodos,processos e normatizações.

    Os empresários e os comerciais terão que,obrigatoriamente,abrir suas cabeças e entender que é necessário agregar valores,tais como: marketing /Marca,monetários,de comprometimentos éticos,de valores morais e comerciais transparentes,e profissionalizados.

    Acabam,desta forma,os feudos,e os ditos senhores feudais,agora é preciso ser profissional e capaz .

    O empresário,assim como diz o ditado:”é o olho do dono que engorda o boi” (porém não ao pé da letra,mas com nova leitura),precisa não somente olhar,mas apear o cavalo,ir olhar as cercas,se tem cobras em seus patos,se os animais estão devidamente vacinados,se o crescimento e conformação estão a contento,se tem água de fácil acesso para todo o plantel,se o índice de natalidade esta adequado ao que ele precisa entre nascimentos de fêmeas e machos….transfiramos isto tudo para o dono de frigorífico.Digo então,que estes precisam passar a ser além de empresários empreendedores,também executivos,senhores ativos,participativos e absolutamente comprometidos com o seus negócios.

    Como já afirmei antes,aqui mesmo em cinco anos o mercado muda de ponta cabeça,e só faltam mais quatro anos para a total revolução.

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.

  2. Louis Pascal de Geer disse:

    Será que vão reestruturar os processos industriais tambem?

    Será que vão redescobrir o que se pode fazer com extratos especiais de carne?

    Será que vão acordar para o potencial do vapor na conservação e qualidade dos produtos?

    Será que vão investir na Pesquisa e Desenvolvimento?

    Será que vão aprender de fazer mais e melhor com menos?

    Boa Sorte e Inspiração para 2012!

  3. Evándro d. Sàmtos. disse:

    É senhor Louis…,

    Sabias as suas palavras e indagações,mas não os vejo deixar de atentaren-se a tudo ao que o senhor os indica,e muito mais….não há mais espaços comerciais para os incompetentes,e nem mesmo os milagres financeiros de outrora.

    Agora só tem uma saída,fazer acontecer (lucratividade,sustentabilidade,longevidade,…) com o que se tem.Sabedores disto são os recuperando em geral,e demais,creio.

    O tempo senhor de tudo,até mesmo de vaidades,arrogâncias e inoperâncias vans….e senhor absoluto da razão e daqueles que respeitam a simples e indiscutível razoabilidade da matemática.Que alias,diga-se de passagem,é igual para todos.

    Observamos a todo o momento que dinheiro não leva desaforos…,nem tão pouco os consumidores agüentam mais produtos sem ética alguma,e preços abusivos nos balcões das grandes redes.E sabemos que isto ocorre,em parte,porque as indústrias aceitam ser manipuladas pelos “descontos financeiros (ou de fidelidade,se preferirem)” que chegam a 22%.

    Caminhemos,nossa estória somente começou a mudar,ainda nos faltam muito passos,e muito amadurecimento…mas caminhamos…

    Saudações,

    EVÁNDRO D. SÀMTOS.