Depois do Friboi, o Grupo Bertin, com abate diário de sete mil cabeças de gado, também redireciona a produção para outras unidades do país. A planta de Mozarlândia é a primeira da lista de cinco estados (Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Bahia e Pará) que suprirão o déficit econômico gerado pelo foco de febre aftosa no Mato Grosso do Sul. O reordenamento sinaliza mais um reflexo positivo para Goiás ante a crise econômica que abate o país, em virtude dos embargos comerciais de carne bovina da região diretamente afetada, do Paraná e de São Paulo.
A empresa não revela a forma como será conduzido o redirecionamento e os benefícios diretos que o aumento da produção goiana terá para o estado. Dentro do novo eixo norteador adotado pelo frigorífico, Goiás, como as outras plantas, aumentará a fabricação de carne industrializada com valor agregado para o mercado internacional. A produção nacional ficará em Naviarí (MS). Essa e Lins (SP) tiveram redução de 50% no abate.
Os investimentos estão apenas começando a fluir em Goiás, segundo o secretário da Agricultura, Roberto Balestra. O remanejamento da Friboi e, agora, a reordenação do Bertin são, segundo ele, a confirmação de que as autoridades goianas estavam certas quando demonstraram otimismo diante da crise da aftosa que assolou o país. O secretário estima que até a próxima semana outros grandes frigoríficos se manifestem quanto à transferência da produção para Goiás.
“Comercialmente entendo que o estado será válvula de escape dos prejuízos acarretados pelo veto à exportação de algumas partes do país. A qualidade da carne goiana é reconhecida internacionalmente. Essa credibilidade incentivará a vinda de mais investimentos no setor agropecuário para Goiás”, avaliou.
A oportunidade de angariar novos mercados internacionais é avaliada como única. Balestra reiterou que os frigoríficos começaram a descobrir o filão. O interesse pelo estado deve ser gradativo. “É a hora certa de zelar dos compradores e usar a boa visibilidade em âmbito internacional para atrair novos clientes. Talvez essa seja uma das melhores oportunidades para Goiás ampliar de forma significativa a carteira de compradores”, considerou.
O entusiasmo com os reflexos positivos é tamanho, que Balestra envolve-se com afinco na organização de reunião com frigoríficos. A idéia é expor aos empresários as boas perspectivas econômicas para o ramo. O encontro ainda não foi realizado por problemas de agenda. “A maior parte dos empresários está viajando para o exterior em busca de mercado, mas na primeira oportunidade haverá esboço de todas vantagens de investimento em Goiás”, avisou.
A falta de diretrizes concretas do remanejamento nacional que refletirá de forma positiva em Goiás deve-se, segundo o Bertin, à incerteza econômica em relação à agroindústria. “O cenário para o setor ainda é muito incerto. Preferimos agir com cautela. Vamos analisar os movimentos do mercado, tomar todas as precauções possíveis, orientar e ajudar nossos parceiros e clientes, e esperar que tudo se normalize rapidamente”, afirmou o gerente de exportação, Marco Bicchieri.
Fonte: Diário da Manhã/GO (por Giselle Vanessa Carvalho), adaptado por Equipe BeefPoint